terça-feira, 1 de junho de 2010

Que saudades de Carlos Cruz!

Heduíno Gomes
Que saudades de ver Carlos Cruz na televisão!
Que saudades de tê-lo como director de programas bandalhos!
Que saudades de tê-lo a ele próprio como apresentador de alguns desses programas bandalhos!
Entrevistado por Henrique Garcia, eis que apareceu agora na TVI com a sua já conhecida vozinha pos-processo, cheia de tremeliques a inspirar piedade. Mas desta vez não chorou.
Henrique Garcia portou-se à altura. Apesar de ser comum entre jornalistas e pessoal das televisões o espírito corporativista (não se pode tocar em nenhuma dessas donzelas), Henrique Garcia, com perguntas fulminantes, arrumou o ex-colega (salvo-seja!) a um canto. Aquele tipo que, nesta terra sem ordem, fazia do serviço público o que lhe apetecia, como rei e senhor, revelou aí toda a sua fragilidade. Até se ficou a saber que se tentou agarrar a Eanes para se safar. No decurso da sua conversa fiada, ficámos igualmente a saber outras coisas interessantes. Vejamos algumas.
«Eu era uma pessoa credível.» Talvez. Mas no conceito de quem? Que credibilidade moral merecia realmente um director de programas bandalhos?
Aprecia os «valores». Que valores? Aqueles que Sócrates agora concretizou em lei, «casando» os invertidos? Este e outros tais, a propósito, também falam em «valores» e «civilização». Pois foi o senhor Carlos Cruz -- entre outros, como Soares Louro, Maria Elisa, Júlio Isidro ou Manuel Falcão -- que preparou o terreno ideológico para se chegar onde se chegou quanto a valores.
«O processo Casa Pia é uma grande mentira.» Ficamos sem saber se diz isso por ter réus a mais ou a menos. Será que alguns outros também deveriam lá estar sentados no banquinho? Parece que sim...
Teresa Costa Macedo «é uma mulher perigosa.» Pois é, para os pedófilos. Tendo o pelouro da Casa Pia enquanto Secretária de Estado, tratou de pespegar tudo na Polícia Judiciária. Mas, coitada, teve de esperar mais de 20 anos para ver alguns resultados (por acaso,eu, sabendo de alguns episódios desde 1984, esperei menos anos: só 19).
«O Paulo Pedroso não foi pronunciado e eu fui, acusado pelos mesmos rapazes.» Pois é, Carlinhos esperto, o Paulo Poderoso não foi incriminado não pela negação dos factos mas por erros técnicos processuais... Se assim é, é pena! Azar o nosso!
E a ex-mulher do gajo, Marluce, essa peça que tinha um negócio especial e fugiu para o Brasil por causa da injustiça portuguesa?!
E o secretário do gajo, Carlos Mota, «um senhor» segundo as suas próprias palavras, essa peça que também fugiu?!
Conclusão: o processo Casa Pia é uma tramóia, os polícias são todos uns incompetentes e mentirosos, os juizes uns sádicos e patetas, e a vítima é o gajo!
Enfim, apenas a assinalar, depois da indecente sabotagem do julgamento com a apresentação de milhares de testemunhas de nada, para empatar, a indecente pressão que os advogados de defesa têm vindo a exercer sobre o tribunal à medida que se aproxima o dia da leitura da sentença.
Pode ver toda a entrevista em:



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