sexta-feira, 15 de abril de 2011

«Um Compromisso Nacional» ou uma salada nacional?

Heduíno Gomes
Várias personalidades mediáticas assinaram um documento pretendendo dar soluções para a crise nacional. O documento é tão vago e abrangente que qualquer responsável por aquilo a que chegámos não hesitaria em assiná-lo. Aí temos 40 a fazê-lo, uns por boas intenções, outros nem por isso. Alguns dos signatários são, eles próprios, responsáveis pela catástrofe. Não incluísse a lista algumas pessoas decentes, embora ingénuas, e poderíamos falar da história de Ali Babá.
No que diz respeito às finanças, vemos alguns membros das federações de interesses que afundaram Portugal, como a cavaquista, co-responsável pelo monstro, a lamentar a situação. Curioso, não é? Quem liquidou a agricultura e as pescas? Quem tem sucessivamente agravado o défice? A verdade é esta: na III República, excepto Mário Soares (quer se goste ou não, quer se seja socialista ou não) e Carlos Mota Pinto, que fizeram de sapadores dos buracos de Vasco Gonçalves e da AD, todos os outros contribuíram para a desgraça. Já alguém ouviu esses signatários ex-desgovernantes ou apoiantes da desgovernação da III República, portanto co-responsáveis, reconhecer os seus erros? Gostaríamos de ouvi-los. E já agora, a talho de foice, falando de fundos e rigor financeiro, gostaríamos também que o signatário Eanes (o tal que foi eleito contra o PCP e reeleito com os votos do PCP e simpatia dos soviéticos em plena guerra fria) esclarecesse o destino do Fundo de Defesa do Ultramar. Para que a sua esfíngica imagem continue imaculada aos olhos do pagode.
«Compromisso Nacional» com este pessoal, não, obrigado! Ruptura.
No que diz respeito aos valores morais, vemos que entre os signatários do documento se encontram acérrimos militantes da sua degradação. Por exemplo, que fará o anarco-liberal e advogado da decadência Boaventura Sousa Santos entre gente que diz pretender salvar Portugal? Ou o «aberto» e sonso António Barreto, autor de programas televisivos e editor de livros modernaços até mesmo defendendo a degradação moral e o actual domínio dos invertidos na vida nacional? Que farão defensores da decadência entre gente que pretende reerguer Portugal? Acreditarão porventura os de boa fé e minimamente lúcidos haver ressurgimento económico e financeiro sem ressurgimento moral? Que fazer então em comum, misturando-se com os militantes da decadência?
«Compromisso Nacional» com este pessoal, não, obrigado! Ruptura.
No que diz respeito à clareza política – essencial a qualquer solução política válida –, como será ela possível com tanta biodiversidade? Será que esses 40 estarão de acordo nas medidas políticas essenciais a tomar para Portugal sair da crise? Que farão entre os salvadores de Portugal os persistentemente adeptos de fórmulas e doutrinas contrárias a Portugal e a qualquer país? É que nem falta no rol biodiverso o camarada «pai da constituição» que enquadra a nossa desgraça, o venerável Canotilho, sempre convidado a opinar cada vez que alguma alternativa política possa, mesmo que timidamente, alvitrar algum desvio aos «ideais de Abril»! É a cereja constitucional no cimo do bolo abrilista!
«Compromisso Nacional» com este pessoal, não, obrigado! Ruptura.
O caminho certo não é este, sem qualquer dúvida. O caminho certo só pode ser o de constituir um núcleo que produza uma doutrina realista e clara para Portugal, de ruptura com a III República, e desenvolva a partir daí uma acção política coerente, contemplando a economia e finanças, a educação, a moral e a família. Fora disso é mais do mesmo, é apenas oportunidade de alguns se promoverem aparecendo em listas de sábios. Para reconstruir Portugal tem de haver alicerces.
Resta referir as boas intenções de alguns dos signatários: esperemos que a sua ingenuidade se transforme rapidamente em consciência. Porque entretanto vão inconscientemente sendo úteis ao adiamento de Portugal.

A solução:



Não será melhor alguém passar lá em casa
a ver se está tudo bem?

(Anónimo)
A crise política começou e Cavaco não disse nada.
O Sócrates ameaçou demitir-se e Cavaco nada disse.
O Sócrates demitiu-se mesmo e Cavaco continua sem nada dizer.
Pergunto eu, não será melhor alguém passar lá em casa a ver se está tudo bem? Nos dias de hoje todo o cuidado é pouco com idosos sozinhos em casa.