sábado, 22 de maio de 2010

Azamboado

Nuno Serras Pereira

Eu não só estou banzado como mesmo azoinado com as declarações do Presidente da Conferência Episcopal, à Rádio Renascença[1], sobre a promulgação da “lei” injusta do pseudo-casamento de varões com varões e de mulheres com mulheres. E estou-o, fundamentalmente, por três razões.

A primeira é pela interpretação sobre o motivo subjectivo (falta de coragem ou cobardia) do presidente da república. Estou em que ao falar como Presidente da Conferência Episcopal não lhe competia tal apreciação. Deveria isso sim explicar porque é que tal promulgação é injusta e as razões pelas quais um católico não a podia (moralmente) fazer, advertindo para as consequências morais que tal acto tem no próprio e poderá ter no seu destino eterno; acresce que importava que esclarece os católicos, e todos quantos quisessem ouvir, sobre a insustentabilidade da tese do dualismo ético que o presidente invocou (ética da convicção versus ética da responsabilidade) para justificar o seu proceder.
A segunda é a afirmação é a de que a Igreja deve respeitar a decisão e adaptar-se de modo a viver com ela. Daqui parece só se poder concluir que o Arcebispo de Braga e Presidente da Conferência Episcopal convida os fiéis a respeitar e, portanto, acatar uma “lei” gravemente injusta. Ora isto é exactamente o contrário do que a Sagrada Escritura, a Tradição e a Doutrina do Magistério da Igreja sempre ensinaram. Se há coisa que o cristão não pode respeitar e à qual não se pode adaptar é à iniquidade, à impiedade, à injustiça. Pelo contrário deve combatê-las com todas as suas forças, nunca se conformar com elas, recorrer à objecção de consciência e se necessário à desobediência civil, pois “importa mais obedecer a Deus que aos homens”. Faria melhor o Senhor D. Jorge Ortiga, bem como a Conferência Episcopal, em alertar os fiéis para isso mesmo alumiando em particular aqueles que serão mais expostos a circunstâncias de possibilidade de cooperação com o mal.
A terceira, finalmente, é a asseveração, insistente, com que o Episcopado português proclama aos quatro ventos que a Igreja não discrimina ninguém, agora reiterada pelo seu Presidente.

Eu confesso que nunca esperaria a passagem de um atestado de idiotia ou imbecilidade à Igreja por parte de Bispos da mesma. Enquanto a mim, claro que poderei estar enganado, roça a blasfémia. Ai da Igreja se não discriminasse!, pois isso significaria que não era dotada de razão nem iluminada e guiada pelo Espírito Santo! Discriminar significa diferenciar, distinguir, discernir, coisas que Graças a Deus a Igreja faz e continuará a fazer pelos séculos dos séculos. Também pode significar separar, especificar e ainda apartar-se e tudo isto também faz, sempre fez e fará parte da vida da Igreja. A discriminação é irrenunciável. O que a Igreja não pode é discriminar injustamente. Isso sim seria um pecado inadmissível. Não é por acaso que o documento, da Sagrada Congregação para a Doutrina da Fé, intitulado “Some Considerations Concerning the Response to Legislative Proposals on Non-discrimination of Homosexual Persons”[2] ensina expressamente (II, 11) que “existem âmbitos nos quais não se dá injusta discriminação ao ter em conta a tendência sexual”, dando depois alguns exemplos. Reconhece, assim, que existe uma discriminação mas que ela é justa.

Mais adiante, número 22, adianta que “a Igreja tem a responsabilidade de promover a vida da família e a moralidade pública da inteira sociedade civil baseando-se nos valores morais fundamentais, e não somente a de proteger-se a si mesma da aplicação de leis perniciosas”.

É certo que hoje no linguajar geral se tende a identificar automaticamente discriminação com injustiça, mas essa é a meu ver uma emboscada fatal da qual a Igreja se deve precaver.
21. 05. 2010
------------

[2] CDF, Alcune considerazioni concernenti la Risposta a proposte di legge sulla non discriminazione delle persone omosessuali (Some Considerations Concerning the Response to Legislative Proposals on Non-discrimination of Homosexual Persons), 23 luglio 1992
DeS 11 (1995)
OR 24.7.1992, 4; EV 13, 992-997; LE 5479; Dokumenty, II, 31
 
 

sexta-feira, 21 de maio de 2010

A Rádio Renascença denunciou Cavaco

Nota de abertura da RR sobre a promulgação da lei do casamento entre invertidos por Cavaco.
Se o Presidente da República considera irrelevante o poder de veto que a Constituição lhe confere, mais valia dele prescindir, porque o risco de uma maioria confirmar uma lei que o Presidente vetou existe sempre. Cabe perguntar: a partir de agora não teremos vetos presidenciais ou o Presidente Cavaco Silva só vetará um diploma quando tiver a certeza de não ser contrariado?
Quanto à situação económica, o Presidente sugere que um veto sobre o casamento entre pessoas do mesmo sexo seria pretexto para não combater a crise; e chega a invocar a ética da responsabilidade política para justificar a sua decisão.
Mas dos argumentos presidenciais, resulta exactamente o contrário: a crise é que surge como um triste pretexto para não vetar o casamento de pessoas do mesmo sexo. Alguém acredita que agora, com esta promulgação, a crise será melhor combatida? E o que fará o Presidente se a crise piorar, apesar da promulgação desta lei? Até onde irá, nessa circunstância, a sua ética da responsabilidade?
Como toda a gente sabe, e o Presidente melhor que ninguém, a crise é antiga, estrutural; e se não foi melhor combatida a outros motivos se deve; muitos, aliás, o têm dito: antes de ser económica, é uma profundíssima crise de valores e de convicções que chega às elites e fragiliza as lideranças.
Sem mudar estilos de vida e de liderança, Portugal não sairá da situação em que se encontra neste momento.
O mero calculismo político nunca resolve crises; pelo contrário, só as agrava.






O Papa que não sorria

Fernando Madrinha, Expresso, 15 de Maio de 2010








 



Frase do dia


Diz-se que Luís Campos e Cunha, ex-Ministro das Finanças, disse:
«Não sei para que é que querem gastar dinheiro no TGV quando poderiam perfeitamente oferecer um Porsche a cada português"».
Ficava mais barato.







Preocupações dos angolanos


[Texto recebido não identificado]

Caros amigos,
Os angolanos devem começar a reflectir sobre o que se diz na Europa e noutras paragens do mundo dos governantes angolanos.
As questões que se levantam são: de onde provém a tal cleptocracia mundial? Quem protege os cleptocratas? E quem alimenta a cleptocracia?
Reflictamos todos. Os meus amigos europeus a quem envio esta mensagem ajudem-me a compreender:
Será isso um problema da África ou de consciência dos africanos?
Como os europeus encaram estes factos?
A minha preocupação não se coloca em relação à realidade ou não dos factos, porque a realidade pode ser muito mais assustadora. A minha preocupação tem a ver com o tipo de relações internacionais que se estabelecem entre os Estados, entre as pessoas dos diferentes Estados, a moral destas quando os governantes dos seus países são acusados de corrupção, e de outras acções ilícitas eivadas de promiscuidade com a conivência deste ou daquele país ou daquele governante locupletador. Será possível falar-se em política e moral no mesmo sentido realístico da palavra? Será que existem palavras que por mais ofensivas que sejam não ferem o bom nome das pessoas? Ou será que nem sempre quem cala consente? E quando é que nós saberemos que calar não é consentir?
Abraço a todos.
Para teu conhecimento, saiba que está a circular pela internet essa informação. A mensagem que me foi enviada não continha a fonte nem o período da ocorrência.


Suíça ameaça cleptocracia mundial
Bloqueados 100 milhões de dólares do presidente angolano

Há dez anos que os tribunais suíços iniciaram um longo processo para bloquear os fundos depositados nos seus bancos por ditadores e políticos corruptos de todo o mundo, cujas fortunas, por vezes colossais, foram obtidas através da espoliação de bens públicos pertencentes aos povos que governam, usando para tal os mais diversos expedientes de branqueamento de capitais. O processo começou em 1986 com a devolução às Filipinas de 683 milhões de dólares roubados por Ferdinando Marcos, bem como a retenção dos restantes 356 milhões que constavam das suas contas bancárias naquele país. Prosseguiu depois com o bloqueamento das contas de Mobutu e Benazir Bhutto. Mais tarde, em 1995, viria a devolução de 1236 milhões de euros aos herdeiros das vítimas judias do nazismo. Com a melhoria dos instrumentos legais de luta contra o branqueamento de capitais, conseguida em 2003 (também em nome da luta contra o terrorismo), os processos têm vindo a acelerar-se, com resultados evidentes: 700 milhões de dólares roubados pelo ex-ditador Sani Abacha são entregues à Nigéria em 2005; dos 107 milhões de dólares depositados em contas suíças pelo chefe da polícia secreta de Fujimori, Vladimiro Montesinos, 77 milhões já regressaram ao Peru e 30 milhões estão bloqueados; os 7,7 milhões de dólares que Mobutu depositara em bancos suíços estão a caminho do Zaire; maisrecentemente, foram bloqueadas as contas do presidente angolano José Eduardo dos Santos, no montante de 100 milhões de dólares. É caso para dizer que os cleptocratas deste mundo vão começar a ter que pensar duas vezes antes de espoliarem os respectivos povos. É certo que há mais paraísos fiscais no planeta, mas também é provável que o exemplo suíço contagie pelo menos a totalidade dos off-shores sedeados em território da União Europeia, diminuindo assim drasticamente o espaço de manobra destas pandilhas de malfeitores governamentais.
No caso que suscitou este texto, o bloqueamento de 100 milhões de dólares depositados em contas de José Eduardo dos Santos, presidente de Angola há 27 anos, pergunta-se: que fez ele para se tornar o 10.º homem mais rico do planeta (segundo a revista Forbes)? Trabalhou em quê para reunir uma fortuna calculada em 19,6 mil milhões de dólares?
Usou-se o poder para espoliar as riquezas do povo que governa, deixando-o a viver com menos de dois dólares diários, que devem fazer os países democráticos perante tamanho crime de lesa humanidade? Olhar para o outro lado, em nome do apetite energético? Que autoridade terá, se o fizerem, para condenar as demais ditaduras e estados falhados?
Olhar para o outro lado, neste caso, não significa colaborar objectivamente com a sobre-exploração indigna do povo angolano e a manutenção de um status quo antidemocrático e corrupto que apenas serve para submeter a esmagadora maioria dos angolanos a uma espécie de domínio tribal não declarado?





Mourinho além futebol


[ Nas partes de pequenos caracteres em que não consiga ler,
clique na imagem para ampliar. ]











Cavaco, O Promulgador

Miguel Alvim, O Inimputável



Até ao homicídio maçónico do Rei D. Carlos e do Príncipe D. Luís Filipe no Terreiro do Paço, crime horroroso de que nasceu a República que agora faz os 100 anos de má memória que os descendentes dos assassinos festejam, os Reis de Portugal tinham cognome.
Alguns inesquecíveis, como por exemplo O Venturoso (D. Manuel I), O de boa Memória (D. João I), o Príncipe Perfeito (D. João II).
Agora, pelos vistos os putativos sucessores dos Reis de Portugal, presidentes mal eleitos, parece que também merecem ser cognomizados pelo povo.
Cavaco Silva, de certeza, com a desastrada comunicação do dia de ontem.
Fica o Promulgador.
E não é por bem.
É por mal.
Do crime do aborto, ao divórcio “à façon”, a rematar com o dito e miserável “casamento” homossexual, ele promulga tudo.
Promulga quanto houver para promulgar, como as ventoinhas, sempre a dar às pás.
Um verdadeiro desastre, a somar ao desastre governativo.
Estamos a precisar urgentemente de um novo D. Pedro.
O Cru.
Para que faça urgentemente justiça.