Giulio Meotti, Gatestone, 7 de Novembro de 2017
Original em inglês: Europe's New Official History Erases Christianity, Promotes Islam
Tradução: Joseph Skilnik
- «Os patronos da falsa Europa estão enfeitiçados com superstições do inexorável progresso. Acreditam que a História está do lado deles e esta convicção torna-os altivos e desdenhosos, incapazes de reconhecerem as impropriedades do mundo pós-nacional e pós-cultural que estão concebendo.» — A Declaração de Paris, assinada por dez respeitados estudiosos europeus.
- A proposta do ministro do Interior da Alemanha «de Maizière» de introduzir feriados oficiais muçulmanos mostra que, quando o assunto é Islão, «o secularismo oficial pós-cristão» está simplesmente engessado.
«Os patronos da falsa Europa estão enfeitiçados com superstições do inexorável progresso. Acreditam que a História está do lado deles e esta convicção torna-os altivos e desdenhosos, incapazes de reconhecerem as impropriedades do mundo pós-nacional e pós-cultural que estão concebendo. Além disso, são ignorantes no tocante às verdadeiras origens da decência misericordiosa que eles próprios tanto estimam, assim como nós também estimamos. Ignoram, até mesmo repudiam as raízes cristãs da Europa. Ao mesmo tempo, tomam o maior cuidado para não ofenderem as susceptibilidades dos muçulmanos, que eles imaginam irão adoptar entusiasticamente a sua visão secular e multicultural de mundo».
Em 2007, reflectindo sobre a crise cultural do velho mundo, o Papa Bento XVI disse que a Europa está «duvidando da sua própria identidade». Em 2017 a Europa deu mais um passo: criou uma identidade pós-cristã, pró-Islão. Os edifícios governamentais e exposições oficiais da Europa estão efectivamente a apagar o cristianismo e a acolher o islamismo.
Uma espécie de museu oficial foi recentemente inaugurado pelo Parlamento Europeu: «Casa da História Europeia», no valor de 56 milhões de euros. A ideia era criar uma narrativa histórica do pós-guerra em torno da mensagem pró-UE de unificação. O edifício é um belíssimo exemplo de Art Deco em Bruxelas. Conforme realçou o estudioso holandês Arnold Huijgen, o casarão é culturalmente «vazio»:
«A Revolução Francesa parece ser o lugar onde a Europa nasceu, há pouco espaço para qualquer outra coisa que possa tê-la precedido. Ao Código Napoleónico e à filosofia de Karl Marx está reservado um lugar de destaque, enquanto a escravidão e o colonialismo são destacados como o lado mais negro da cultura europeia (...) O que mais impressiona na exibição do museu é que a narrativa não menciona nada sobre a religião, é como se não existisse. Na verdade, nunca existiu e nunca impactou a história da Europa (...) O secularismo europeu não luta mais com a religião cristã, simplesmente ignora todo e qualquer aspecto religioso da vida».
A burocracia em Bruxelas chegou ao ponto de apagar as raízes católicas da sua bandeira oficial, as doze estrelas que simbolizam o ideal de unidade, solidariedade e harmonia entre os povos da Europa. Ela foi concebida pelo designer francês, católico, Arséne Heitz, que ao que tudo indica, se inspirou na iconografia cristã da Virgem Maria. Mas a explicação oficial da União Europeia sobre a bandeira não menciona essas raízes cristãs.
O Departamento Monetário e Económico da Comissão Europeia determinou que a Eslováquia redesenhasse as suas moedas comemorativas, eliminando os santos cristãos Cirilo e Metódio. Não existe nenhuma referência ao cristianismo nas 75 mil palavras constantes no rascunho, cancelado, da Constituição Europeia.
O ministro do Interior da Alemanha, Thomas de Maizière, do Partido Democrata Cristão de Angela Merkel, sugeriu recentemente introduzir feriados oficiais muçulmanos. «Em lugares onde há muitos muçulmanos, porque não pensar em introduzir um feriado oficial muçulmano?», salientou ele.
«A proposta está a avançar» respondeu Erika Steinbach, influente ex-presidente da Federação dos Desterrados – alemães expulsos de diversos países da Europa Oriental durante e após a Segunda Guerra Mundial.
Beatrix von Storch, líder política do partido Alternativa para a Alemanha (AfD), acaba de tuitar: «NÃO! NÃO! NÃO!»
A proposta de «de Maizière» mostra que quando o assunto é o Islão, o secularismo oficial «pós-cristão» está simplesmente engessado.
Há poucas semanas, a exposição financiada pela União Europeia: «Islão. Também é a nossa história!», foi apresentada em Bruxelas. A exposição mostra o impacto do Islão na Europa. O anúncio oficial sustenta que:
«A evidência histórica apresentada pela exposição, a realidade de uma presença muçulmana antiga na Europa e a complexa interacção de duas civilizações que lutaram uma contra a outra mas que também se entrelaçaram, sustenta um empreendimento educacional e político: ajudar os muçulmanos europeus e não muçulmanos a compreenderem melhor as raízes culturais que têm em comum e cultivar a cidadania que também têm em comum».
Isabelle Benoit, historiadora que ajudou a projectar a exposição, salientou à AP: «queremos deixar claro aos europeus que o Islão faz parte da civilização europeia, que o Islão não é nada novo e que tem raízes que remontam há XIII séculos».
O establishment oficial europeu voltou as costas ao cristianismo. Parece desconhecer até que ponto o velho mundo e o seu povo ainda dependem da orientação moral dos seus valores humanitários, especialmente quando o Islão radical lança uma ameaça civilizacional ao Ocidente. «É como se um pacote tentasse preencher um ‘vazio’», salientou Ernesto Galli della Loggia no jornal italiano Il Corriere della Sera.
«É impossível ignorar que por trás do pacote há duas grandes tradições teológicas e políticas: a da ortodoxia Russa e a do Islão, enquanto por trás do «vazio» há apenas o enfraquecimento da consciência cristã do Ocidente europeu».
É por esta razão que é tão difícil entender a «lógica» que está por trás da animosidade europeia oficial em relação ao cristianismo e a sua atracção por um Islão fundamentalmente totalitário. A Europa poderia facilmente ser secular sem ser militantemente anticristã. É mais fácil entender a razão dos milhares de polacos que acabam de participar numa manifestação em massa ao longo das fronteiras da Polónia para expressar a sua oposição à «secularização e a influência do Islão», que é exactamente a linha oficial da UE.
Durante a Segunda Guerra Mundial os Aliados evitaram bombardear Bruxelas porque ela deveria ser o local do renascimento europeu. Se a elite europeia continuar com este repúdio cultural da sua cultura judaica\cristã\humanista, a cidade poderá vir a ser a sua sepultura.