sexta-feira, 16 de fevereiro de 2018

Carta aberta a Rui Rio



Caro companheiro Rui Rio,

Acabaste de ser eleito Presidente da Comissão Política Nacional do PPD numa eleição em que grande parte dos militantes votou num dos candidatos para que o outro não ganhasse, sendo que muitos deles nem isso fizeram.

Calhou-te a ti o brinde ou a fava, segundo o ponto de vista.

É bom que a consciência desta realidade te acompanhe durante o teu mandato para gerires da melhor maneira os destinos do Partido.

Nós, reunidos no movimento de reflexão Portugal Laranja, — em que participam quer daqueles que votaram em ti, quer no outro candidato, ou em nenhum, apenas em função de apreciações meramente subjectivas face ao que julgaram ser mais conveniente para o que todos queremos para o PPD e para Portugal — move-nos a defesa do conjunto de valores e políticas que reputamos de essenciais para o bem-estar dos Portugueses.

Não nos move, portanto, a obediência a qualquer grupo de interesses, de políticas indefinidas, alinhamentos erráticos ao sabor dos egos, guerras antinacionais Norte-Sul, tudo sempre ignorando os superiores interesses de Portugal e dos Portugueses.

Sim, frontalmente, nós pretendemos interpretar as consciências caladas de dezenas de milhares de militantes e de milhões de eleitores do Partido, sempre esperançados nas mudanças para bem do País mas sistematicamente frustrados com aquilo que se tem resumido a uma dança de cadeiras.

Não nos ocupamos neste momento da táctica do Partido face ao inimigo, que é a esquerda, nesta ou naquela circunstância política. A táctica é para ser avaliada na circunstância.

Tão-pouco é agora a estratégia que tem a prioridade das nossas preocupações. Ela só pode ser definida depois de se definir o modelo de sociedade que se quer, com os seus próprios valores.

O que nos preocupa sumamente neste momento é precisamente o que qualquer dirigente do Partido possa querer como modelo de sociedade, isto é, que valores defende ou atropela.

Nós, militantes reunidos no movimento de reflexão Portugal Laranja, expressamos a nossa inequívoca defesa dos princípios e objectivos políticos que entendemos que o Partido deveria procurar independentemente das conjunturas que passam e das direcções efémeras que desfilam. Eis os princípios que nos norteiam e objectivos que prosseguimos. Cá dentro e lá fora.

1 — Valores da Civilização — Defendemos a Civilização europeia e a sua matriz ética, a vida humana desde a concepção até à morte natural, a família natural como única forma de família, a moral pública e o bem comum.

2 — Portugal na Europa e no mundo — Queremos uma Europa de identidade europeia, de cultura europeia e das nações europeias e a integração de Portugal nesse espaço e nas alianças ocidentais, salvaguardando sempre a nossa independência política, cultura, língua, identidade, tradições e economia, e em união com a diáspora portuguesa.

3 — Natureza do Estado — Opomo-nos ao socialismo e ao liberalismo, defendemos o Estado forte, independente de capelinhas e baronatos regionalistas, financeiros ou outros, o Estado regulador, nomeadamente na moral e na economia, bem dimensionado para as suas funções, firme e decidido e agente da moral pública e da ordem pública.

4 — Papel do Estado  — Defendemos o Estado claramente assumido como superior protector da Civilização, da Nação e do bem comum.

Pensamos ainda que o Partido deve tomar seriamente como sua tarefa a formação dos seus militantes para que estejam à altura de agir na política com rigor e eficácia a defender estes valores.

São, no fundo, estas as preocupações da larga maioria dos militantes. Por estes princípios e objectivos nos batemos.

Podes, pois, contar com a nossa total disponibilidade para defender estas políticas e nunca o seu contrário, não aquilo que conduziu às mordomias, ao marasmo económico, à degradação da educação, à crise moral, ao suicídio demográfico, ao abastardamento da língua, à perda da independência nacional.


Lisboa, 15 de Fevereiro de 2018

A Comissão Coordenadora de Portugal Laranja