Caro companheiro Rui Rio,
Acabaste de ser eleito Presidente da Comissão Política Nacional do PPD numa eleição em que grande parte dos militantes votou num dos candidatos para que o outro não ganhasse, sendo que muitos deles nem isso fizeram.
Calhou-te a ti o brinde ou a fava, segundo o ponto de vista.
É bom que a consciência desta realidade te acompanhe durante o teu mandato para gerires da melhor maneira os destinos do Partido.
Nós, reunidos no movimento de reflexão Portugal Laranja, — em que participam quer daqueles que votaram em ti, quer no outro candidato, ou em nenhum, apenas em função de apreciações meramente subjectivas face ao que julgaram ser mais conveniente para o que todos queremos para o PPD e para Portugal — move-nos a defesa do conjunto de valores e políticas que reputamos de essenciais para o bem-estar dos Portugueses.
Não nos move, portanto, a obediência a qualquer grupo de interesses, de políticas indefinidas, alinhamentos erráticos ao sabor dos egos, guerras antinacionais Norte-Sul, tudo sempre ignorando os superiores interesses de Portugal e dos Portugueses.
Sim, frontalmente, nós pretendemos interpretar as consciências caladas de dezenas de milhares de militantes e de milhões de eleitores do Partido, sempre esperançados nas mudanças para bem do País mas sistematicamente frustrados com aquilo que se tem resumido a uma dança de cadeiras.
Não nos ocupamos neste momento da táctica do Partido face ao inimigo, que é a esquerda, nesta ou naquela circunstância política. A táctica é para ser avaliada na circunstância.
Tão-pouco é agora a estratégia que tem a prioridade das nossas preocupações. Ela só pode ser definida depois de se definir o modelo de sociedade que se quer, com os seus próprios valores.
O que nos preocupa sumamente neste momento é precisamente o que qualquer dirigente do Partido possa querer como modelo de sociedade, isto é, que valores defende ou atropela.
Nós, militantes reunidos no movimento de reflexão Portugal Laranja, expressamos a nossa inequívoca defesa dos princípios e objectivos políticos que entendemos que o Partido deveria procurar independentemente das conjunturas que passam e das direcções efémeras que desfilam. Eis os princípios que nos norteiam e objectivos que prosseguimos. Cá dentro e lá fora.
1 — Valores da Civilização — Defendemos a Civilização europeia e a sua matriz ética, a vida humana desde a concepção até à morte natural, a família natural como única forma de família, a moral pública e o bem comum.
2 — Portugal na Europa e no mundo — Queremos uma Europa de identidade europeia, de cultura europeia e das nações europeias e a integração de Portugal nesse espaço e nas alianças ocidentais, salvaguardando sempre a nossa independência política, cultura, língua, identidade, tradições e economia, e em união com a diáspora portuguesa.
3 — Natureza do Estado — Opomo-nos ao socialismo e ao liberalismo, defendemos o Estado forte, independente de capelinhas e baronatos regionalistas, financeiros ou outros, o Estado regulador, nomeadamente na moral e na economia, bem dimensionado para as suas funções, firme e decidido e agente da moral pública e da ordem pública.
4 — Papel do Estado — Defendemos o Estado claramente assumido como superior protector da Civilização, da Nação e do bem comum.
Pensamos ainda que o Partido deve tomar seriamente como sua tarefa a formação dos seus militantes para que estejam à altura de agir na política com rigor e eficácia a defender estes valores.
São, no fundo, estas as preocupações da larga maioria dos militantes. Por estes princípios e objectivos nos batemos.
Podes, pois, contar com a nossa total disponibilidade para defender estas políticas e nunca o seu contrário, não aquilo que conduziu às mordomias, ao marasmo económico, à degradação da educação, à crise moral, ao suicídio demográfico, ao abastardamento da língua, à perda da independência nacional.
Lisboa, 15 de Fevereiro de 2018
A Comissão Coordenadora de Portugal Laranja