sábado, 17 de novembro de 2012

Rio+20 e a Nova Ordem Mundial (I)


Saulo de Tarso Manriquez

De 13 a 22 de Junho de 2012, o Rio de Janeiro realizou a Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20. Por se tratar de um evento inserido numa agenda que visa transformar a cosmovisão de toda humanidade, fundar uma nova economia e aprofundar a agenda da Nova Ordem Mundial, cabe aos conservadores e às pessoas dotadas de bom senso reflectir sobre o mesmo.
O evento Rio+20 recebe esse nome porque marca os vinte anos da realização da Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, a chamada Rio 1992.

O site da Rio+20 destaca que o evento «deverá contribuir para definir a agenda do desenvolvimento sustentável para as próximas décadas». Mas o que seria o desenvolvimento sustentável?
Até meados de 1960, o desenvolvimento era sinónimo de crescimento económico e industrialização: desenvolvidos eram os países industrializados e subdesenvolvidos aqueles que não possuíam uma actividade industrial significativa ou que apresentavam uma industrialização tardia. A aferição da riqueza e, portanto, do desenvolvimento, não levava em conta a realidade sobre o acesso da população a determinados bens (materiais e culturais), mas dava-se pelo Produto Interno Bruto de um país em relação à sua distribuição abstracta per capita.

A distinção entre o desenvolvimento e o crescimento económico só começou a ganhar corpo com a consolidação da industrialização dos países ricos e com a industrialização, tardia, das nações mais pobres, a partir do qual se desenvolveram estudos – amiúde intoxicados pelo dependentismo e pela ortodoxia marxista – no sentido de comparar as diferenças existentes entre os países de industrialização precoce e os países de industrialização tardia no tocante ao acesso dos pobres a determinados bens materiais e culturais (saúde e educação, etc.).

O tratamento sinonímico entre desenvolvimento e crescimento económico permaneceu até meados da década de 1960.

O subdesenvolvimento passou a ser identificado pela presença das seguintes características: insuficiência de renda per capita anual; subalimentação de parte significativa da população; altas taxas de mortalidade infantil; alto índice de analfabetismo; baixo nível de indicadores que caracterizam a economia moderna (v.g. geração de energia eléctrica, consumo de aço, etc.); falta de líderes [1]; baixos padrões médios de consumo e de qualidade de vida; mau funcionamento das instituições políticas [2].

Em 1990, criou-se, por meio da ONU, um índice que consolidou alguns critérios para a verificação do desenvolvimento: o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH). Desde o IDH, praticamente abandonou-se a ideia de que o desenvolvimento significa somente crescimento económico. O IDH leva em conta três critérios, a saber: educação, renda e longevidade. O IDH não exclui a ideia de crescimento económico, mas passou a tratá-lo como um meio ao serviço do desenvolvimento.

Vale destacar que as variáveis não económicas do desenvolvimento ganharam novo vigor e novos contornos com a obra Development as freedom de Amartya Sen, lançada em 1999. Sen lançou uma nova dimensão sobre as variáveis não económicas, mormente pela construção teórica das liberdades instrumentais. A instrumentalidade da liberdade na obra de Sen faz com que o desenvolvimento seja visto para além do IDH. Sen destaca o papel das instituições e dos direitos humanos, reforçando a ideia de que o desenvolvimento não pode ser reduzido ao crescimento económico, sob pena de se acabar relativizando as instituições democráticas e de se desconsiderar a importância das liberdades e dos direitos civis para o progresso económico [3].

Na concepção de Sen, portanto, o desenvolvimento caracteriza-se por um processo de remoção das fontes de privação de liberdade, tais como a negação das liberdades civis, económicas e políticas por regimes tirânicos, a pobreza extrema, a carência de oportunidades económicas, negligência e (ou) insuficiência dos serviços públicos (v. g. saneamento básico, assistência médica e segurança pública)[4].

O termo «sustentável» por sua vez, decorre do desenvolvimento teórico da ideia de sustentabilidade, a qual implica, segundo José Eli da Veiga, no «duplo imperativo ético de solidariedade sincrónica com a geração actual e de solidariedade diacrónica com as gerações futuras» [5].

A primeira noção de sustentabilidade surgiu com o Relatório Brundtland (também chamado de Our Common Future), publicado em 1987. O Relatório conceitua desenvolvimento sustentável como sendo «o desenvolvimento que satisfaz as necessidades presentes, sem comprometer a capacidade das gerações futuras de suprir suas próprias necessidades»[6].

Vale destacar que o termo sustentabilidade ganhou maior notoriedade com a ideia do tripé da sustentabilidade (ou triple bottom line), surgida em 1994 com a obra Cannibals with Forks: the Triple Bottom Line of 21st Century Business de John Elkington. Nessa obra, Elkington propõe que as organizações devem procurar criar valor em três dimensões: a económica, a social e a ambiental. Na esteira de John Elkington, José Eli da Veiga afirma que a sustentabilidade busca «soluções triplamente vencedoras (Isto é, em termos sociais, económicos e ecológicos), eliminando o crescimento selvagem obtido com o custo de elevadas externalidades negativas, tanto sociais quanto ambientais» [7].

Poderia pensar-se que o desenvolvimento sustentável une o desenvolvimento (entendido sob o prisma de Amartya Sen e do IDH) e a ideia de sustentabilidade. Pensar assim, no entanto, procura uma construção teórica à parte, um estudo propositivo. Em verdade, o conteúdo que a expressão desenvolvimento sustentável paulatinamente vem ganhando parece distanciar-se cada vez mais da valorização do ser humano, das liberdades civis e económicas e da busca honesta pela resolução de problemas sociais e ambientais como o analfabetismo, a falta de saneamento básico (um dos mais graves problemas ambientais!) e a miséria. As liberdades públicas, as propostas de combate à miséria e a resolução de problemas básicos que afectam a humanidade até fazem parte da «agenda» do desenvolvimento sustentável, mas cada vez mais servem como «bois-de-piranha» para a passagem de uma «boiada» de conceitos, valores e políticas globalistas.

Para um intérprete incauto a expressão desenvolvimento sustentável soa como uma coisa boa, pois, afinal, quem há-de opor-se ao desenvolvimento económico aliado a uma melhoria das condições sociais e de diminuição preservando o meio ambiente? Ademais, tendo em vista que a expressão tornou-se um mantra, repetido em todo lado, torna-se difícil para o cidadão comum ver aí qualquer coisa ruim.

Ocorre, no entanto, que o discurso do desenvolvimento sustentável pouco preza pela harmonização dos «pés» da sustentabilidade. O discurso muda conforme o auditório. Para um público composto por empresários, ruralistas, estudantes de administração, economia, engenharia e direito ainda há uma certa moderação e, por isso mesmo, ainda subsiste um discurso que diz que o desenvolvimento sustentável deve harmonizar factores económicos, sociais e ambientais. Para os cientistas sociais e para todos aqueles que ainda bebem na fonte do marxismo ortodoxo o «pé» mais importante ainda é o social: a degradação ambiental é um detalhe no meio da opressão social causada pelo capitalismo. Para as demais pessoas prevalece o «pé» do meio ambiente. A existência de um discurso moldável ao público a que se destina mostra, por si só, que há uma distorção na suposta harmonização de variáveis alegada pelos defensores mais honestos da sustentabilidade.
Os discursos intelectualmente honestos nas propostas de desenvolvimento sustentável só atingem um público pequeno e por serem raros, não surtem um efeito neutralizador em relação ao hegemónico discurso ambientalista.
Recentemente o filósofo Olavo de Carvalho trouxe à tona o conceito jornalístico do termo suíte. Na linguagem jornalística, há o suíte quando um jornal ou diversos jornais dão prosseguimento a um assunto noticiado, ou seja, quando há repercussão. Assim, de nada adianta a Band entrevistar Luiz Carlos Molion ou o Programa do Jô entrevistar Ricardo Augusto Felício, permitindo que esses cientistas apresentem argumentos contrários à hipótese do aquecimento global antropogénico e ao ambientalismo radical, se os argumentos aí mostrados não serão repercutidos e colocados na pauta do debate público. Prevalece a hipótese aquecimentista e o falatório ambientalista.

Os programas de TV, as campanhas e as políticas pró-sustentabilidade, e a educação infantil sobre a sustentabilidade privilegiam o meio ambiente e colocam a humanidade como uma espécie de vírus que assola o planeta. Mas por que isso acontece? Por causa das teorias globalistas, novordistas e new agers que são, quase que necessariamente, o preâmbulo de toda discussão sobre o desenvolvimento sustentável.
O discurso moderno da sustentabilidade encontra suas raízes no Clube de Roma, que foi fundado em 1968. O Clube de Roma reúne celebridades políticas, académicas e empresariais para debater temas como política, economia e meio ambiente. O Clube ganhou notoriedade em 1972, com a publicação do relatório intitulado The limits of growth (Os Limites do Crescimento) ou Relatório do Clube de Roma. Dentre os temas abordados pelo relatório estão: energia, poluição, saneamento, saúde, meio ambiente, tecnologia e crescimento populacional. O relatório trabalha contra dois tipos de crescimento, o económico (no sentido industrial) e o populacional, os quais levariam a um esgotamento dos recursos e a níveis de poluição que a Terra não seria capaz de suportar.
No mesmo ano em que se publicou o Relatório do Clube de Roma realizou-se, por meio da ONU, a Conferência de Estocolmo, que versou sobre a relação entre a humanidade e a natureza, adoptando um discurso contrário à industrialização.
Também em 1972, o químico James Lovelock apresentou ao mundo a Hipótese de Gaia, a qual resgata o conceito pagão da deusa-mãe, a Mãe Natureza, a Mãe Terra, e concebe a Terra como um ser vivo que busca seu equilíbrio, por assim dizer, «homeostático». Na obra de Lovelock a humanidade é colocada como elemento desestabilizor desse equilíbrio.
Sete anos após a publicação do Relatório do Clube de Roma foram erigidas as famosas Pedras Guia da Geórgia, um monumento que traz uma espécie de decálogo novordista escrito em oito idiomas. Dentre os mandamentos vale destacar o primeiro e o décimo. Alinhado com o Relatório do Clube de Roma, o primeiro mandamento diz «Maintain humanity under 500,000,000 in perpetual balance with nature». Já o décimo mandamento traz todo o desprezo dos planejadores globais pela humanidade, pois vê em cada ser humano um câncer potencial: «Be not a cancer on the earthLeave room for nature».
Os passos seguintes foram o Relatório Bruntland e a Rio-92 (também chamada de Cimeira da Terra), a qual globalizou de vez a questão ambiental.
Não se pode negar que o Relatório Bruntland defende medidas interessantes, como a reciclagem de materiais reaproveitáveis, incentivo ao planeamento urbano (no sentido de proteger mananciais e diminuir os impactos negativos das actividades industriais sobre a sua vizinhança) e adopção de políticas governamentais que atendam necessidades básicas da população. Contudo, o Relatório também propôs a limitação do crescimento populacional, o banimento das guerras e concebeu a ONU como protagonista e coordenadora de um programa global de desenvolvimento sustentável.
A Rio 92, por sua vez, resultou numa série de documentos e convenções, tais como a Carta da Terra, a Convenção Sobre Mudanças Climáticas e a Agenda 21. A Carta da Terra exulta o surgimento de uma sociedade civil global que servirá para «construir um mundo democrático e humano» e, alinhada com a espiritualidade da Nova Era, propõe a promoção de uma «cultura de tolerância, não-violência e paz» (para tanto, propõe, por exemplo, a desmilitarização dos sistemas de segurança nacional [8]). A Carta da Terra ainda enfatiza a necessidade de se «adoptar estilos de vida que acentuem a qualidade de vida e subsistência material num mundo finito» (quem definirá esse «estilo de vida»?). Já a Convenção Sobre Mudanças Climáticas preparou o terreno para a elaboração do Protocolo de Kyoto e para o fortalecimento da hipótese do aquecimento global antropogénico. E a Agenda 21, por sua vez, estabelece que o desenvolvimento sustentável deve ser arquitectado em âmbito global com o apoio dos países. Embora cada país tenha a sua própria Agenda 21, as directrizes para a elaboração da agenda vêm da cúpula globalista.
De certa forma, a construção teórica do desenvolvimento conseguiu neutralizar as propostas revolucionárias da teoria da dependência e o discurso anti-industrialização do Clube de Roma. Já o desenvolvimento sustentável, por ser parte de uma agenda globalista, dificilmente se afastará do radicalismo ambientalista, das pretensões novordistas e do seu elemento, por assim dizer, «espiritual», o movimento da Nova Era.
A precariedade de abordagens sinceras sobre a relação entre economia, sociedade e meio ambiente e a preferência pelos referenciais teóricos globalistas e neopagãos torna a defesa do desenvolvimento sustentável uma mera engrenagem de um projecto globalista.

Os totalitaristas sabem que não podem implantar a Nova Ordem Mundial inesperadamente, por isso valem-se de propostas aparentemente bem intencionadas para camuflar os seus macabros projectos. O processo de justificação da Nova Ordem Mundial está em marcha e conta com o apoio dos media, de governos, de diversas empresas, de ONGs e de inúmeras instituições afamadas do ensino superior.

O evento Rio+20 não é apenas a continuação da Rio-92. As raízes da Rio+20 são bem mais profundas; é a continuidade de uma estratégia lançada pelo Clube de Roma.

Embora a Rio+20 se proponha a «definir a agenda do desenvolvimento sustentável para as próximas décadas», cumpre destacar que essa agenda já existia e o evento, na verdade, é apenas mais um item dessa agenda. A agenda na qual a Rio+20 se insere é chamada de agenda do desenvolvimento sustentável, mas na verdade é a agenda da Nova Ordem Mundial, a qual propõe uma espiritualidade anticristã, o abortismo, a supressão gradual das liberdades civis e da soberania dos Estados.
Referências:
[1] BARRE, Raymond. Economia política vol. 1. Rio de Janeiro – São Paulo: Difel, 1978, p. 100-102.
[2] Cf. NUSDEO, Fábio. Curso de economia. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2001, p. 347.
[3] SEN, Amartya. Desenvolvimento como liberdade. Tradução de Laura Teixeira Motta. São Paulo: Companhia das Letras, 2000, p. 19-20.
[4] Idem, p. 17-18.
[5] VEIGA, José Eli da. Desenvolvimento Sustentável – o desafio do século XXI. Rio de Janeiro: Garamond, 2005, p. 171.
[6] Our Common Future, Chapter 2: Towards Sustainable Development. Disponível em: http://www.un-documents.net/ocf-02.htm#I
[7] VEIGA, José Eli da. Desenvolvimento Sustentável..., p. 171-172.
[8] Recentemente a ONU solicitou a extinção da Polícia Militar brasileira.
Saulo de Tarso Manriquez é mestre em Direito pela PUC-PR.

sexta-feira, 16 de novembro de 2012

ARISTIDES DE SOUSA MENDES:
AS ORIGENS DO MITO. PARTE II


João Brandão Ferreira

A «ressurreição» da figura de Aristides de Sousa Mendes (ASM), do modo como tem sido feita parece indiciar servir os propósitos dos interesses judaicos no mundo, quiçá, também dos ideais sionistas. Convém alertar os leitores para isto pois uns e outros não são a mesma coisa.
Seria interessante conhecer melhor, eventuais ligações destes interesses com quem tem escrito sobre este assunto.

A elevação da acção de ASM, permite contribuir para a imagem do povo judaico no mundo – vitimizando – garantindo em simultâneo uma condenação de quem os perseguiu ao longo dos tempos. ASM encaixa bem nisto: tem origem numa zona do país com elevada percentagem de sangue judaico, quando a Inquisição espanhola a mando dos Reis Católicos expulsou os Judeus, cerca de 50.000 fixaram-se na faixa de cerca de 80 Km do território português entre Bragança e Castelo de Vide (tendo sido bem recebidos por D. João II); ASM tinha ascendência judaica e apesar de ser católico e conservador tal não apagava os seus ascendentes «Cristãos Novos».

Mais, a sua protecção aos refugiados judeus, provava até que estas reminiscências estavam bem vivas; a quadratura do círculo fechava-se, então, no auxílio que a comunidade israelita em Portugal prestou a ASM, nas vicissitudes por que passou desde que deixou a diplomacia; a sua acção, por ser à revelia do Estado Português, era a cereja em cima do bolo, já que este mesmo Estado foi sagrado inimigo da «nação» judaica desde o século XVI, por via da expulsão decretada por D. Manuel I a quem não se quisesse converter e subsequente perseguição pelo Tribunal do Santo Ofício, instaurado por D. João III.
 
Finalmente, ASM pode ser elevado a «wallenstein» [1] português, contribuindo para alimentar a «indústria do Holocausto» que tem o seu expoente maior nas bandas de Hollywood.
 
A criação de uma eventual cabala contra Portugal (como se tentou a propósito do ouro nazi) devia ser objecto de preocupação dos serviços de informação, sempre pressurosos, aliás, na vigilância de patriotas e nacionalistas…

Os descendentes familiares de ASM têm mantido uma postura prudente sobre tudo o que tem sido agitado a propósito do seu antepassado. Existem apenas eventuais interesses em restaurar o antigo palácio/residência familiar de antanho (há quem queira lá fazer um museu) e apenas existe conhecimento de deslocações de um dos filhos a Israel, o que à partida nada de conclusivo significa.

Sabe-se que muitos vistos para judeus foram obtidos em vários países, a troco de valores.
 
Nenhuma suspeita de caso semelhante existe sobre a figura de ASM. Por isso, se ele passou vistos por dever de consciência, assumindo as consequências do acto, merece o nosso respeito, devendo-lhe ser reconhecido esse mérito. Mas tal não deve implicar nenhum ónus para as autoridades de então que se limitaram ao exercício das competências consignadas na lei, a fim de garantir o normal funcionamento dos serviços.

Promover ASM a um dos 10 melhores portugueses da nossa História é que me parece, digamos, curto e insensato.

Com pessoas destas eu vivo «com gosto num Portugal independente», como aduz JMJ [2]. Já não vivo tão bem é com figuras que se aproveitam de casos destes para torcerem o fio da História e servirem interesses ínvios.

E se considera tanto o valor humanitário de passar vistos a refugiados lembra-se que na altura (1940-41), raras eram as pessoas no mundo que tinham conhecimento dos campos de extermínio nazis (e já há muito que havia os «goulags» na URSS!),é surpreendente que se tenha endeusado ASM e ignorado os restantes colegas diplomatas que também passaram vistos!
 
Percebe-se que Álvaro Cunhal – que sempre se comportou como um agente de uma potência estrangeira – apareça entre os 10 portugueses mais votados: é, porventura, a máquina do PC a funcionar – o que, a ser assim, não abona muito à isenção intelectual e moral dos militantes.
 
Agora, como ASM consegue um número de votos que o põem a par de Afonso Henriques, Vasco da Gama e Camões é que permanece área de investigação para sociólogos e politólogos...
 
O objectivo está no entanto alcançado. E o Dr. JMJ, dado ultimamente a originalidades frustes, nem se terá apercebido de nada. 

[1] Diplomata sueco que salvou milhares de judeus durante a II GM e que acabou desaparecido em mãos soviéticas.

[2] José Miguel Júdice, artigo “o voto num justo”, Público de 1971/07.

ARISTIDES DE SOUSA MENDES:
AS ORIGENS DO MITO - Parte I


João Brandão Ferreira

A propósito do recente filme sobre o personagem, importa repor a verdade! Volto a publicar dois artigos que há tempos escrevi e que se tornam de novo actuais.
Reedição 10/11/12
Há muito tempo que pensava escrever sobre Aristides de Sousa Mendes (ASM). Ou melhor sobre o que alguns escribas da nossa praça têm escrito sobre ele e a propósito dele. A gota de água chegou agora com a inclusão do seu nome na lista dos 10 portugueses (nesse incrível concurso), de que sairá o mais «insigne» de todos nós (!) e da que, a propósito, escreveu o Dr. José Miguel Júdice (JMJ) (Público 19/1/07). Antes de entrar na matéria de facto convém colocar as seguintes questões: como é que alguém que até há meia dúzia de anos era desconhecido de 99,9% dos nacionais, aparece entre os supostamente 10 melhores portugueses de sempre? A quem é que isso, eventualmente, serve? É o que vamos tentar dilucidar.
ASM tem origem numa família portuguesa, cristã nova, do distrito de Viseu (Cabanas de Viriato), nobilitada no século XVIII.
A família de ASM estava perfeitamente inserida no regime do «Estado Novo». ASM era casado e tinha numerosa prole (12 filhos). Dotado de alguma instabilidade de temperamento tinha dificuldade na gestão das suas finanças a que não seria alheia a sua tendência para o jogo. Daqui resultaram vários problemas e dificuldades.
ASM tinha um irmão gémeo, César de Sousa Mendes do Amaral e Abranches, que foi um embaixador respeitado, inclusive, por Salazar, de quem tinha sido companheiro no CADC [1], em Coimbra. Foi Ministro dos Negócios Estrangeiros (MNE), entre 5/7/32 e 11/4/33. Este irmão, que era embaixador em Varsóvia, quando a Segunda Guerra começou, e teve que se vir embora a muito custo era quem, normalmente valia a ASM nas suas aflições.
ASM, que também tinha seguido a carreira diplomática, era Cônsul de Portugal em Bordéus, em 1940, ano em que a França foi vencida militarmente pela Alemanha, em apenas 30 dias.
A perseguição que os regimes nacional-socialista, alemão e fascista, italiano (e seus satélites) passaram a fazer aos judeus (e não só a estes, convém lembrar) levou a que muitos refugiados fossem bater à porta dos países neutrais – que era o caso de Portugal – na esperança de obterem protecção e daí procurarem meios de atingir a Inglaterra e os EUA, países que a maioria pretendia alcançar.
O governo português anuiu tacitamente na concessão de vistos, por razões humanitárias, desde que os refugiados alegassem terem ascendência portuguesa (lembra-se que Salazar era MNE no período da II GM).
Ora esta condição afigura-se-me apenas como mera justificação formal, que prevenisse eventuais problemas internacionais, do que medida a ser levada à risca, já que nem parece que alguma vez fosse escrita. Isto porque a maioria dos eventuais descendentes de judeus portugueses seriam do ramo Sefardita o que não era o caso dos judeus do centro e norte da Europa, na maioria Askenazin.
Conhece-se o nome de vários diplomatas portugueses que passaram vistos: o Embaixador Sampaio Garrido (pai) ministro em Budapeste a partir de 27/7/39 e do Embaixador Teixeira Branquinho, que esteve à frente da mesma Legação, a partir de 25/4/44; o Cônsul em Berlim, de 17/9/41 a 13/4/45, Mário de Faria e Melo Duarte (tio do poeta/deputado Manuel Alegre – regista-se como curiosidade); o Ministro em Berna, de Jan/35 a 1945, Embaixador José Jorge Rodrigues dos Santos (genro de Carmona); e ao que parece, é muito possível que o nosso Ministro em Ancara, entre Fev. de 41 e 1944, Calheiros e Menezes, também o tivesse feito.
Não se sabe ao certo quantos vistos foram concedidos, mas calcula-se que, no cômputo geral, tenham atingido vários centenas de milhares.
Como se pode constatar não foi só ASM que passou vistos a refugiados judeus e outros, nem tal era proibido nem sequer contrariado pelo governo português de então.
O problema surgiu quando os governos de Berlim e Londres se aperceberam da enorme quantidade de refugiados que chegavam. Na sequência, o embaixador alemão em Lisboa, reportou preocupação pelos problemas que tal estaria a causar, com implícitas ameaças de retaliação. E o embaixador inglês alertou, também, para a questão (tinham inclusive receio de que entre os refugiados se infiltrassem agentes alemães).
Foi então que Salazar revê o assunto e mandou instruir todas as legações portuguesas aconselhando prudência e rigor na avaliação dos pedidos de vistos.
ASM não observou as instruções, foi chamado a Lisboa e alvo de um processo disciplinar, por desobediência.
Depois foi suspenso (mas nunca demitido), aguardando aposentação. ASM casou segunda vez mas nunca mais conseguiu refazer profissionalmente a sua vida, vivendo com dificuldades financeiras, até ao fim dos seus dias. O caso caiu, naturalmente, no esquecimento.
Até que durante o primeiro consulado do Dr. Jaime Gama como MNE, a jornalista Diana Andringa (e depois dela, outros), tentou consultar o processo de ASM. Como o processo era confidencial, a autorização foi negada. Envidaram-se então esforços para que o processo fosse desclassificado. Correram os trâmites e já no tempo de Durão Barroso como MNE, foi autorizada a desclassificação da documentação referente a ASM. A partir daqui não mais deixaram de aparecer artigos, documentários e parafernália vária, relativa à figura e acção de ASM.
Sempre se destacando a humanidade da sua acção em contraponto à violência do regime, o enaltecimento da sua desobediência versus a perfídia da postura do governo português da altura, a justiça das suas ideias e acção, em contraste com a dureza e violência do seu tratamento posterior.
Ou seja, está encontrado o primeiro objectivo do ressuscitamento de ASM: atacar e denegrir a figura e obra do Professor António de Oliveira Salazar.
E tudo isto tem sido feito com uma grande desonestidade intelectual, para ficarmos só por aqui.
Em primeiro lugar porque se manipulou dados, se recorre a inverdades e se torcem intenções.
Tenta-se julgar os personagens e os eventos, segundo os ditames morais e intelectuais de agora e não pelos da época;
Tão pouco se tenta enquadrar a actuação dos intervenientes na conjuntura muito delicada e perigosa em que se encontrava Portugal e os portugueses.
Ora a nós parece-nos que a actuação do governo português de então foi corajosa, humana, ponderada e inteligente. E que a sanção que foi atribuída a ASM parece equilibrada e justa. E estamos em crer que, se hoje em dia, um diplomata fizesse o que ASM fez, o procedimento do Estado Português para com ele, seria idêntico.
No meio de tudo isto parece-nos que JMJ – para além da falta de informação que já começa a caracterizá-lo – é utilizado em toda esta trama como um ingénuo útil.
Em conclusão, podemos convir em que parece fora de dúvida que o enaltecimento de ASM, serve a causa de quem quer atacar Salazar. Em próximo escrito daremos pistas para outros interesses.

[1] Centro Académico da Democracia Cristã.
 

Contra o camisolismo…
Repondo a verdade histórica


Heduíno Gomes

 1 Primeira vinda do FMI

Causador: PCP-Vasco Gonçalves com o seu populismo.

Bombeiro: Mário Soares (I Governo Constitucional).


2 Segunda vinda do FMI

Causador: Sá Carneiro-Balsemão com o seu eleitoralismo.

Bombeiros: Mário Soares-Mota Pinto (Bloco Central foi bombeiro!).

 3 – Terceira vinda do FMI

Causador próximo: Sócrates (não contando com os anteriores inaptos de ambos os partidos, incluindo Cavaco, como hoje, finalmente, é reconhecido).
 
Bombeiro: Não há, pois o que estes gajos fazem é mandar ainda mais gasolina para cima do incêndio.



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Aqui está como vai ser
o ansiado regresso aos mercados …


quinta-feira, 15 de novembro de 2012

As 3 fontes de alimentação do Bloco de Esquerda


Heduíno Gomes
 
A propósito do recente congresso do Bloco de Esquerda, ocorrem algumas reflexões sobre o facto de uma esquerdalha que já não se usa ter conseguido uma posição tão importante nos meios de comunicação e mesmo no Parlamento. Isso deve-se à conjugação das suas 3 fontes de alimentação.
 
A primeira fonte de alimentação do BE, ou sua base social, é a pequena-burguesia e média-burguesia urbanas, radicais de esquerda e abastadas.
 
Basta observar pela televisão os seus congressos para ver que tipo de pessoas lá estão sentadas ou se passeia pela entrada: barbudos de ar rancoroso, muitos deles ainda a sonhar com o Maio de 68 e o 25A, meninas chiques emancipadas e outras menos meninas e mais frustradas, revolucionários de salão fazendo lembrar certas personagens de Nélson Rodrigues, uns frágeis a enfeitar e gente assim. Toda esta nata da revolução, com alguma experiência de organização proveniente de anteriores militâncias na extrema-esquerda, constitui a espinha dorsal da organização. E certamente bastante endinheirada pois a propaganda gigantesca que fazem não é barata.
 
A segunda fonte de alimentação do BE, ou sua muleta, é o PS. Na esperança de abrir brechas no PCP, a máquina do PS instalada nos media lançou o BE e continua a levá-lo ao colo. A operação não resultou lá muito bem, pois o PCP possui uma base social própria e organização sólida, que resistem ao BE e vão definhando apenas à medida que se verifica o seu envelhecimento sem a correspondente renovação da sua base. Por outro lado, com o radicalismo pequeno-burguês do BE, o próprio PS se viu fustigado: voltou-se o feitiço contra o feiticeiro. Mas, para o PS, o seu investimento no BE pode vir a dar frutos numa possível coligação, para obter maioria parlamentar, se, entretanto, o BE se adaptar ao poder ou então não vier a extinguir-se.
 
A terceira fonte de alimentação do BE, ou sua retaguarda de organização, é a rede transversal de invertidos.
 
Como é sabido, o BE possui no seu interior uma forte representação de invertidos, uns assumidos, outros não. Quem melhor poderia dar o mote e fazer o trabalho de preparação ideológica para a decadência moral e jurídica do que o BE? Assim, os invertidos disseminados pelo PS e PSD não podem deixar de ver com bons olhos o BE, como seu próprio motor, motor das causas «fracturantes».E depois, mesmo estando nesses partidos, da simpatia ao apoio, mesmo que discreto, vai um passo. Por vezes, o apoio às causas do BE (& associados) até toma dimensões de escândalo. Foi o caso do desastrado então Grão-Mestre do GOL António Reis, como membro da comissão para a comemoração do centenário da I República, criada por Sócrates, ao ter feito questão de incorporar no seu programa a «normalização» dos anormais, no caso os chamados «casamentos» entre elas e elas e entre eles e eles.
 
Assim se compreende que o BE faz parte de várias estratégias, todas concorrendo para o apoiar porque a todos esses ou essas lhes convém.

quarta-feira, 14 de novembro de 2012

Petição Para que a Dra Isabel Jonet fique por muitos, e bons anos à frente do Banco Alimentar Contra a Fome

« Para que a Dra Isabel Jonet fique por muitos, e bons anos à frente do Banco Alimentar Contra a Fome.

Se se criam petições para tudo e para nada! Criamos esta para contrariar a onda negativa que anda para aí! Ficamos escandalizados como a própria instituição do Banco Alimentar é criticada nos dias de hoje!

Como é óbvio, esta Petição não tem efeitos práticos, nem procura tê-los, mas achamos uma boa resposta ao que se tem ouvido nos últimos dias. »

Subscreva a petição aqui.

domingo, 11 de novembro de 2012

Os heróis do cavaquismo


E porque não processar Eduardo Catroga?
  
Armindo Castelo Bento

Os jovens enrascados foram educados em escolas onde o senhor Catroga (ministro das finanças) não investiu um tostão dos fundos comunitários, não receberam formação profissional porque os dinheiros do FSE foram investidos no enriquecimento dos amigos do regime de então, andaram em escolas onde os inspectores pedagógicos eram enviados para perseguir os professores que eram mais rigorosos na avaliação, andaram em falsas universidades que se multiplicaram como cogumelos da democracia de sucesso. Muito do dinheiro que devia ter sido e ser investido no seu futuro tem de ser usado para pagar as pensões do Banco de Portugal, dos que se aposentaram com cinquenta anos graças às regras do tempo em Portugal era o oásis económico da Europa.

E porque não processar Eduardo Catroga por destruir a imagem das universidades portuguesas ao fazer-se nomear professor catedrático a tempo parcial 0% quando nunca teve uma carreira de professor brilhante e já há anos que é pensionista? Algum jovem deste país tem entrada numa universidade estrangeira se esta souber que um dos catedráticos das cadeiras que este aluno estudou foi um catedrático a tempo parcial 0% nomeado seis meses depois de já o ser? É evidente que não só não terá entrada numa universidade estrangeira, como ainda se arrisca a ser ridicularizado por sonoras gargalhadas. Além disso, estes jovens ainda poderiam pedir uma investigação à gestão e privatização do BPA conduzida na ocasião pelo ministro das Finanças Eduardo Catroga.

E não devem ser apenas os jovens a processar os políticos irresponsáveis como Eduardo Catroga, as empresas e cidadãos cujos processos sejam atrasados para que os tribunais se possam pronunciar a queixas oportunistas por ele motivadas devem processá-lo pelas perdas económicas e morais daí resultante. Aliás, qualquer português pode e deve processar Eduardo Catroga por um triplo crime contra Portugal, «pelos prejuízos provocados ao país pelo aumento da ineficácia da justiça, pelo desprestígio da justiça junto dos portugueses e dos investidores estrangeiros e pela utilização abusiva e ilegítima da justiça e do dinheiro que os contribuintes gastam nela em manobras políticas oportunistas».

Em Maio de 2008 o, e senhor, professor Joao Duque presidente do conselho directivo do Instituto Superior de Economia e Gestão, produziu
um despacho
contratando, «por conveniência urgente, para exercer as funções de Professor Catedrático Convidado, a tempo parcial 0 %, além do quadro do Instituto, com efeitos a partir de 1 de Setembro de 2008», Eduardo Catroga. Acrescenta sibilinamente, não carece de visto prévio do Tribunal de Contas. Está-se mesmo a ver que andaram a fazer contas para não ultrapassar a fronteira em que seria exigido passaporte do TC. Para quem passa a vida a clamar por transparência, estamos conversados.

Algumas questões? Esse tal Catroga não acumula reformas e outros vencimentos? Não recebe da CGA mais de 9.000 euros/mês? Não é administrador da Sapec e da Nutrinveste? O que quer dizer tempo parcial 0 %? Aparentemente nem precisa andar pelos corredores do ISEG, de mãos nos bolsos a assobiar! Para qualquer leigo tempo parcial 0 % é não fazer mesmo nada. Se é assim, porque é que se paga retroactivamente, desde 2008, por não fazer nada?

Antigo ministro das Finanças e «criador das já famosas PPP», professor catedrático convidado do ISEG, Eduardo Catroga aposentou-se no mês de Abril de 2007 com uma pensão mensal de 9 693,54 euros, de acordo com a listagem publicada pela Caixa Geral de Aposentações (CGA) para o próximo mês. Em conversa com o Correio da Manhã, o economista explicou que o valor é a soma das pensões a que tem direito pelos seus descontos como funcionário público e como trabalhador privado. (Sou capaz de não ter percebido bem: a pensão dos 40 anos no privado é paga pela CGA? Para simplificar, diz ele?) Só trabalhando no privado isto é possível: Trabalhar na Sapec, Nutrinveste e dar aulas no ISEG. Ou trabalhou no privado 40 anos e de seguida 20 na função pública (ficaram 5 anos para fazer todas as aprendizagens desde o nascimento) ou então nunca cumpriu as 35 horas semanais na função pública! ou as 40 no privado! no tempo em que acumulou em simultâneo. Convenhamos que há coisas esquisitas, isto para não falar no tal tecto máximo de 12 salários mínimos para as reformas, que pelos vistos não é para cumprir.
Coisas...