sexta-feira, 25 de janeiro de 2013
quinta-feira, 24 de janeiro de 2013
O abortista e pro-invertidos Obama é o maior
para a senhora professora da «católica»
L. Lemos
A senhora professora liberalóide da universidade caótica (dita Universidade Católica Portuguesa) Lívia Franco participou mais uma vez no programa da Sic Notícias Opinião Pública (22.1-2013). Com tanto tempo de antena, o Balsemão e seus assalariados lá sabem porquê.
A propósito do discurso da tomada de posse do Obama, fingindo imparcialidade e «olho científico» de análise com uma linguagem da sociologia política, a senhora professora derretia-se ao colocar bonito na fotografia este abortista e pro-invertidos. A sua metralha verbal com banalidades e academismo livresco enjoa. Pobres alunos da senhora professora.
Mais grave é a posição da senhora professora de uma universidade dita católica quanto a questões de natureza civilizacional. Enquanto os promotores do aborto e dos invertidos têm perdido sucessivas batalhas contra os defensores da vida e da família natural, vem a senhora professora liberalóide da universidade caótica (dita Universidade Católica Portuguesa) sugerir que tais questões começam a ser pacíficas na sociedade americana…
Apoiante do pior e elogiada pelos telespectadores que telefonaram e manifestaram as mesmas posições «progressistas»...
Quanto ao resto do que disse, são as banalidades em tom sábio dos académicos que vomitam sebentas.
Esta senhora professora da caótica pertence ao Instituto de Estudos Políticos e à revista Nova Cidadania, da dita universidade, antros de liberais chefiados pelo João Carlos Espada. Como liberalóide que é, tornou-se uma obcecada por Tocqueville, como se este pensador fosse a varinha mágica para resolver os problemas da humanidade. A propósito das suas divagações tocquevillianas a senhora professora merece o apoio do Espada, naturalmente, e da Filomena Mónica, também naturalmente, dois expoentes da intelectualidade portuguesa que tão sabiamente têm apontado caminhos ao Povo português, cujos resultados agora todos conhecemos e dos quais lavam as mãos.
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A senhora professora liberalóide da universidade caótica (dita Universidade Católica Portuguesa) Lívia Franco participou mais uma vez no programa da Sic Notícias Opinião Pública (22.1-2013). Com tanto tempo de antena, o Balsemão e seus assalariados lá sabem porquê.
A propósito do discurso da tomada de posse do Obama, fingindo imparcialidade e «olho científico» de análise com uma linguagem da sociologia política, a senhora professora derretia-se ao colocar bonito na fotografia este abortista e pro-invertidos. A sua metralha verbal com banalidades e academismo livresco enjoa. Pobres alunos da senhora professora.
Mais grave é a posição da senhora professora de uma universidade dita católica quanto a questões de natureza civilizacional. Enquanto os promotores do aborto e dos invertidos têm perdido sucessivas batalhas contra os defensores da vida e da família natural, vem a senhora professora liberalóide da universidade caótica (dita Universidade Católica Portuguesa) sugerir que tais questões começam a ser pacíficas na sociedade americana…
Apoiante do pior e elogiada pelos telespectadores que telefonaram e manifestaram as mesmas posições «progressistas»...
Quanto ao resto do que disse, são as banalidades em tom sábio dos académicos que vomitam sebentas.
Esta senhora professora da caótica pertence ao Instituto de Estudos Políticos e à revista Nova Cidadania, da dita universidade, antros de liberais chefiados pelo João Carlos Espada. Como liberalóide que é, tornou-se uma obcecada por Tocqueville, como se este pensador fosse a varinha mágica para resolver os problemas da humanidade. A propósito das suas divagações tocquevillianas a senhora professora merece o apoio do Espada, naturalmente, e da Filomena Mónica, também naturalmente, dois expoentes da intelectualidade portuguesa que tão sabiamente têm apontado caminhos ao Povo português, cujos resultados agora todos conhecemos e dos quais lavam as mãos.
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Terá ele inteligência para perceber as lições?
O repórter fotográfico Luís Carregã fez publicar, ontem, na primeira página do diário As Beiras, uma foto de Passos Coelho.
Nela se vê que o Primeiro-Ministro anda a ler o livro A Diplomacia de Salazar, em que Bernardo Futscher Pereira evoca a vertente externa da política do Presidente do Conselho entre 1932 e a adesão de Portugal à NATO, volvidos 17 anos.
A foto mostra Passos Coelho no interior da sua viatura, em cujo banco traseiro sobressai a referida obra.
Será que este leitor tem inteligência para perceber as lições?
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Nela se vê que o Primeiro-Ministro anda a ler o livro A Diplomacia de Salazar, em que Bernardo Futscher Pereira evoca a vertente externa da política do Presidente do Conselho entre 1932 e a adesão de Portugal à NATO, volvidos 17 anos.
A foto mostra Passos Coelho no interior da sua viatura, em cujo banco traseiro sobressai a referida obra.
Será que este leitor tem inteligência para perceber as lições?
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quarta-feira, 23 de janeiro de 2013
Eis alguns dos que nos arruinaram
(e continuam)
Antes – Ministro da Presidência,
Justiça e Defesa de Cavaco
Antes – Ministro dos Assuntos Sociais
Agora – Presidente do Conselho Superior do BPN; (o banco falido, é
só gamanço) e
Presidente
do Conselho Executivo da FLAD
Paulo Teixeira Pinto: (o tal que antes de trabalhar já estava
reformado)
Antes – Secretário de Estado da Presidência
do Conselho de Ministros de Cavaco, depois Presidente do BCP (Ex. – Depois de 3
anos de «trabalho», Saiu com 10 milhões de indemnização !!! e mais 35 mil € x
15 meses por ano até morrer...)
Agora – Novo administrador da Comissão Executiva da EDP
Agora – Novo administrador da Comissão Executiva da EDP
Celeste Cardona: (a tal que só aceitava o lugar na Biblioteca do Porto se
tivesse carro e motorista às ordens – mas o vencimento era muito curto)
Antes – Ministra da Justiça, depois vogal do
CA da CGD
Agora – Nova administradora da Comissão Executiva da EDP
José Silveira Godinho:
Antes – Secretário de Estado das Finanças
Agora – Administrador do BES
Antes – Ministro da Educação e Negócios Estrangeiros de Cavaco
Agora – Vogal do CA do Banco Privado Português (o tal que deu o berro).
Elias da Costa:
Antes – Secretário de Estado da Construção e Habitação de Cavaco
Agora – Vogal do CA do BES
Ferreira do Amaral: (o espertalhão, que preparou o terreno)
Antes – Ministro das Obras Públicas de Cavaco (que entregou todas as pontes a jusante de Vila Franca de Xira à Lusoponte)
Agora – Presidente da Lusoponte, com quem se tem de renegociar o contrato (pois claro, à tripa forra).
Elias da Costa:
Antes – Secretário de Estado da Construção e Habitação de Cavaco
Agora – Vogal do CA do BES
Ferreira do Amaral: (o espertalhão, que preparou o terreno)
Antes – Ministro das Obras Públicas de Cavaco (que entregou todas as pontes a jusante de Vila Franca de Xira à Lusoponte)
Agora – Presidente da Lusoponte, com quem se tem de renegociar o contrato (pois claro, à tripa forra).
Eduardo Catroga:
Antes – Foi Vice Presidente da Quimigal, Presidente do CA da SAPEC e Ministro das Finanças do 12.º Governo de Cavaco
Agora – Novo Chairman da EDP, que acumula com Administrador não Executivo da Nutrinveste e do Banco Finantia (não prescinde de receber todas as reformas e pensões a que tem direito, pudera também eu!!!!!!)
Antes – Foi Vice Presidente da Quimigal, Presidente do CA da SAPEC e Ministro das Finanças do 12.º Governo de Cavaco
Agora – Novo Chairman da EDP, que acumula com Administrador não Executivo da Nutrinveste e do Banco Finantia (não prescinde de receber todas as reformas e pensões a que tem direito, pudera também eu!!!!!!)
Sócrates gasta 15 mil euros por mês em Paris
A vida milionária do ex-primeiro-ministro José Sócrates em Paris
José Sócrates gasta em média 15 mil euros por mês em Paris, cidade para onde foi estudar Ciência Política. Sem emprego nem poupanças conhecidas, o ex-primeiro-ministro mantém uma vida de luxo numa das cidades mais caras da Europa, com despesas mensais que rondam sete mil euros na renda de casa, num dos bairros mais caros da cidade, mil euros nas propinas da faculdade, dois mil euros no colégio particular do filho e cem euros por refeição em restaurantes.
Um estilo de vida caro, quando José Sócrates nunca referiu ter poupanças nas declarações de rendimentos que entregou no Tribunal Constitucional desde 1995, ano a partir do qual esses documentos podem ser consultados. Segundo essas declarações, Sócrates obteve, entre 1995 e 2010, rendimentos acumulados de 1,19 milhões de euros, a que se somam quase 50 mil euros por seis meses de salário, despesas de representação e subsídio de férias em 2011. O CM contactou José Sócrates para obter uma reacção, mas o ex-primeiro ministro desligou o telefone e não respondeu à mensagem enviada.
Como foi possível constatar em Paris, Sócrates arrendou um apartamento no 16.º Bairro parisiense, uma das zonas nobres da cidade. A dez minutos a pé da Torre Eiffel, as casas mais baratas têm uma renda de quatro mil euros. Só que, como explicaram ao CM diferentes imobiliárias parisienses, na rua onde reside Sócrates «os preços sobem para os sete mil euros mensais», dada a exclusividade conferida a essa rua pela vizinhança de embaixadores e milionários.
Quando o ex-primeiro-ministro sai de casa pela manhã, dirige-se à Sciences Po, onde está a estudar Ciência Política. De propinas, paga 1083 euros por mês. Mas, antes, Sócrates faz uma paragem obrigatória no Le Diplomate: é nesse café, à porta de casa, que emigrantes portugueses lhe servem uma bica ao balcão e onde aproveita para comprar tabaco.
O ex-líder do PS frequenta com regularidade alguns dos melhores restaurantes de Paris, onde a factura ultrapassa facilmente os 100 euros/dia ou 3000 por mês. A famosa Brasserie Lipp, favorita de antigos presidentes franceses, tem pratos a 60 euros e garrafas de vinho entre os 70 e os 220 euros. No La Divina Commedia , outro dos locais de eleição, os pratos com entrada e sobremesa rondam os 50 euros. Os vinhos, de que Sócrates é grande apreciador, não são mais baratos.
A viver com Sócrates está o filho mais velho, que frequenta uma escola privada cujo custo atinge os 2186 euros por mês.
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José Sócrates gasta em média 15 mil euros por mês em Paris, cidade para onde foi estudar Ciência Política. Sem emprego nem poupanças conhecidas, o ex-primeiro-ministro mantém uma vida de luxo numa das cidades mais caras da Europa, com despesas mensais que rondam sete mil euros na renda de casa, num dos bairros mais caros da cidade, mil euros nas propinas da faculdade, dois mil euros no colégio particular do filho e cem euros por refeição em restaurantes.
Um estilo de vida caro, quando José Sócrates nunca referiu ter poupanças nas declarações de rendimentos que entregou no Tribunal Constitucional desde 1995, ano a partir do qual esses documentos podem ser consultados. Segundo essas declarações, Sócrates obteve, entre 1995 e 2010, rendimentos acumulados de 1,19 milhões de euros, a que se somam quase 50 mil euros por seis meses de salário, despesas de representação e subsídio de férias em 2011. O CM contactou José Sócrates para obter uma reacção, mas o ex-primeiro ministro desligou o telefone e não respondeu à mensagem enviada.
Como foi possível constatar em Paris, Sócrates arrendou um apartamento no 16.º Bairro parisiense, uma das zonas nobres da cidade. A dez minutos a pé da Torre Eiffel, as casas mais baratas têm uma renda de quatro mil euros. Só que, como explicaram ao CM diferentes imobiliárias parisienses, na rua onde reside Sócrates «os preços sobem para os sete mil euros mensais», dada a exclusividade conferida a essa rua pela vizinhança de embaixadores e milionários.
Quando o ex-primeiro-ministro sai de casa pela manhã, dirige-se à Sciences Po, onde está a estudar Ciência Política. De propinas, paga 1083 euros por mês. Mas, antes, Sócrates faz uma paragem obrigatória no Le Diplomate: é nesse café, à porta de casa, que emigrantes portugueses lhe servem uma bica ao balcão e onde aproveita para comprar tabaco.
O ex-líder do PS frequenta com regularidade alguns dos melhores restaurantes de Paris, onde a factura ultrapassa facilmente os 100 euros/dia ou 3000 por mês. A famosa Brasserie Lipp, favorita de antigos presidentes franceses, tem pratos a 60 euros e garrafas de vinho entre os 70 e os 220 euros. No La Divina Commedia , outro dos locais de eleição, os pratos com entrada e sobremesa rondam os 50 euros. Os vinhos, de que Sócrates é grande apreciador, não são mais baratos.
A viver com Sócrates está o filho mais velho, que frequenta uma escola privada cujo custo atinge os 2186 euros por mês.
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terça-feira, 22 de janeiro de 2013
A nova revolução francesa
Gonçalo
Portocarrero de Almada, i-online 19 Jan 2013
Pela liberdade e pela família, marchar, marchar!
Confesso que estou escandalizado com a França. Três notícias dão azo a este desconforto de soixante-huitard desiludido com a filha primogénita da Igreja e a pátria por excelência de todas as revoluções. A saber: o exílio de Gérard Depardieu, a entrada numa ordem religiosa de uma modelo e a manifestação de um milhão de franceses a favor do casamento natural. Mas vamos por partes.
Gérard Depardieu, se é que ainda não se chama Igor Ivanovitch ou coisa que o valha, deu com os pés à sua terra natal para se instalar com armas e bagagens na Rússia. Vladimir Putin, o actual czar, ofereceu-lhe a nacionalidade e o passaporte russo e talvez, como brinde, uma datcha na Crimeia.
Ora a França era a pátria da liberdade, pelo que parece um contra-senso que um francês se exile precisamente por entender que já não há liberdade no seu país. Aliás, a moda de princípios do século era a inversa: os milionários perseguidos pela revolução bolchevique procuravam nas margens do Sena a segurança e o conforto que lhes era negado na sua terra. Se agora o movimento migratório é o inverso e até um indefectível guerreiro gaulês como Obélix se vê obrigado a emigrar antes que os impostos o esmaguem, forçoso é admitir que há algo de podre no reino da Gália.
A revista «Marie-Claire», ultrapassando todos os limites da decência laica e republicana, publicita a entrada na vida religiosa de uma ex-modelo, Lauren Falko, aliás Irmã Maria Teresa do Sagrado Coração. Pior ainda: quase elogia o gesto da anacrónica beldade voluntariamente enclausurada, em vez de vituperar o obscurantismo religioso, que impede de brilhar nas passerelles este prodígio da beleza feminina.
Qualquer dia, por este andar, a Marianne, o
ex-líbris da República Francesa, ver-se-á obrigada a ocultar o impudico seio e
a cobrir o seu escandaloso decote com um modesto hábito religioso e, talvez
até, a trocar o seu lendário barrete frígio pelas abas esvoaçantes do véu
religioso. É caso para perguntar: onde pára a França laica de Voltaire e
Rousseau? Onde paira o espírito de Simone de Beauvoir, precursora da
revolucionária ideologia do género? Onde estão as femininistas e as suas
revindicações de liberdade para as mulheres?
Mais grave ainda é que perto de um milhão de pessoas – a polícia francesa, que sofre de miopia política quando se trata de manifestações não alinhadas com o governo, só viu trezentas mil – se manifestou pelo casamento natural e contra a outorga do estatuto matrimonial às uniões de pessoas do mesmo sexo. Infelizmente, nem sequer foi um protesto caricato de umas quantas velhotas piedosas empunhando terços, nem uma procissão de padres e religiosas disfarçados, mas de milhares de trabalhadores, de jovens, de famílias, de mulheres e homens de todas as condições sociais e de todos os recantos da geografia francesa.
Que os clérigos ultramontanos e os fanáticos integristas se manifestem é uma coisa que até tem a graça de uma marcha folclórica, mas que um milhão de cidadãos saia à rua é outra muito diferente, sobretudo quando a iniciativa parte nada mais nem nada menos que de uma humorista, que dá pelo nome artístico de Frigide Barjot, e de Xavier Bongibault, um jovem homossexual. Diga-se de passagem que tem o seu quê de curioso que sejam uma artista e um gay a liderar um movimento de massas contra os casamentos entre pessoas do mesmo sexo. Os humoristas cá da terra não têm essa graça, nem consta que os homossexuais lusitanos tenham tido o bom senso de reconhecer que, por razões óbvias, às suas uniões não é aplicável o regime matrimonial.
Quer isto dizer que a França já não é a pátria das revoluções e traiu a sua vocação histórica? De modo nenhum! A França continua fiel à sua gloriosa tradição e na vanguarda da revolução social, mas agora contra o antigo regime libertário, socialista e laico. A nova revolução francesa é um grito de mudança e de esperança, em nome da verdade, da liberdade e da família.
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Pela liberdade e pela família, marchar, marchar!
Confesso que estou escandalizado com a França. Três notícias dão azo a este desconforto de soixante-huitard desiludido com a filha primogénita da Igreja e a pátria por excelência de todas as revoluções. A saber: o exílio de Gérard Depardieu, a entrada numa ordem religiosa de uma modelo e a manifestação de um milhão de franceses a favor do casamento natural. Mas vamos por partes.
Gérard Depardieu, se é que ainda não se chama Igor Ivanovitch ou coisa que o valha, deu com os pés à sua terra natal para se instalar com armas e bagagens na Rússia. Vladimir Putin, o actual czar, ofereceu-lhe a nacionalidade e o passaporte russo e talvez, como brinde, uma datcha na Crimeia.
Ora a França era a pátria da liberdade, pelo que parece um contra-senso que um francês se exile precisamente por entender que já não há liberdade no seu país. Aliás, a moda de princípios do século era a inversa: os milionários perseguidos pela revolução bolchevique procuravam nas margens do Sena a segurança e o conforto que lhes era negado na sua terra. Se agora o movimento migratório é o inverso e até um indefectível guerreiro gaulês como Obélix se vê obrigado a emigrar antes que os impostos o esmaguem, forçoso é admitir que há algo de podre no reino da Gália.
A revista «Marie-Claire», ultrapassando todos os limites da decência laica e republicana, publicita a entrada na vida religiosa de uma ex-modelo, Lauren Falko, aliás Irmã Maria Teresa do Sagrado Coração. Pior ainda: quase elogia o gesto da anacrónica beldade voluntariamente enclausurada, em vez de vituperar o obscurantismo religioso, que impede de brilhar nas passerelles este prodígio da beleza feminina.
Mais grave ainda é que perto de um milhão de pessoas – a polícia francesa, que sofre de miopia política quando se trata de manifestações não alinhadas com o governo, só viu trezentas mil – se manifestou pelo casamento natural e contra a outorga do estatuto matrimonial às uniões de pessoas do mesmo sexo. Infelizmente, nem sequer foi um protesto caricato de umas quantas velhotas piedosas empunhando terços, nem uma procissão de padres e religiosas disfarçados, mas de milhares de trabalhadores, de jovens, de famílias, de mulheres e homens de todas as condições sociais e de todos os recantos da geografia francesa.
Que os clérigos ultramontanos e os fanáticos integristas se manifestem é uma coisa que até tem a graça de uma marcha folclórica, mas que um milhão de cidadãos saia à rua é outra muito diferente, sobretudo quando a iniciativa parte nada mais nem nada menos que de uma humorista, que dá pelo nome artístico de Frigide Barjot, e de Xavier Bongibault, um jovem homossexual. Diga-se de passagem que tem o seu quê de curioso que sejam uma artista e um gay a liderar um movimento de massas contra os casamentos entre pessoas do mesmo sexo. Os humoristas cá da terra não têm essa graça, nem consta que os homossexuais lusitanos tenham tido o bom senso de reconhecer que, por razões óbvias, às suas uniões não é aplicável o regime matrimonial.
Quer isto dizer que a França já não é a pátria das revoluções e traiu a sua vocação histórica? De modo nenhum! A França continua fiel à sua gloriosa tradição e na vanguarda da revolução social, mas agora contra o antigo regime libertário, socialista e laico. A nova revolução francesa é um grito de mudança e de esperança, em nome da verdade, da liberdade e da família.
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segunda-feira, 21 de janeiro de 2013
Salazar e os actuais políticos pedintes
Memórias de um outro Portugal
Corria o ano da graça de 1962 (já lá vai meio século). A Embaixada de Portugal em Washington recebe pela mala diplomática um cheque de 3 milhões de dólares (em termos actuais algo parecido com 50 milhões €) com instruções para o encaminhar ao State Department para pagamento da primeira tranche do empréstimo feito pelos EUA a Portugal, ao abrigo do Plano Marshall.
O embaixador incumbiu-me (ao tempo era eu primeiro secretário da Embaixada) dessa missão.
Aberto o expediente, estabeleci contacto telefónico com a desk portuguesa, pedi para ser recebido e, solicitado, disse ao que ia. O colega americano ficou algo perturbado e, contra o costume, pediu tempo para responder. Recebeu-me nessa tarde, no final do expediente. Disse-me que certamente havia um mal-entendido da parte do governo português. Nada havia ficado estabelecido quanto ao pagamento do empréstimo e não seria aquele o momento adequado para criar precedentes ou estabelecer doutrina na matéria. Aconselhou a devolver o cheque a Lisboa, sugerindo que o mesmo fosse depositado numa conta a abrir para o efeito num banco português, até que algo fosse decidido sobre o destino a dar a tal dinheiro. De qualquer maneira, o dinheiro ficaria em Portugal. Não estava previsto o seu regresso aos EUA.
Transmiti imediatamente esta posição a Lisboa, pensando que a notícia seria bem recebida, sobretudo numa altura em que o tesouro português estava a braços com os custos da guerra em África. Pensei mal. A resposta veio imediata e chispava lume. Não posso garantir a esta distância a exactidão dos termos mas era algo do tipo: «Pague já e exija recibo». Voltei à desk e comuniquei a posição de Lisboa.
Lançada estava a confusão no Foggy Bottom: – não havia precedentes, nunca ninguém tinha pago empréstimos do Plano Marshall; muitos consideravam que empréstimo, no caso, era mera descrição; nem o State Department, nem qualquer outro órgão federal, estava autorizado a receber verbas provenientes de amortizações deste tipo. O colega americano ainda balbuciou uma sugestão de alteração da posição de Lisboa mas fiz-lhe ver que não era alternativa a considerar. A decisão do governo português era irrevogável.
Reuniram-se então os cérebros da task force que estabelecia as práticas a seguir em casos sem precedentes e concluíram que o Secretário de Estado – ao tempo Dean Rusk – teria que pedir autorização ao Congresso para receber o pagamento português. E assim foi feito. Quando o pedido chegou ao Congresso atingiu implicitamente as mesas dos correspondentes dos meios de comunicação e fez manchete nos principais jornais. «Portugal, o país mais pequeno da Europa, faz questão de pagar o empréstimo do Plano Marshall»; «Salazar não quer ficar a dever ao tio Sam» e outros títulos do mesmo teor anunciavam aos leitores americanos que na Europa havia um país (Portugal) que respeitava os seus compromissos.
Anos mais tarde conheci o Dr. Aureliano Felismino, Diretor-Geral perpétuo da Contabilidade Pública durante o salazarismo (e autor de umas famosas circulares conhecidas ao tempo por «Ordenações Felismínicas» as quais produziam mais efeito do que os decretos do governo). Aproveitei para lhe perguntar por que razão fizemos tanta questão de pagar o empréstimo que mais ninguém pagou. Respondeu-me empertigado: – «Um país pequeno só tem uma maneira de se fazer respeitar: é nada dever a quem quer que seja».
Lembrei-me desta gente e destas máximas quando há dias vi na televisão o nosso Presidente da República a ser enxovalhado pública e grosseiramente pelo seu congénere checo a propósito de dívidas acumuladas.
Eu ainda me lembro de tais coisas, mas a grande maioria dos Portugueses de hoje nem esse consolo tem.
Estoril, 18 de Abril de 2010 - Luís Soares de Oliveira
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Corria o ano da graça de 1962 (já lá vai meio século). A Embaixada de Portugal em Washington recebe pela mala diplomática um cheque de 3 milhões de dólares (em termos actuais algo parecido com 50 milhões €) com instruções para o encaminhar ao State Department para pagamento da primeira tranche do empréstimo feito pelos EUA a Portugal, ao abrigo do Plano Marshall.
O embaixador incumbiu-me (ao tempo era eu primeiro secretário da Embaixada) dessa missão.
Aberto o expediente, estabeleci contacto telefónico com a desk portuguesa, pedi para ser recebido e, solicitado, disse ao que ia. O colega americano ficou algo perturbado e, contra o costume, pediu tempo para responder. Recebeu-me nessa tarde, no final do expediente. Disse-me que certamente havia um mal-entendido da parte do governo português. Nada havia ficado estabelecido quanto ao pagamento do empréstimo e não seria aquele o momento adequado para criar precedentes ou estabelecer doutrina na matéria. Aconselhou a devolver o cheque a Lisboa, sugerindo que o mesmo fosse depositado numa conta a abrir para o efeito num banco português, até que algo fosse decidido sobre o destino a dar a tal dinheiro. De qualquer maneira, o dinheiro ficaria em Portugal. Não estava previsto o seu regresso aos EUA.
Transmiti imediatamente esta posição a Lisboa, pensando que a notícia seria bem recebida, sobretudo numa altura em que o tesouro português estava a braços com os custos da guerra em África. Pensei mal. A resposta veio imediata e chispava lume. Não posso garantir a esta distância a exactidão dos termos mas era algo do tipo: «Pague já e exija recibo». Voltei à desk e comuniquei a posição de Lisboa.
Lançada estava a confusão no Foggy Bottom: – não havia precedentes, nunca ninguém tinha pago empréstimos do Plano Marshall; muitos consideravam que empréstimo, no caso, era mera descrição; nem o State Department, nem qualquer outro órgão federal, estava autorizado a receber verbas provenientes de amortizações deste tipo. O colega americano ainda balbuciou uma sugestão de alteração da posição de Lisboa mas fiz-lhe ver que não era alternativa a considerar. A decisão do governo português era irrevogável.
Reuniram-se então os cérebros da task force que estabelecia as práticas a seguir em casos sem precedentes e concluíram que o Secretário de Estado – ao tempo Dean Rusk – teria que pedir autorização ao Congresso para receber o pagamento português. E assim foi feito. Quando o pedido chegou ao Congresso atingiu implicitamente as mesas dos correspondentes dos meios de comunicação e fez manchete nos principais jornais. «Portugal, o país mais pequeno da Europa, faz questão de pagar o empréstimo do Plano Marshall»; «Salazar não quer ficar a dever ao tio Sam» e outros títulos do mesmo teor anunciavam aos leitores americanos que na Europa havia um país (Portugal) que respeitava os seus compromissos.
Anos mais tarde conheci o Dr. Aureliano Felismino, Diretor-Geral perpétuo da Contabilidade Pública durante o salazarismo (e autor de umas famosas circulares conhecidas ao tempo por «Ordenações Felismínicas» as quais produziam mais efeito do que os decretos do governo). Aproveitei para lhe perguntar por que razão fizemos tanta questão de pagar o empréstimo que mais ninguém pagou. Respondeu-me empertigado: – «Um país pequeno só tem uma maneira de se fazer respeitar: é nada dever a quem quer que seja».
Lembrei-me desta gente e destas máximas quando há dias vi na televisão o nosso Presidente da República a ser enxovalhado pública e grosseiramente pelo seu congénere checo a propósito de dívidas acumuladas.
Eu ainda me lembro de tais coisas, mas a grande maioria dos Portugueses de hoje nem esse consolo tem.
Estoril, 18 de Abril de 2010 - Luís Soares de Oliveira
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