quinta-feira, 30 de maio de 2013

A síndrome da presunção
e a doença mental na política

Pedro Afonso

Muitos de nós já se terão questionado: será que o poder transforma as pessoas, alterando-lhes a personalidade, ou será que aqueles que chegam ao poder já apresentam traços ou características de doença psiquiátrica?

É provável que ambas as hipóteses sejam verdadeiras, senão vejamos: um estudo (Davidson et al.) publicado em 2006 na revista Journal of Nervous and Mental Disease, após uma revisão de fontes biográficas de presidentes dos EUA entre 1776 e 1974  mostrou que 18 (49%) preencheram critérios que sugeriam doença psiquiátrica. Neste caso, depressão (24%), ansiedade (8%), perturbação bipolar (8%) e alcoolismo (8%) foram as doenças mais frequentemente reportadas. Também há vários relatos de que Winston Churchil sofria de depressão, a que chamava «o cão negro». Existem ainda inúmeros elementos biográficos que levam a suspeitar que, por exemplo, Mussolini, Mao Tse-Tung, Khrushchev e Saddam Hussein sofriam de doença bipolar.

Em 2009, num artigo publicado na prestigiada revista Brain, David Owen, médico e ex-ministro dos negócios estrangeiros inglês, juntamente com o psiquiatra Jonathan Davidson, defenderam a existência de uma doença psiquiátrica, originada pelo exercício do poder, designada por «síndrome da presunção» (Hubris syndrome). Segundo estes autores, esta síndrome, que partilha elementos com o narcisismo e a psicopatia, corresponde a um padrão de comportamento provocado pela exposição a um cargo de poder por um período variável de 1 a 9 anos. Os sintomas identificados são vários: perda de contacto com a realidade, predisposição para ver o mundo como um lugar para a auto-glorificação através do uso do poder, preocupação exagerada com a imagem e a apresentação, forma messiânica de falar acerca do que estão a fazer, utilização recorrente do «nós» em tom majestático, identificação de si próprios (ideias e pensamentos) com o Estado, como se fossem um só, excesso de autoconfiança com desdém perante os conselhos ou críticas dos outros, assumir apenas responsabilidade para um tribunal superior (história ou Deus) ao mesmo tempo que reitera a crença de que será recompensado nesse julgamento.

O ambiente de poder que rodeia a maior parte dos chefes de governo tem um impacto significativo sobre estas pessoas, mesmo as mais estáveis psiquicamente, uma vez que deixam de ter uma vida normal. Vivem muitas vezes em casas sumptuosas do Estado, rodeados de um séquito de aduladores, têm carros com motorista, seguranças, e deslocam-se em ambientes protegidos: de uma suíte VIP de um aeroporto para um palácio governamental, ou para um fórum com a elite empresarial. Ora tudo isto dá um nível de vida e um afastamento dos problemas do dia-a-dia que só algumas pessoas muito ricas podem igualar. Mas mais importante é que este estilo de vida origina ao líder político um grande isolamento. Por conseguinte, este começa a acreditar que não é igual aos outros homens. Fica emerso num mundo de ideias geradas apenas por si próprio, e aos poucos, sem se aperceber, vai perdendo o contacto com o mundo real.

A intoxicação pelo poder é um caminho que nem todos os indivíduos têm capacidade para neutralizar. Muitos acabam por ultrapassar a fronteira entre a decisão competente e a incompetência presunçosa.  Os políticos, tal como os médicos, têm a vida das pessoas que governam nas suas mãos. Nalguns casos a responsabilidade pode ser ainda maior, já que podem decidir se colocam em risco a vida dos seus cidadãos. Por exemplo, podem decidir subtrair os rendimentos das pessoas, através dos impostos, remetendo os mais frágeis para a asfixia da pobreza;  podem criar um clima de insegurança e medo, roubando a esperança no futuro a gerações inteiras; podem cobardemente incentivar a emigração ou de forma inábil obrigarem as pessoas a viver resignadamente num país onde floresce a miséria psicológica.

Importa sublinhar que a síndrome de presunção é um tema controverso e não surge, pelo menos para já, nos manuais de psiquiatria. Mas é curioso constatar que facilmente podemos identificar algumas das características descritas nalguns políticos portugueses. Seja como for, uma das formas mais eficazes de evitar os efeitos devastadores dos políticos presunçosos, é através da detecção precoce dos sinais de «intoxicação pelo poder», tais como: a crença de que o sofrimento de um povo corresponde a lamechices, a utilização obsessiva de agências de comunicação e de eventos organizados para autopromoção, a preocupação excessiva pela imagem, a tentativa de controle da comunicação social, o desdém pelos adversários políticos, a teimosia e a obstinação,  o recurso a retóricas políticas extravagantes e enganadoras, nas quais surgem frequentes contradições, e a persistência perversa numa política que comprovadamente não funciona.

Tal como nas psicoses, os afectados pela síndrome da presunção não reconhecem «estar doentes», já que para eles isso é um sinal de fraqueza. Ou seja, raramente se demitem, devendo por isso serem demitidos. Para bem da sociedade e dos governantes afectados, os médicos que descreveram esta síndrome afirmam que ela tem cura, já que é propensa a desaparecer com o afastamento do poder. Finalmente, e citando Chesterton, a perfeita autoconfiança não é apenas um pecado; a perfeita autoconfiança é uma fraqueza. Os homens que acreditam «demasiado» em si mesmos estão todos fechados nos manicómios.





quarta-feira, 29 de maio de 2013

O Crepúsculo dos Borbons

[Clique na imagem para visualizar o diapositivo]

terça-feira, 28 de maio de 2013

O padre Carlos Cabecinhas
ao lado de quem?

Luís Lemos

O novo Reitor do Santuário de Fátima, o padre Carlos Cabecinhas, proibiu no Santuário, no dia 12 de Maio, a recolha de assinaturas a um movimento contra o aborto. Para tal, invocou argumentos falaciosos que, no fundo, significariam que a luta contra o aborto não seria uma luta também da Igreja.



Ao lado de quem estará
o padre Cabecinhas?










domingo, 26 de maio de 2013

Roma demite padre católico maçom
em França


[Para quando a limpeza em Portugal de padres e bispos?]

Jean-Marie Guénois, jornal Le Figaro

O pároco de Megève (França), Pascal Vesin, foi demitido das suas funções pastorais pela Santa Sé em razão da sua pertença maçónica.
O facto é raro. Roma suspende um padre católico francês, Pascal Vesin, de 43 anos, pároco de Megève (Haute-Savoie), pela sua «pertença activa» a uma loja maçónica do Grande Oriente de França. O anúncio foi feito sexta-feira através de um comunicado da diocese de Annecy, cujo bispo é D. Yves Boivineau.

O caso remonta a uma carta anónima que denunciou esta situação, recebida em 2010 pelo bispo e pela Nunciatura Apostólica de Paris. Interrogado, o padre em questão inicialmente negou totalmente, mas, confrontado em 2011, foi-lhe expressamente pedido que deixasse o seu envolvimento maçónico.

Acabou por rejeitar esse pedido, depois de um longo diálogo com o seu bispo.

Este sacerdote, ordenado em 1996 e membro do Grande Oriente desde 2001, declarou ao Figaro: «Eu não escolhi a Maçonaria contra a Igreja. Este gesto não é, portanto, um combate maçonaria versus Igreja Católica. É, sim, a expressão da minha liberdade absoluta de consciência dentro da instituição católica.»
Para ele, «o tempo do confronto passou[Exactamente a mesma argumentação do bispo Carlos Azevedo na televisão, o tal bispo envolvido nas histórias de homossexualidade] «Sereno», ele desejava poder viver uma «dupla filiação», e acrescenta que ele propôs ao bispo retirar-se para formar um grupo de trabalho e reflexão em vista de um «melhor diálogo» entre a Igreja Católica e a Maçonaria. Mas, em Roma, a Congregação para a Doutrina da Fé, responsável por esta área, não pensou da mesma maneira. Este organismo do Vaticano comunicou ao bispo, no passado 7 de Março – pouco antes do Conclave, que elegeu a 13 de Março o Papa Francisco após o final do pontificado de Bento XVI em 28 de Fevereiro – a ordem de demitir das suas funções o padre Pascal Vesin.