sexta-feira, 12 de julho de 2013

Carta de uma professora

Colegas, é com grande mágoa que lhes vou relatar o seguinte caso: no dia 13 de Junho, na última 5.ª  feira, portanto, uma colega nossa foi agredida violentamente por um aluno dentro da sala de aula. Ouviram dizer alguma coisa?? Não! Andava tudo muito preocupado com as greves... Comunicação social?? Contactaram a RTP, a SIC e a TVI...Alguém disse alguma coisa?? Não. Quando é que vão dizer? Quando for um professor a agredir um aluno.

Por todo este silêncio, não me posso calar mais, até porque já atingi uma idade que não me permite assistir a tamanhas injustiças e a tamanhas incompetências por parte de alguns directores. Vou relatar o caso tal qual me foi dado a conhecer, depois de falar com a colega em questão e com alguns alunos da turma: a colega convidou o aluno a sair da sala porque estava a prejudicar o seu bom funcionamento. Este recusou, com é hábito nesta escola. Mandou chamar alguém da direcção que, rapidamente o encaminhou para o Gabinete de Apoio. O aluno fugiu de lá e foi novamente para a sala de aula, ameaçando a professora... Novamente a direcção foi lá buscá-lo. O aluno conseguiu entrar novamente no pavilhão quando a aula já estava a terminar...Entra de rompante na aula, ordena aos colegas para fecharem os estores, o que eles recusaram, dirige-se à secretária da professora, pegou na chave e trancou toda a turma e professora. Dirigiu-se à professora, dizendo «Agora nós»!; esta ignorou-o completamente, encaminhando-se para o lado oposto da sala. Aí, foi-lhe aplicado um violento murro, provocando-lhe perca de consciência... Depois, é o habitual: polícia, INEM, aluno em fuga e direcção a tentar abafar.

Psicologicamente a colega está devastada, pois continua a dar aulas à turma (CEF), tendo que encarar 3 alunos que, não estando presentes na aula no dias dos acontecimentos, estão muito felizes com o sucedido. A opinião dos colegas da escola é que também estes alunos teriam que ser suspensos. Tenho algum receio que este caso ainda não tenha terminado porque a colega está sem qualquer apoio da escola, seja a nível psicológico seja relativamente a assuntos ligados à sua agressão, nomeadamente junto do hospital.

Colegas, só gostaria que partilhassem esta minha preocupação... e vou dizer-lhes qual é a escola – EBI/JI Sopia de Mello Breyner, na OUTURELA – CARNAXIDE.





quinta-feira, 11 de julho de 2013

Há coincidências interessantes, não há?









Egipto Pós Morsi: Júbilo e Preocupação


Daniel Pipes

A destituição de Mohamed Morsi no Egipto causa-me fascínio e preocupação.

Fascínio é fácil de explicar. O que aparenta ter sido a maior demonstração política da história, removeu os arrogantes islamistas que governaram com quase total desconsideração em relação a tudo que não fosse consolidar o seu próprio poder. Islamismo, o anseio em adoptar a lei islâmica medieval, o único movimento utópico radical vibrante no mundo de hoje, passou por um repúdio sem precedentes. Os egípcios mostraram um espírito estimulante.
Abdul Fatah Al-Sisi anunciando a remoção de Morsi

O que levou 18 dias para derrubar Hosni Mubarak em 2011 levou, nessa semana, apenas quatro dias para derrubar Morsi. O número de mortes caiu proporcionalmente de 850 para 40. Os governos ocidentais (particularmente a administração Obama) acreditando estarem do lado histórico ajudando o regime da Irmandade Muçulmana, viram-se devidamente constrangidos.

A minha preocupação é mais complexa. O registro histórico mostra que o domínio da utopia dura até começar a calamidade. Teoricamente, o fascismo e o comunismo parecem ser atraentes, somente a realidade de Hitler e Stalin desacreditou e marginalizou esses movimentos.

No caso do islamismo, esse processo já começou, na realidade, a repulsa começou acarretando muito menos destruição do que os dois casos acima citados (o islamismo ainda não matou dezenas de milhões de pessoas) e com mais rapidez (anos, não décadas). As últimas semanas testemunharam três rejeições consecutivas do domínio islamista, as manifestações inspiradas no Parque Gezi que se espalharam pela Turquia, a vitória impressionante do islamista de linha menos dura nas eleições iranianas em 14 de Junho e agora a maciça refutação da Irmandade Muçulmana nas praças ao longo do Rio Nilo.

Mas temo que a rápida remoção, pelas forças armadas, do governo da Irmandade Muçulmana irá isentar os islamistas.

O Egipto está em frangalhos. As relações entre os elementos a favor e contra a Irmandade Muçulmana já se tornaram violentas e ameaçam deteriorar-se ainda mais. Coptas e xiitas são assassinados devido apenas às suas identidades. A Península do Sinai é uma anarquia. A incompetente e gananciosa liderança militar, que governou o Egipto de forma corrupta nos bastidores, entre 1952 e 2012, está de volta ao poder.

Mas os problemas mais complicados são os económicos. Houve um declínio nas remessas de dinheiro dos trabalhadores estrangeiros desde a insurreição na vizinha Líbia. A sabotagem nos gasodutos que enviam gás natural para Israel e Jordânia acabou com essa fonte de renda. Obviamente o turismo entrou em colapso. Ineficiência significa que o país produtor de hidrocarboneto não possui combustível suficiente para movimentar os tractores a todo vapor. Fábricas da era socialista produzem bens de modo medíocre.

O Egipto que importa segundo estimativas 70% dos alimentos, está ficando rapidamente sem moeda forte para pagar o trigo, óleos comestíveis além de outras comodidades. A fome está ameaçando o país. A menos que os estrangeiros ajudem e subsidiem o Egipto com dezenas de bilhões de dólares por ano, por tempo indeterminado, cenário altamente improvável, a fome parece ser inevitável. Já está acontecendo, uma em cada sete famílias pobres diminuiu o consumo de alimentos.

Como se não bastassem todos esses perigos, na semana passada o governo etíope aproveitou-se da fragilidade egípcia e começou a construir uma barragem no Nilo Azul, que poderá causar a redução da água fornecida para o Egipto de 55 bilhões de metros cúbicos para 40 bilhões, uma iniciativa com implicações negativas incalculáveis para a vida no país conhecido como dádiva do Nilo.

À medida que esses desastres batem à porta, apenas com um ano de duração do domínio islamista de Morsi e companhia, que tanto fizeram para exacerbar esses problemas, poderão bem ser esquecidos e, seja lá quem herdar o governo, será culpado. Por outras palavras, a dor pela qual os egípcios estão passando e estão para passar, poderá ser em vão. Quem sabe, dominados pelo desespero, poderão voltar-se de novo para os islamistas para tirá-los da difícil situação. Na mesma linha, o curto período de tempo em que a Irmandade Muçulmana ficou no poder, significa que outros povos muçulmanos também não beneficiarão da terrível experiência do Egipto.

Mudando de assunto, Lee Smith do Instituto Hudson especula que os novos governantes do Egipto irão crer que uma curta guerra contra Israel será o único meio de «reunificar o país e conseguir dinheiro da comunidade internacional, ansiosa em promover um acordo de paz», bem como «fazer o Egipto voltar à respeitada condição de outrora» no Próximo-Oriente. Tal guerra não atingirá nenhum desses objectivos, as forças egípcias serão provavelmente esmagadas, deixando o país ainda mais pobre e fraco, mas não se pode desprezar essa possibilidade. Os líderes militares do Egipto já cometeram tolices desse tipo diversas vezes contra Israel.

Em suma, a minha alegria quanto à partida de Morsi mais que compensa a minha preocupação que as lições desse desgoverno não serão estudadas.





quarta-feira, 10 de julho de 2013

terça-feira, 9 de julho de 2013

Ciclo de conferências «Portugal, Legado e Futuro»







Parlamento da Bélgica,
dominado pela maçonaria,
debate eutanásia para crianças

O Parlamento da Bélgica
O Parlamento da Bélgica debate ampliar a actual Lei da Eutanásia aos menores de idade, com o fim de outorgar aos jovens e crianças decidir se acabarem ou não com a sua vida.

Conforme informou o jornal Avvenire, a proposta de lei poderia aprovar-se antes de Setembro. A prática foi apoiada por quatro senadores dos partidos com maioria absoluta – os socialistas e os liberais –, liderados por Elio Di Rupo, e pelos senadores dos dois partidos ecologistas. Apenas os democratas cristãos se opõem à proposta.
Elio Di Rupo

A Lei da Eutanásia na Bélgica entrou em vigor no ano 2002 e permite aos adultos submeter-se a uma injecção letal para pôr fim à vida em casos de doenças terminais, dolorosas ou Alzheimer. No ano 2012, o país registou o recorde de casos de eutanásia. Desde que a lei entrou em vigor, 1432 pessoas receberam a injecção.

O socialista Philippe Mahoux – um dos pais da lei que legalizou a eutanásia –, argumenta que com a proposta de lei «os médicos poderiam pôr fim à vida de uma criança, se se encontrar numa situação médica sem saída, em estado de sofrimento físico, psíquico constante e insuportável, e que apresente uma solicitude de eutanásia».

A proposta de lei não coloca limites de idade e só faz referência à «capacidade de discernimento» da criança, com «a garantia de que expresse algo que compreenda». Além disso, para a avaliação a lei propõe um teste psicológico elaborado por psiquiatras.
Philippe Mahoux

Os defensores da eutanásia argumentam a «extraordinária maturidade», que desenvolve a criança doente.

Outra condição da proposta é a autorização da injecção por parte de ambos os pais, a quem lhes garante um acompanhamento psicológico durante vários anos depois de autorizar a morte de seu próprio filho.

A proposta outorga aos doutores que devem injectar a eutanásia 7 dias para exercerem o direito de objecção de consciência. Em caso de opor-se à injecção, a «prática» passaria a um colega.

A política belga é dominada pela maçonaria irregular, a qual corresponde ao Grande Oriente de França e ao Grande Oriente Lusitano.




domingo, 7 de julho de 2013

A mulher de César
[ Noronha Nascimento ]


Publicado em 16 de Junho de 2013, no Jornal de Notícias, por Marinho Pinto. Quando eles se zangam… (O texto está corrigido em termos de ortografia, pois apresentava alguns erros, ditos do «Acordo Ortográfico» de Santana Lopes-Cavaco-Sócrates)

Luís Noronha Nascimento deixou este mês (dia 12) a presidência do Supremo Tribunal de Justiça e jubilou-se, ou seja, deixa de trabalhar, mas continua com todas as regalias dos juízes no activo, incluindo as remuneratórias. O trajecto que o levou a presidente do STJ começou no início dos anos noventa. Primeiro conquistou o sindicato dos juízes, depois o Conselho Superior da Magistratura e, finalmente, o STJ.

Noronha Nascimento é daquelas pessoas que não olha a meios para atingir os fins. Os seus princípios estão orientados para os seus fins. Ideologicamente, é um estalinista puro, ou seja um indivíduo que é capaz de fazer alianças com o próprio diabo, se isso for útil ao que pretende. O seu granítico corporativismo judicial é como que uma síntese entre Béria e Torquemada. Os direitos dos cidadãos pouco interessam perante os privilégios dos juízes.

De uma ambição sem limites, instrumentalizou o sindicato dos juízes e o próprio CSM. Muitos acusam-no de, a partir do CSM, ter controlado o acesso ao STJ e, assim, ter formado, com amigos seus, o colégio eleitoral que haveria de o eleger presidente desse tribunal. O caso chegou a ser denunciado, mas sem quaisquer consequências. Todos se calaram, ou melhor todos comentavam em privado, mas publicamente agiam como se nada estivesse a acontecer, mostrando, assim, o que é, desde há muitos anos, o principal (des)«valor» da nossa República democrática: a cobardia.

A sua ilimitada vaidade levou-o a contratar, mal chegou a presidente do STJ, uma agência de comunicação e a alterar o site do tribunal para aparecer, logo na abertura, em lugar de destaque, a sua fotografia em pose provinciana de estadista. Enquanto todos os outros tribunais mostravam aquilo que se procura no site de um tribunal, o do STJ exibia a figura mefistofélica do seu presidente ladeado de bandeiras.

Em encontros promovidos por titulares de outros poderes de Estado, Noronha Nascimento dava sempre nas vistas pelo seu protagonismo de circunstância, normalmente exibindo aos anfitriões uma cultura geral do tipo Reader's Digest. Essa vaidade pessoal levou-o a degradar a própria dignidade de juiz, pois aceitou incumbências incompatíveis com o seu estatuto funcional, designadamente a de representar, em actos políticos no estrangeiro, titulares do Poder Político que ele poderia vir a ter de julgar.

Mas foi a decisão de mandar destruir as escutas de José Sócrates no processo «Face Oculta» que levantou dúvidas sobre a sua imparcialidade como juiz, já que o suspeito era nem mais nem menos o Primeiro-Ministro e líder da maioria política que aprovara, contra toda a nossa tradição judicial, algumas medidas tão queridas pelos conselheiros do STJ, nomeadamente a célebre «dupla conforme», ou seja, a impossibilidade de se recorrer para o STJ da decisão do Tribunal da Relação que confirme a decisão de primeira instância.

Portugal é dos países que tem mais conselheiros, porque, no final dos anos oitenta, o actual código de processo penal previa um recurso directo da primeira instância para o STJ. Isso foi aproveitado pelos juízes para aumentar o número de conselheiros de cerca de vinte para mais de setenta. Esse tipo de recursos acabou há muito, mas os conselheiros mantiveram-se (como se mantém o subsídio de habitação do tempo em que os juízes não podiam permanecer mais de seis anos no mesmo tribunal). É certo que, devido à crise económica e financeira, Noronha Nascimento só realizou parcialmente o binómio sindicalista de «menos trabalho e mais dinheiro». Os juízes do STJ têm hoje muito menos trabalho do que tinham quando ele foi eleito presidente e mantêm os seus principais privilégios.

Por outro lado, o filho de Noronha Nascimento conseguiu, durante o tempo em que o pai foi presidente do STJ, arranjar um emprego num organismo do Estado que dependia directamente de José Sócrates. Pode ser apenas coincidência, pode tudo ter corrido dentro da mais estrita legalidade e normalidade, mas, até por isso, Noronha Nascimento deveria ter-se recusado a apreciar o caso das escutas de José Sócrates e, sobretudo, não deveria andar a fazer insistentes declarações públicas sobre a irrelevância criminal de conversas telefónicas cujo conteúdo as pessoas ignoram. É que a um juiz não basta ser honesto, é preciso parecê-lo !!!