sexta-feira, 22 de novembro de 2013

Notícia da RR e comentário:
Sínodo anglicano vota a favor de mulheres bispo


Luís Lemos

Esta notícia (que reproduzimos a azul) foi redigida por algum jornalista da RR ou então será de agência noticiosa e foi reproduzida no sítio pela dita rádio, sem pestanejar. Isto significaria que o jornalista da RR subscreve o texto. Os nossos comentários serão entremeados na peça.


Uma clériga inglesa citou o Papa Francisco
no seu discurso a favor da ordenação
episcopal de mulheres.
Apenas oito pessoas votaram contra.


Anglicana

A Igreja de Inglaterra poderá ter mulheres bispo já em 2014 ou 2015.

O sínodo geral da Igreja Anglicana aprovou esta tarde a ordenação episcopal de mulheres, apenas um ano depois de a mesma medida ter sido bloqueada por forças conservadoras. Topam a posição dos «progressistas» da RR, «emissora católica portuguesa»? Forças conservadoras!

O chumbo de 2012 foi inesperada e um grande choque para a maioria dos anglicanos. Coitadinhos! Sofreram tanto com tal choque provocado pelas forças conservadoras! Na altura foi a câmara dos leigos que não conseguiu os dois terços necessários para passar a medida, mas os líderes da Igreja, incluindo o Arcebispo de Cantuária, prometeram fazer tudo para ultrapassar a situação. Quer dizer que os leigos não são tão progressistas como a hierarquia. Esta, sim, é progressista! (Onde é que já vimos este filme?)

A votação desta quarta-feira encurta o tempo que seria necessário esperar para voltar a apresentar a moção. Um total de 378 membros do sínodo, que inclui bispos, clérigos e leigos, votou a favor. Oito pessoas votaram contra e houve 25 abstenções. Viva a democracia! Viva o referendo popular! Vivam «as bases»! Falta ainda uma votação mais formal, mas com estes níveis de apoio não há possibilidade de qualquer das câmaras chumbar a iniciativa.

A aprovação apenas foi possível com a cedência das facções mais conservadorasÉ que estes tipos conservadores, além de conservadores, são facções. Não serão mesmo máfias? A RR não estará a exagerar na sua caridade? Estas apenas alinharam perante garantias de que as suas dioceses ou paróquias não seriam servidas por mulheres bispo, uma vez que não aceitam a validade das suas ordens.

A Igreja de Inglaterra está assim prestes a tornar-se a mais recente igreja da Comunhão Anglicana a permitir a ordenação de mulheres para o episcopado, juntando-se à Austrália, Nova Zelândia, Canadá e Estados Unidos, cujo ramo anglicano, a Igreja Episcopaliana, é mesmo chefiado por uma mulher.

Papa citado

Durante o debate que antecedeu a votação, várias pessoas falaram a favor da medida.

A certa altura uma cónega resolveu mesmo citar o Papa Francisco neste contexto: «O Papa Francisco percebeu – ele deixou de julgar as pessoas e começou a amá-las».

A citação é duplamente curiosa uma vez que a Igreja Anglicana não reconhece a primazia e a autoridade do Papa e, na conferência de imprensa que deu no regresso do Rio de Janeiro, o Papa Francisco foi claro na sua resposta quando questionado sobre a eventual ordenação de mulheres para o sacerdócio, dizendo que «essa é uma porta que está fechada».

A Igreja Católica considera que não tem a autoridade para ordenar mulheres, uma vez que nem nas escrituras nem na tradição da Igreja existe sustento para essa inovação.





quinta-feira, 21 de novembro de 2013

Os carenciados

[Clique na imagem para visualizar o diaporama]

quarta-feira, 20 de novembro de 2013

terça-feira, 19 de novembro de 2013

É capaz de lhe chamarem o melhor árbitro do mundo


Entre as peneiras e auto-elogios do Vítor Pereira & C.ª da arbitragem e a prática há um fosso. Este «filósofo da arbitragem» é, na realidade, o Blater doméstico. Vejamos num texto que circula na net o que se passou na Roménia com o seu craque Pedro Proença. Sim, o que se passou na Roménia. Porque do que se passa cá sabemos nós há muito tempo.

Da net

A imprensa da Roménia considera inaceitável que o árbitro português não tenha visto Mitroglou em fora de jogo no 1-0.
Pedro Proença criticado pela Imprensa romena (com vídeo)
A arbitragem de Pedro Proença no Grécia-Roménia continua a merecer críticas dos romenos, apesar de o seleccionador Victor Piturca admitir que a derrota por 3-1 ficou a dever-se a erros dos seus jogadores. A comunicação social da Roménia arrasa a equipa de arbitragem portuguesa por ter validado o 1-0. Na altura, Mitroglou estava em fora de jogo e a comunicação social romena considera incompreensível que Proença não tenha visto mais dois jogadores gregos em posição irregular. «É impossível não perceber que estão três jogadores em fora de jogo. Até se fosse um árbitro de segundo escalão a falhar, aconselhava-o a deixar a arbitragem. Devia pedir-nos desculpa», afirmou o antigo árbitro Dan Lazarescu.

Não houve nenhum protesto oficial, mas antes do jogo, a nomeação de Proença não foi bem aceite e a federação romena enviou um documento à FIFA, alertando para a possibilidade de se «levantarem suspeitas» por Proença ser português como o seleccionador da Grécia, Fernando Santos.

Os romenos queixam-se ainda de dualidade de critérios no capítulo disciplinar. «Foram marcadas faltas em excesso contra nós e não vimos isso do lado grego», disse o avançado Marica, numa alusão à expulsão de Lazar.

Recorde-se que no passado, Proença também esteve na mira dos romenos. Em 2010, foi criticado após o desaire por 2-0 com a França, na qualificação para o Euro'2012 e já este ano o Steaua contestou a sua actuação após o 2-2 com o Légia de Varsóvia, no play-off de acesso à Champions.





Desenleando a polémica
sobre a psiquiatria e a pedofilia
enquanto «orientação sexual»


Jorge Ferraz

A polémica do dia é esta: Psiquiatras dos EUA aceitam pedofilia como «orientação sexual». O assunto está correr na internet.

Li o seguinte na «ACI Digital»:

A Associação Americana de Psiquiatria dos Estados Unidos (APA) aceitou dentro da quinta edição do seu Manual de Diagnóstico e Estatística das Desordens Mentais a «orientação sexual pedofílica», e diferenciou-a da «desordem pedofílica».

Fui procurar. O tal Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorder sexiste. A sua quinta edição foi de facto recentemente editada. Trata-se realmente de um texto de referência da American Psychiatric Association.

Não tive acesso à íntegra do manual na internet, mas encontrei (no site oficial do DSM-5) um documento falando sobre parafilias com a nova versão. Lá é realmente dito que a quinta edição do livro traçou uma linha separativa entre comportamento humano atípico e comportamento que causa angústia mental [mental distress] para o indivíduo ou faz com que ele seja uma séria ameaça ao bem-estar físico e psicológico de terceiros. E estabeleceu a diferença entre o comportamento atípico e a doença (possivelmente) decorrente dele:

É uma diferença subtil mas crucial, que torna possível a um indivíduo envolver-se consensualmente em comportamentos sexuais atípicos sem ser inapropriadamente rotulado com um distúrbio mental. Com esta revisão, o DSM-5 claramente distingue entre interesses sexuais atípicos e distúrbios mentais envolvendo estes desejos ou comportamentos.

[It is a subtle but crucial difference that makes it possible for an individual to engage in consensual atypical sexual behavior without inappropriately being labeled with a mental disorder. With this revision, DSM-5 clearly distinguishes between atypical sexual interests and mental disorders involving these desires or behaviors.]

E aí começou a brincadeira: masoquismo sexual virou «distúrbio sexual masoquista», fetichismo virou «distúrbio fetichista», etc. Finalmente chegamos à cereja do bolo: o que era simplesmente pedofilia (pedophilia) virou «distúrbio pedofílico» (pedophilic disorder).

À primeira vista, portanto, vale tudo o que foi dito acima: a «subtil» mudança objectivava distinguir o comportamento do distúrbio, tornando assim possível a existência de um «desejo ou comportamento» pedofílico que não fosse intrinsecamente doentio. Porém, contudo, todavia, o mesmo documento dedica o parágrafo final a este espinhoso caso, explicando o seguinte:

No caso do distúrbio pedofílico, o detalhe (sic) notável é o que não foi revisado no novo manual. Embora tenham sido discutidas propostas durante o processo de elaboração do DSM-5, os critérios diagnósticados terminaram permanecendo os mesmos do DSM-IV TR. Apenas o nome do distúrbio será mudado de pedofilia para distúrbio pedofílico, a fim de manter a consistência com [a nomenclatura adoptada] nos outros itens do capítulo.

[In the case of pedophilic disorder, the notable detail is what wasn’t revised in the new manual. Although proposals were discussed throughout the DSM-5 development process, diagnostic criteria ultimately remained the same as in DSM-IV TR. Only the disorder name will be changed from pedophilia to pedophilic disorder to maintain consistency with the chapter’s other listings.]

Note-se, portanto, a alteração: fez-se uma revisão completa no conceito de parafilias, a fim de distinguir entre o «comportamento atípico» e o distúrbio que o envolve. Para expressar essa mudança conceitual, adoptou-se uma nova terminologia, transformando a «parafilia X» no «distúrbio X-parafílico». Única e exclusivamente no caso da pedofilia, mantiveram-se os critérios de diagnóstico da versão anterior (i.e., para ela não vale a distinção recém-introduzida). No entanto, para manter uma nomenclatura padrão, alterou-se o nome da doença de «pedofilia» simpliciter para «distúrbio pedofílico». Ao contrário de todos os outros casos, aqui esta nova terminologia não significa uma mudança conceitual no distúrbio psicológico.

A emenda saiu pior do que o soneto. É bastante óbvio que se vai questionar este tratamento diferenciado, feito sem o menor rigor científico. Ou pior, estas notas de rodapé serão facilmente ignoradas quando as pessoas começarem a citar e a usar somente a nova nomenclatura, tendo já interiorizado a razão da mudança. No fundo, esta tentativa de salvar a credibilidade da psiquiatria ficou patética, e não terá força alguma para conter a revolução moral que já há décadas se lança impetuosa contra o que resta de bom senso na civilização ocidental. A APA não reclassificou a pedofilia como uma «orientação sexual», mas deu todas as ferramentas para que isso – por engano ou má fé – doravante possa ser facilmente feito.