O Papa Francisco almoça e canta
tango
com 50 argentinos em Roma
ROMA, 22 Mar. 13
(ACI/Europa Press) .- O Papa Francisco teve uma refeição com um grupo de 50
argentinos presentes em Roma nesta quarta-feira às 12:30h em um dos salões
adjacentes à Sala Paulo VI.
Entre os convidados, com os
quais cantou tangos argentinos, encontrava-se o presidente da Conferência
Episcopal Argentina, Dom José Maria Arancedo, o mestre geral da Ordem de Nossa
Senhora das Mercês, Frei Pablo Bernardo Ordoñe, sacerdotes, religiosas e alguns
casais com seus filhos.
No dia seguinte do início
do Pontificado do Francisco, o frade argentino recebeu uma chamada que
anunciava que "o novo Papa Francisco queria 'comer alguma coisa' com ele,
e com outros argentinos presentes em Roma", conforme indicava a Rádio
Vaticano.
Sobre o encontro, Frei
Pablo Bernardo Ordoñe, destacou que tudo foi "com uma grande
naturalidade", que recebeu "o abraço típico e o conselho do bom
pai" e que cantaram algum tango, pois "tratava-se também de recuperar
as raízes e tradições".
Do mesmo modo, o Mestre
Geral da Ordem de Nossa Senhora das Mercês assinalou que "os convidados
também rezaram juntos" e que o Papa insistiu "em rezar muito e rezar
juntos".
Por outro lado, Pablo
Bernardo Ordoñe ressaltou que o novo Papa "não é um homem que fica dando
voltas ao problema, mas um homem que sabe aonde vai, com quem vai, e com que
conta" e acrescentou que os presente disseram ao Pontífice que "estão
dispostos a colaborar com ele, a apoiá-lo, a acompanhá-lo" pois querem
"que tudo caminhe bem para todos, em toda a Igreja".
Heduíno Gomes
Domingos
Cunha, médico, deputado do PS-Açores e antigo secretário regional da Saúde,
afirmou que o facto das crianças terem a barriga vazia – passarem fome – não
tem influência no seu aproveitamento escolar.
Por
outro lado, quando a fraude Roberto Carneiro ocupava o lugar de Ministro da
Educação da fraude Cavaco (ambos viriam salvar Portugal, como se viu, cada um
na área respectiva), dizia ele que o problema do insucesso escolar era a fome
das crianças…
E daí,
a fraude Roberto Carneiro inventou um programa que consistia em dar pacotinhos
de leite com chocolate às criancinhas. E pronto! Bastou decretar que as
professoras apenas poderiam chumbar os miúdos na 2.ª e na 4.ª classes – nada de
chumbos na 1.ª e na 3.ª – e as estatísticas corresponderam de imediato à
milagrosa receita láctea!
Agora
vem Domingos Cunha, um médico – pasme-se com a sua ciência –, dizer que a fome
não tem influência no aproveitamento escolar!
Qual
deles será o melhor?
Ver
vídeo em:
https://www.facebook.com/RiseupPortugal#!/photo.php?v=135871783258533&set=vb.435456119811173&type=2&theater
Fernando Sobral
Os portugueses iludiram-se culturalmente:
julgaram que o dinheiro fácil que chegou durante três décadas comprava a
solidez da educação e o espírito da invenção e inovação. E do risco. É uma
tónica portuguesa: prefere-se a renda ao risco. O resultado está à vista.
Em 1962, António Oliveira Salazar sintetizou de
forma clara a visão que tinha do seu Portugal: «Um país, um povo que tiverem a
coragem de ser pobres são invencíveis». Este mundo pobre, ou remediado, acabou após
a entrada na União
Europeia.
Em cima da nossa pobreza caíram toneladas de
dinheiro. O país ficou sulcado por auto-estradas e rotundas. As mercearias de
bairro fecharam e nasceram hipermercados. Os portugueses passaram a preferir ir
passear para os centros comerciais do que para os jardins. A democracia de
consumo chegou como se fosse um milagre redentor.
Todos acharam que faziam parte da classe média,
alimentada pelo crédito fácil. O paraíso tinha também construído na sombra o
purgatório, feito de cumplicidades: do BPN à Parque
Escolar foi um mundo de oportunidades de «negócio» para muitos. Deixando de ter
a coragem de ser remediado o povo português tornou-se uma presa fácil de uma
crise que não percebesse.
Destruída a base industrial, agrícola e
piscatória do país, com fundos comunitários para abater tudo isso e
trazer a «modernidade», Portugal ficou indefeso quando chegou a grande crise de
2008. Já antes era visível mas todos se recusavam a ver: o Estado continuava a
ser a mãe de todas as batalhas e de todas as rendas. A própria sociedade civil
e iniciativa privada viviam de bem com o Estado, fosse ele guiado pelo PS ou
pelo PSD. A mais breve nota de suicídio da história portuguesa foi escrita por José Sócrates, o
último da linhagem de destruidores de um país que poderia ser remediado mas
inteligente.
Tudo se desvaneceu no ar. O crédito fácil foi
substituído pela amarga austeridade. António de Oliveira Salazar, em 1963,
dizia: «Quero este país pobre, se for
necessário, mas independente – e não o quero colonizado pelo capital
americano». A colonização é hoje exercida pela Comissão
Europeia e pela troika, numa Europa que parece cada vez
mais dividida cultural e moralmente, entre um norte protestante e um sul
católico. A moral calvinista é uma forma demolidora de salvação (salvamo-nos
pelo trabalho), face à forma como se perdoam os pecados, no confessionário, a
sul.
Tudo nos divide. A forma como os protestantes
criaram o capitalismo moderno enquanto nós víamos as naus carregadas de pimenta
e ouro irem directas para Amesterdão e Londres para pagar os nossos prazeres ao
sol diz muito do que são formas diferentes de olhar para a civilização.
Mas, ainda assim, os portugueses iludiram-se
culturalmente: julgaram que o dinheiro fácil que chegou durante três décadas
comprava a solidez da educação e o espírito da invenção e inovação. E do risco.
É uma tónica portuguesa: prefere-se a renda ao risco. O regime atolou-se e o
BPN representa-o perfeitamente nas suas ligações pouco transparentes a tudo e a
todos. Se quisermos estudar este regime estudemos o BPN. Antes e depois da
nacionalização. Está lá tudo o que se andou a fazer desde a entrada na União
Europeia.
Maquilhou-se a pobreza com um falso riquismo que
só encheu os bolsos e a estima de alguns. Que hoje vivem acima dos dramas dos
comuns portugueses que só acreditaram no cartão de crédito, na casa acima das
suas possibilidades, nas férias nos «resorts» mais aprazíveis, no carro do
último modelo e no telemóvel 3G. Esse mundo ruiu para a maioria. Mas na sombra
da crise há quem continue a viver de rendas, escudado nos invencíveis contratos
com que o Estado prometeu dar tudo sem receber nada. Voltamos assim aos anos de
1960, como se tudo não tivesse passado de uma ilusão.
Com uma diferença:
Em Agosto de 1968,
Oliveira Salazar dizia: «No dia em que eu abandonar
o poder, quem voltar os meus bolsos
do avesso, só encontrará pó». Hoje, nos bolsos de
alguns que nasceram, cresceram e singraram com este regime, só se encontrará
ouro.
José
António Saraiva
Passos
Coelho e Vítor Gaspar pediram mais tempo para baixar o défice, para pagar os
juros da dívida e para cortar a despesa do Estado.
E
deixaram cair a palavra maldita – «austeridade» – e passaram a usar a palavra
milagrosa – «crescimento».
Eu
percebo-os: estavam sozinhos.
Tinham
contra eles todos os partidos da oposição, os sindicatos, os «senadores» (de
Mário Soares a Freitas do Amaral), os autarcas, alguns bispos, o CDS (que
funciona com frequência como oposição dentro do Governo), os manifestantes que
os perseguem por todo o lado chamando-lhes «gatunos», a maioria da comunicação
social e os comentadores (inclusive muitos afectos ao PSD).
Este
fenómeno dos comentadores é curioso.
Em
Portugal, instalou-se a moda dos «políticos-comentadores televisivos», isto é,
dos políticos que, depois de deixarem a política ou estando momentaneamente
fora dela, se dedicam ao comentário.
Os
exemplos não têm fim: Marques Mendes, Marcelo Rebelo de Sousa, Augusto Santos
Silva, Jorge Coelho, Pedro Santana Lopes, Manuel Maria Carrilho, António Costa,
Bagão Félix, António Capucho, Manuela Ferreira Leite, Francisco Louçã, Nuno
Melo, Paulo Rangel, Sérgio Sousa Pinto, Ana Drago, eu sei lá!
E estes
«políticos-comentadores» têm uma limitação: nunca deixam de ser políticos.
De
pensar como políticos.
E,
nessa medida, também gostam de ser populares.
Assim,
mesmo os comentadores sociais-democratas começaram, a partir de certa altura, a
dizer que bastava de «austeridade» e se impunha começar a falar de «crescimento».
Eles
sentiam que, se continuassem a dizer «Não podemos abandonar já a austeridade,
temos de levar até ao fim a consolidação orçamental, é cedo para falar de
crescimento», começavam a perder audiência e popularidade (tal como os
políticos perdem votos).
Mas
terão razão?
Julgo
que não: é cedo demais para o Governo mudar de discurso.
E,
além disso, é enganador e é perigoso.
É
enganador, porque o crescimento não depende do Governo; não basta estalar os
dedos para a economia começar a crescer.
É
perigoso, porque as pessoas podem pensar que os tempos de austeridade já lá vão
e que podemos voltar alegremente ao passado.
Ora,
não podemos voltar ao passado.
O
discurso do «crescimento» foi o que Sócrates andou a fazer durante seis anos,
com os resultados que se conhecem.
Além
disso, vamos crescer com que dinheiro?
Só
pode haver crescimento com investimento.
Ora, o
que conseguiu atrair algum investimento estrangeiro nos últimos anos (como o
prova o sucesso das privatizações, que renderam mais do que o previsto) foi
precisamente o cumprimento do programa de austeridade.
Porque
os investidores pensaram: «Eles estão a ganhar juízo! Vão finalmente pôr as
finanças em ordem».
Foi
isso que deu credibilidade ao país lá fora e atraiu capitais.
Um
discurso oco, assente em sonhos de crescimento que não temos dinheiro para
sustentar, não teria atraído ninguém.
Mas há
outra razão para não ir por esse caminho.
É que
Portugal e a Europa não mais voltarão a ser o que eram.
Porquê?
Porque
a crise não é conjuntural, é estrutural; não é passageira, é permanente.
Houve
muitas fábricas que emigraram da Europa (e dos EUA) para outras paragens, houve
muitos serviços que emigraram para outras paragens, houve investimentos que
emigraram para outras paragens – para o Oriente, para a América do Sul, para
África – e, como consequência disto, o Ocidente passou a produzir menos, os
rendimentos das famílias caíram e o número de postos de trabalho diminuiu
drasticamente.
O
progresso tecnológico também contribuiu para isso.
Na
portagem de Estremoz, por exemplo, trabalhavam até há poucos anos três ou
quatro pessoas. Hoje, as cobranças estão automatizadas e já não há portageiros.
Essas pessoas foram para onde? E isto não se passou só em Estremoz: passou-se
no país todo, em muitas centenas de portagens. E não se passou só na Brisa:
passou-se em centenas de empresas. Na Autoeuropa, a maior parte do trabalho de
montagem e pintura é hoje realizada por robôs.
Portanto,
a Europa e Portugal jamais voltarão a ser o que eram.
E é
esse discurso que os políticos e os comentadores responsáveis deveriam fazer.
Mas
não fazem, porque perderiam votos e audiências.
Têm de
fazer um discurso cor-de-rosa.
E isto
conduz-nos a outra ideia, muito mais inquietante: será a democracia compatível
com uma austeridade prolongada?
Será a
democracia compatível com o definhamento das nações e a queda dos rendimentos
das pessoas?
Se
calhar não é.
O
alargamento da democracia na Europa coincidiu com um período de crescimento
económico sustentado, de desenvolvimento, de abastança, de implantação da
sociedade de consumo.
Mas,
se a economia começar regularmente a definhar, tudo poderá ser diferente.
Basta
olhar para Itália: o político mais responsável, o menos demagogo, o mais
credível, o que mais falou verdade durante a campanha eleitoral – Mario Monti –
foi cilindrado nas urnas.
Simultaneamente,
dois comediantes foram os grandes triunfadores: um de direita, Berlusconi, o
outro de esquerda, Grillo.
Isto
diz tudo sobre a «responsabilidade» dos eleitorados em tempo de crise.
As
eleições – que são a pedra de toque das democracias – foram transformadas numa
triste palhaçada.
E
assim a Europa irá escorregando para o abismo.
Por
culpa das circunstâncias madrastas, mas também por culpa dos políticos, dos
comentadores e dos jornalistas – que não têm coragem para explicar que o mundo
mudou, que o passado de abastança não vai voltar, que temos de nos habituar a
viver com menos dinheiro.
Com
medo de perderem votos, audiências ou leitores, políticos e comentadores
semeiam ilusões.
Fazem
promessas que não podem cumprir ou tecem comentários com propostas
inexequíveis.
E de
dia para dia a revolta crescerá, como uma onda irracional decidida a engolir as
instituições e a democracia.
E
os tolos aplaudem.
Teolinda Gersão
O Acordo Ortográfico foi um
processo infeliz, tratado nas costas da população dos países lusófonos, como se
a língua fosse propriedade de um grupo de linguistas e os Governos tivessem
legitimidade para mudar por decreto uma língua que não é propriedade sua, mas
do país e dos cidadãos.
O percurso errático do
Acordo Ortográfico arrasta-se há 23 anos (ou melhor, há 38, porque começou a
ser pensado em 1975) e ainda não está legalmente em vigor, porque as populações
dos vários países lhe resistem e porque, quando se tentou impô-lo pela força de
um decreto, o resultado foi o caos.
O que faltará acontecer para que os sucessivos Governos reconheçam que
pretendem a quadratura do círculo e que estas tentativas pura e simplesmente
não funcionam?
Recentemente a Presidente
Dilma adiou para 2016 a entrada em vigor do Acordo Ortográfico no Brasil, e, a
acreditar nos jornais, tomou essa decisão unilateralmente, sem consultar os
seus parceiros.
Pretende-se vender-nos a
ideia patética de que o português de grafia uniformizada (vulgo, o «acordês») é
a língua do poder e dos negócios.
Seguindo o «acordês» todos
seríamos, a reboque do Brasil, grandes potências emergentes, a caminho de um
mundo magnífico de poder e riqueza, partilhado por 240 milhões de falantes.
Será que não percebemos a irracionalidade desta ideia?
A verdade é que o Brasil –
ele sim – é uma grande potência emergente, o que nos alegra porque também nós o
amamos. Mas Portugal, e outros pequenos países lusófonos, jamais serão grandes
potências ou terão o peso do Brasil.
Esse peso não é partilhável,
a nível nenhum.
Manter em cada país a sua
variante da língua é uma marca de identidade e um património, que está acima do
poder de qualquer Governo. Porque os Governos passam e mudam, mas as línguas
não podem passar nem mudar como se fossem Governos.
É natural que o Brasil
pretenda maior protagonismo liderando estas alterações linguísticas. Mas os
restantes países lusófonos não têm nada a lucrar com isso, só têm a perder. E o
Brasil, como grande potência emergente que já é, não precisa de nós, a não ser
a nível simbólico. Porque, com Acordo Ortográfico ou sem Acordo Ortográfico, o
Brasil vai sempre cuidar dos seus negócios e dos seus interesses, e só deles, o
que é normal e legítimo: os países cuidam de si próprios, e tomáramos nós ter
em Portugal quem defendesse os nossos interesses como Dilma defende os do
Brasil.
Os laços e afectos só
existem a nível das pessoas. A nível dos países, há apenas interesses. Não
sentimos isso na pele, aqui na Europa? Estas mudanças linguísticas são apenas
uma jogada política. Em todos os outros aspectos, são incongruentes:
Só dois exemplos: se o
Acordo Ortográfico é fundamental para que nos entendamos, então por que razão
no Brasil os livros portugueses, escritos segundo o «acordês», são traduzidos
para o português do Brasil como se estivessem escritos numa língua estrangeira?
Por que razão «mesa de cabeceira» passa a «criado mudo», «ficou pasmado» a
«ficou pasmo», «foi apanhado pela polícia» a «foi pego pela polícia» etc. etc.?
Por que razão a nós nunca
nos passou pela cabeça traduzir para o português europeu Guimarães Rosa, João
Ubaldo Ribeiro, Ruben Fonseca ou qualquer outro autor?
Por que razão as livrarias
portuguesas têm bancas de livros brasileiros e a literatura do Brasil nos é tão
familiar, quando o inverso não se verifica?
Por que razão há cada vez
MENOS estudos de literatura portuguesa nas universidades brasileiras, e cada
vez MAIS estudos de literatura brasileira nas universidades portuguesas?
A resposta é simples:
porque Portugal se abriu há muitas décadas ao Brasil, cujos autores circulam
livremente entre nós, porque os sentimos como se também fossem «nossos»,
enquanto o Brasil sempre levantou barreiras alfandegárias intransponíveis aos
livros portugueses, que lá chegam a preços proibitivos, e na maior parte dos casos
nunca chegam.
A solução não está em
«acordizar», mas em ter um intercâmbio maior e mais simétrico, em conhecer-nos
melhor, valorizando as nossas diferenças.
Quanto ao «acordês» ser a
língua dos negócios, «acção» e «facto», por exemplo, são mais compreensíveis
para qualquer estrangeiro do que «ação» e «fato» (porque mais próximas de
«action» e «fact» em inglês, língua de recurso que é, e continuará a ser, a
língua franca dos negócios internacionais).
No ponto em que estamos,
temos dois caminhos:
O do senso comum, que é
reconhecer que a língua portuguesa admite variantes, nos diferentes países onde
é usada, o que só a enriquece. Não pode haver qualquer hierarquia entre os
países lusófonos, nem entre as suas variantes linguísticas: Nenhum país é dono da
língua, e nenhum é inquilino. Vamos deixar a língua evoluir naturalmente, a
partir de dentro e não por decretos, porque ela é um organismo vivo, e cada
país a usa a seu modo, como bem entende e quer, porque ela é sua e lhe pertence
por direito próprio. Nenhum país tem o direito de policiar ou fiscalizar o uso
da língua em qualquer outro país lusófono. O português não é uniformizável,
qualquer acordo é um contra-senso. Mesmo que fosse possível «acordar» e
«simplificar», o resultado seria imensamente empobrecedor.
Ou entendemos isto e
desistimos de acordos, ou vamos persistir por muitas décadas neste processo
delirante de acordos impossíveis – um acordo ortográfico falhado atrás de
outro, seguido de um já anunciado acordo de vocabulário que irá ser igualmente
falhado, e depois um acordo de sintaxe falhado, etc. etc. – ... até bater na
parede de um imenso Desacordo final, que deixará profundo desgaste e feridas a
todos os níveis, entre países que sempre souberam entender-se e conviver,
respeitando e valorizando as suas diferenças.
Deixo ainda uma breve nota
de carácter prático: certamente que é útil a existência de Vocabulários e
Dicionários que abranjam as variantes usadas nos diversos países. Mas apenas
como instrumentos de informação e de consulta, onde se encontrem respostas a
perguntas como: em que variantes da língua se escreve húmido ou úmido, ou o que
significam palavras como xiluva, caxinde, imbandas, quizumba, tambarina,
cachupa, kebur, ipê etc. Mas considero que os Vocabulários e os Dicionários só
fazem sentido sem qualquer valor normativo, cada país tendo direito exclusivo à
sua variante da língua, sem imposições ou interferências de outro país.