quinta-feira, 18 de maio de 2017

Paroxismo da desinformação russa: a mensagem de Fátima e a «missão providencial» de Putin


Luis Dufaur, Instituto Plinio Corrêa de Oliveira, 9 de Maio de 2017

Continuação do artigo anterior: «Manipulação da mensagem de Fátima pela Rússia»

No Ocidente está a haver boas reacções crescentes contra a ofensiva da Revolução Cultural de substância marxista-gramsciana.

Tentando explorá-las, a propaganda do Kremlin passou a apresentar cinicamente a Rússia de Putin como um sedutor porto da salvação de onde pode vir o reerguimento moral e intelectual dos cristãos perseguidos.

A desinformação russa veicula no Ocidente
que Putin teria a «missão providencial»
de salvar o cristianismo
E essa manipulação atingiu o exagero procurando inverter os termos da advertência de Nossa Senhora em Fátima contra os «erros da Rússia» para transformá-los nos «erros de Ocidente», segundo constatou Jeanne Smits, ex-directora e ex-gerente do jornal «Présent» ligado à Front National, partido amigo do Kremlin, no seu site Reinformation.tv.

Líderes políticos de «direita» e até de «extrema-direita», escreveu Smits, passaram a ser recebidos em Moscovo como romeiros que procuram as bênçãos de um novo Carlos Magno.

Embora ele declare que conserva piedosamente a sua carteirinha do Partido Comunista da URSS…

Pouco importa se estes políticos de «direita» defenderam no passado e sem retractação o «direito» ao aborto, o «casamento» homossexual ou leis de espírito socialista e confiscatório.

Pouco importa se a Rússia tem o maior número de abortos por mulher em idade fértil do mundo, observa espantada Jeanne Smits.

Procissão na Rússia para adorar o mais recente
enviado de Deus: Vladimir Putin!
Vladimir Putin explora a angústia dos movimentos conservadores no Ocidente, pois sonha com a expansão da Rússia no mundo como outrora sonhou a URSS.

A formação dada nas escolas do KGB apagava qualquer senso moral ou remorso na hora de procurar objectivos concretos.

Smits exemplifica com o problema do embrião de República Universal anticristã que germina na União Europeia (UE). Os europeus de bem percebem que este monstrengo é maléfico e querem abandoná-lo. O Brexit foi um caso típico.

Então os enviados de Putin passaram a gritar contra a UE e até a facilitar dinheiro para os anti-UE.

Mas estes mesmos acólitos nas suas reuniões preconizam como alternativa uma «confederação de Brest a Vladivostok». Esta seria uma «União Euro-asiática» que faria a inveja dos mais delirantes fundadores e teorizadores da decadente União Europeia. E os conservadores seduzidos estariam ludibriados e silenciados.

Esta nova confederação, de maneira muito concreta acabaria realizando os objectivos planetários da organização opressiva e utópica dirigida desde Bruxelas. Só que o comando supremo ficaria em Moscovo.

Para ver com clareza a inversão radical em acto não é preciso ir muito longe, escreve Smits.

Um outro exemplo da experiente jornalista. A Igreja católica, ainda quando é mal representada, guarda em si potencialidades de restauração do bem que inviabilizariam a conquista do mundo por qualquer adversário que encarne o mal. António Gramsci partiu desta constatação para elaborar a sua estratégia marxista.

Moscovo seria a «nova Roma» e os cristãos
não poderiam voltar em grupo ao catolicismo!
Como fazer desaparecer a Igreja católica do mapa dizendo ao mesmo tempo que está a ser salva por quem a extingue?

Fácil, talvez pense Moscovo. Fazer acreditar que a cabeça d’Ela migrou para o Kremlin conservando a continuidade como Igreja de Jesus Cristo. Moscovo seria a nova Roma e o Patriarca de Moscovo o verdadeiro Papa escolhido pelo Espírito Santo!

Smits fornece alguns exemplos. Um «próximo entre os próximos» de Vladimir Putin, o multibilionário Konstantin Malofeev financiador da restauração do Patriarcado de Moscovo, sustenta o think-tank Katehon dirigido pelo pensador gnóstico Aleksandr Dugin, teorizador desta super-UE euro-asiática ou «eurasianismo».

Numa série de artigos publicados nos dias 27 e 28 de Março de 2017 em Katehon, Charles Upton e a sua mulher Jennifer Doane Upton interpretaram ao modo gnóstico de Dugin a descrição do Purgatório da Divina Comédia de Dante Alighieri.

Charles Upton apostatou do catolicismo para se converter ao islamismo místico, ou sufi. E o título do trabalho do casal é suficientemente explícito: «A profecia de Dante sobre a queda da Igreja Católica Romana».

Eles explicam que não se inspiraram em pensadores como Santo Agostinho ou Santo Tomás, mas basearam-se sobre tudo nos «filósofos tradicionalistas René Guénon e Fritjof Schuon», sendo este um esotérico sincretista.

O francês René Guénon morreu no Cairo como sufi, aduzindo que tinha achado a fina ponta da «Tradição» no misticismo islâmico.

A análise do casal Upton conclui que a «nova-Rússia» e o Patriarcado de Moscovo vão salvar a Igreja do Ocidente, extinguindo a sucessão dos Papas de Roma.

Para tornar mais sedutora a enganação, a funambulesca análise diz que por esta via se encerraria a crise aberta pelo Vaticano II, o modernismo e o liberalismo.

Montagem da desinformação:
a Rússia não professa os «erros da Rússia»
que passaram a ser exclusivamente
os «erros do Ocidente»!
Ela distorce e manipula com desfaçatez as profecias de Nossa Senhora em La Salette e Fátima.

E forja o inacreditável: que tendo Roma perdido a Fé, a religião cismática da Rússia virou a única religião cristã verdadeira.

O delírio da tese bate bem com as alucinações do sufismo islâmico. Mas, sobretudo, com as metas expansionistas do comunismo metamorfoseado de Vladimir Putin.

Katehon e o esoterismo de Aleksandr Dugin exploram a confusão nos católicos favorecida por desconcertantes actos, gestos, omissões e afirmações do pontífice.

E a montagem russa está toda feita para seduzi-los e fazê-los aceitar uma convergência entre Putin e um representante do Vaticano disposto a entrar no jogo.

Em 2015, um editorial de Katehon impostava-se numa visão ecuménica e pancristã. E exigia que a Igreja católica renunciasse a converter os outros cristãos desviados pelos erros dos cismas orientais e do protestantismo.

Esta reclamação iníqua vem a ser repetida pelo Patriarcado de Moscovo a propósito da conversão em massa dos ucranianos para o rito greco-católico. Também está na Declaração de Havana assinada pelo Papa Francisco e pelo Patriarca de Moscou Kirill.

A reclamação se atendida reforçaria o império do KGB sobre o mundo cristão.

A conclusão destes malabarismos todos seria que os apóstatas e inimigos do cristianismo são os fiéis à Igreja católica como Ela é, modelada durante dois mil anos pelo Espírito Santo e pelo ensinamento do seu Magistério tradicional.

A falsidade da manobra, mostra Smits, atinge o seu auge tentando virar a mensagem de Nossa Senhora em Fátima contra os católicos.

Mas os católicos, sublinha a jornalista, sabem que a Igreja está construída sobre a rocha que é Pedro e que as portas do Inferno não prevalecerão contra Ela. Mesmo quando se abatem sobre Ela as piores tempestades, da mesma maneira que aconteceu no passado e ainda haverá de se verifica no futuro.

Os escritores e jornalistas associados a Katehon excogitam sofismas para tentar matar esta Fé invertendo o sentido das palavras de Nossa Senhora em Fátima e La Salette.

Jeanne Smits:
«se eu fosse o KGB teria feito tudo
como está acontecendo»
Vamos mais longe, escreve Jeanne Smits:

«se eu fosse o KGB e tivesse os meios para forjar uma imensa montagem, eu teria favorecido com todas as minhas forças a desmontagem da liturgia católica, a ascensão do relativismo e por fim eu teria espalhado que a Igreja de Roma fracassou.

«Eu também teria tido a precaução de favorecer um renascimento ortodoxo».

E é isso o que parece ter sido concebido e estar sendo posto em prática.

É uma manobra suprema contra a Igreja, invertendo luciferinamente o sentido das palavras de Nossa Senhora em Fátima.

Quiçá seja esta a suprema tentativa dos «erros da Rússia» contra o catolicismo autêntico.

Mas terá sido a última antes de serem esmagados pelo triunfo do Imaculado Coração de Maria anunciado por Nossa Senhora aos três pastorinhos em Portugal.





quarta-feira, 17 de maio de 2017

Manipulação da mensagem de Fátima pela Rússia


Luis Dufaur, Instituto Plinio Corrêa de Oliveira, 3 de Maio de 2017

A aparição de Nossa Senhora em Fátima deixou uma espada encravada no cerne da Revolução anticristã.

Os católicos receberam a advertência de que como castigo para a impenitência «a Rússia espalhará os seus erros pelo mundo, promovendo guerras e perseguições à Igreja». Cfr. «Fátima: Mensagem de tragédia ou de esperança?»

A Rússia comunista apareceu assim como o inimigo por excelência. E esta advertência tornou-se mais cogente e actual neste ano do centenário da aparição de Fátima.

Jeanne Smits ex-directora do jornal da Front National:
a Rússia tenta voltar a mensagem de Fátima
contra o Ocidente
Jeanne Smits, ex-diretora e ex-gerente do jornal «Présent» ligado à Front National de Marine Le Pen, partido amigo do Kremlin, escreveu palpitante matéria sobre como a desinformação da «nova-Rússia» trabalha para se livrar do estigma e inverter astuciosamente os termos da denúncia profética.

Smits publicou um longo artigo a este respeito no seu site Reinformation.tv.

Segundo Smits, a manobra de guerra da informação encontrou o terreno bem preparado pela falsa ideia de que «o comunismo morreu».

Na fase actual, a propaganda russa tenta erigir em Moscovo um bastião derradeiro do cristianismo sitiado pelos inimigos. A inversão não podia ser mais completa e contrária à razão.

Segundo a montagem que está a ser espalhada entre muitos grupos de direita ocidentais, o comunismo inimigo de morte da Igreja católica não existiria mais na Rússia de Putin.

Mais ainda, essa «nova Rússia» teria passado a ser o baluarte da moral tradicional cristã diante de ideologias do tipo LGBT, de género, anti-vida, anti-família, etc., subprodutos do liberalismo que domina no Ocidente.

Desta maneira a imagem da «Rússia promotora de guerras e perseguições à Igreja» ficaria invertida. E os seus erros deveriam ser apontados com exclusividade aos países da ex-civilização cristã, de berço ocidental e católico.

Os velhos erros comunistas
não foram banidos da Rússia e estão a crescer
Smits ficou espantada vendo que em alguns meios dos movimentos conservadores que frequenta, parecem não perceber que esses erros não só não foram banidos da Rússia, mas estão a reforçar-se dissimulados sob vernizes enganadores.

O ateísmo de Estado, o igualitarismo filosófico, o niilismo moral, a ditadura absoluta do relativismo são erros com que a URSS montou uma revolta suprema contra Deus e contra a verdade.

E o comunismo bolchevique consagrou décadas para tentar instilá-los nas almas dos russos com uma perversidade que supera a dos crimes de sangue massivos que também praticou.

Estes erros produziram efeitos nefastos: por exemplo, o assassinato das crianças no ventre materno foi logo aprovado sem restrições na URSS, e a «nova-Rússia» continua praticando-o em proporções recorde.

O aborto foi trazido para os países ocidentais e elevado à condição de «direito» pelos agentes que ciclicamente faziam romaria até Moscovo para receber doutrinamento, conselho e consignas.

Estes erros acabaram instalados em quase todos os campos de actividade da ex-Civilização Cristã ocidental em decorrência de uma avalanche de leis, portarias e costumes promovidos por estes agentes.

Para pior penetraram na própria Igreja católica. Esta infiltração foi tão grave que 213 padres conciliares de 54 países elevaram uma petição ao Papa Paulo VI para que o Concilio Vaticano II condenasse os erros socialistas e comunistas.

Mas, o enigmático silêncio do Concílio a este respeito abriu as portas da Igreja para a infiltração e para a devastação. Agora a Igreja está abalada em decorrência deles.

Número de abortos na Rússia por cada 100 nascimentos em 2014,
pelo Estado da Federação Russa

A confusão criada pela Exortação Sinodal «Amoris laetitia» é uma recente expressão desta infiltração dos «erros da Rússia».

A cultura da morte – aborto, destruição do casamento e da família, etc. – foi erigida na cultura de Estado da Rússia escravizada pela revolução bolchevista de 1917.

No século XIX, Marx e Engels foram os teóricos alemães da utopia comunista, surgida fugazmente durante as agonias finais das Revoluções Protestante e Francesa.

Porém quem tirou o comunismo dos livros filosóficos mais ou menos inaplicáveis e fracassados no Ocidente foi bem um russo: Vladimir Ilyich Ulyanov Lenine.

Lenine elaborou a práxis da Revolução bolchevique, fez e comandou esta revolução, e conferiu ao comunismo um tom e um espírito incontestavelmente russo.

Mas a expansão dos erros do comunismo russo não correu assim tão facilmente. Ela até pareceu ameaçada e os partidos comunistas foram perdendo a capacidade de atear o ódio de classe e seduzir com a sua agenda igualitária emanada de Moscovo.

Foi então a hora do pensador António Gramsci. Ele formulou a via da Revolução Cultural hoje preferida pelo marxismo e seus seguidores no Ocidente, muitas vezes comodamente instalados e gordamente pagos na direcção de organismos como a ONU ou a União Europeia.

A Revolução Cultural de inspiração marxista gramsciana
poderá levar-nos mais longe na linha
do sonho tóxico de Lenine
Mas, o objectivo de Gramsci era só um: conseguir o que a revolução russa fundada por Lenine tentava obter mas não estava a conseguir. E provavelmente ir mais longe do que o líder comunista russo sequer imaginou.

Gramsci foi o grande pregador ocidental do método para difundir os «erros da Rússia».

Se a estratégia por ele concebida der certo conduzir-nos-à a uma situação análoga à que Lenine e os seus sonharam aplicar no ex-império dos czares.

Estes erros atacam as nações católicas ou apenas cristãs, e até ex-cristãs, com mais eficácia que as fórmulas escancaradamente leninistas. Mas estão a encontrar crescentes resistências que comprometem a vitória comunista final.

Um pouco por toda parte manifestam-se grandes, e até imensas correntes na opinião pública, que não querem saber desta Revolução Cultural e as suas propostas anti-vida, anti-família, anti-religiosas e destruidoras das nações e das culturas tradicionais.

Tentando explorar estas boas crescentes reacções, a propaganda do Kremlin passou a apresentar cinicamente a Rússia de Putin como um sedutor porto da salvação de onde pode vir o reerguimento moral e intelectual dos cristãos perseguidos.

E há quem acredita nisto, adverte Jeanne Smits.





terça-feira, 16 de maio de 2017

segunda-feira, 15 de maio de 2017

Um novo Moisés: Bergoglio não se faz por menos...


Luís Lemos


Na sua impostura e presunção habituais, Che Bergoglio veio a Fátima declarar: «Venho como profeta e mensageiro».

Como mensageiro da falsa misericórdia (onde não faltou, como habitualmente, opor-se à ideia do «braço justiceiro de Deus»), do falso ecumenismo, do relativismo, do populismo, da demagogia, da estratégia maçónica de destruição da Igreja, de tudo quanto se opõe à doutrina cristã, isso já sabíamos!

E também veio a Fátima como mensageiro da mentira. Por exemplo, interrogado por jornalistas sobre a sua opinião sobre Trump, responde que não julga ninguém (já conhecíamos a sua dificuldade em julgar...) sem primeiro ouvir a pessoa... Mais uma descarada mentira e hipocrisia deste antipapa, que se farta de julgar pessoas, incluindo Trump, sem as ouvir. Quem se oponha ao seu anticristianismo já sabe. Mas agora tem de engolir Trump e chuta para fora...

Mas essa de vir a Fátima como «profeta» nem lembra ao seu mestre!

Profeta! Ah! Estamos perante um novo Moisés!

Che Bergoglio não se faz por menos...





domingo, 14 de maio de 2017

Bergoglio socialista? Pior do que isso!


Heduíno Gomes

Uma luminária liberal do pòs-modernismo chamada José Bento da Silva, mais um produto da Universidade Católica (não estranhem...), escreve no Observador o artigo Sim, o Papa Francisco é socialista!

Este artigo merece alguns comentários.

1 — O autor critica Bergoglio com razão em vários pontos. Noutros pontos, as suas críticas são inconsistentes por se inserirem noutra perspectiva igualmente errada que é a do liberalismo.

2 — O autor refere-se à economia como se não houvesse escolha entre o socialismo à Bergoglio e o liberalismo à Hayek. Isto é: ou tens o Estado socialista ou tens o Estado liberal. Para José Bento da Silva não existiria a possibilidade de haver o Estado regulador, que rejeite o socialismo e o liberalismo, que permita a livre iniciativa e obrigue os fortes a respeitarem os fracos e o bem comum — e até o bem nacional e os valores da Civilização. Isto é, para o autor não existe o Estado que deixe livremente os Portugueses criarem riqueza e, ao mesmo tempo, meta na ordem os Ricardos Salgados.

3 — O autor, como é comum em liberais e tecnocratistas, restringe as suas críticas à economia política. Infelizmente, a acção negativa de Bergoglio ultrapassa o campo da economia política, em campos onde até, para a Civilização, se torna muito mais grave do que qualquer disparate na economia. Aliás, acção negativa comum no Bergoglio e nos liberais, ambos inimigos dos valores éticos da Civilização, cada uns nas suas vertentes.

4 — O autor, para criticar Bergoglio na economia, entende por bem afirmar que «não estão em causa» «a sua proximidade ao Povo de Deus e a beleza dos seus escritos espirituais» e etc. Pois é, afirmar tal coisa é a confirmação que o autor sofre das limitações típicas de liberais e tecnocratas.

O artigo de José Bento da Silva pode ser lido em:

http://observador.pt/opiniao/sim-o-papa-francisco-e-socialista/