Miguel Oliveira
Com o seu habitual ar de sábio, o ex-direita e entretanto adaptado ao sistema Nuno Rogeiro apresenta na «Sociedade das Nações» alguns produtos culturais da sua escolha. Normalmente coisas exóticas que ele julga serem o cúmulo do saber e do bom gosto, onde abunda a piroseira e pouca coisa se aproveita. Então no capítulo da música há que partir o coco a rir com as suas sugestões.
Comentário sábio do génio: «Curiosamente, o Estado Novo não censurou este livro.»
Aqui o génio diz uma frase e larga três calinadas.
Primeira calinada. O senhor professor doutor universitário não sabe que em 1932 não havia Estado Novo mas sim a Ditadura Nacional, iniciada em 1928 com a eleição de Carmona para a Presidência da República, tendo sucedido à Ditadura Militar, saída do Movimento Nacional do 28 de Maio de 1926, e que o Estado Novo data apenas de 1933 com a Constituição da II República.
Que sabedoria é que o senhor professor doutor transmite aos seus alunos?
Segunda calinada. O senhor professor doutor universitário não sabe que a censura prévia, instaurada pelos militares em 1926, era para a imprensa e não para livros.
Que sabe o senhor professor doutor da história de Portugal dessa época?
Terceira calinada. «Curiosamente» não censurou… Porque haveria a Ditadura Nacional ou o Estado Novo de censurar um livro patriótico, sobre história de Portugal, pois se não censurava os livros a criticar o regime? Terá o senhor professor doutor a noção do que era censurado nessa época? Deve estar a confundir o livro em questão com o Avante!.
Que «verdade histórica», politicamente correcta, é que o senhor professor doutor transmite aos seus alunos?
O que o senhor professor doutor pretendia era ficar bem na fotografia a cinzento. Ficou mal.
Professores destes dão a ideia do estado em que se encontram Portugal e as suas universidades.