terça-feira, 25 de abril de 2017
Vamos fazer de conta de que o Papa não é o Bergoglio...
Nuno Serras Pereira
(Extracto de texto de Nuno Serras Pereira)
Não é recomendável que se intensifique na Igreja uma divisão radical entre os pró Papa Francisco e aqueles que são contra o Papa Francisco. No Santo Padre, importa muito distinguir entre o ofício de Bispo de Roma e, por isso Papa, da pessoa privada, neste caso, Jorge Mário Bergoglio. Este poderá dizer e fazer os mais colossais disparates sem que isso comprometa o papado, como tal. Por exemplo, quando Francisco fala a um grupo de crianças doentes e afirma que Nossa Senhora, aquando da Paixão de Seu Filho, ‘pensou seguramente que o anjo da Anunciação era um grande aldrabão’ ou, numa homilia em Santa Marta, diz que Jesus Cristo ‘se fez Diabo’, duas afirmações, evidentemente blasfemas, isso não se pode atribuir ao Santo Padre, que não está exercendo o seu magistério, mas sim à pessoa privada de Bergoglio. É certo que os média, assim como a generalidade das pessoas são incapazes de discernir isto que aqui se deixa dito. Pelo que, é de lamentar que estas coisas sucedam. Porém isso não é razão para pensarmos e agirmos como se nos dias de hoje não houvesse Papa legítimo. Devemos sempre obediência ao Santo Padre, excepto se nos imperar alguma coisa que seja pecado ou esteja em contradição com a Revelação, transmitida quer pela Sagrada Escritura quer pela Tradição (não confundir com tradicionalismo) da Igreja. Papas pecadores, como Libério, o primeiro a não ser canonizado, Honório, João XXII, para citar só alguns, houve bastantes na história. É certo, que desde os finais do século XIX até princípios do XXI, o Senhor concedeu à Sua Igreja Papas verdadeiramente extraordinários. Mas se, ou quando, isso não acontece, sabemos que Jesus Cristo, em meio das mais severas tempestades, não abandona a Sua Igreja, e providencia para que Ela não se afunda – as portas do Inferno nunca prevalecerão contra Ela. Nos tempos mais infelizes do papado, todos aqueles que cegamente defendem as palavras ou posições indefensáveis do Santo Padre fazem-lhe, a ele e à Igreja, um grande desserviço. Quem conhece a história da Igreja sabe bem que foram não poucos os Santos, bastantes desconhecidos da generalidade dos cristãos, que criticaram forte e duramente os Papas dos seus tempos, prestando-lhes desse modo um grande auxílio. Para dar um exemplo recente, também S. João Paulo II aprendeu com algumas críticas justas que lhe foram feitas (por exemplo, depois do 1.º encontro inter-religioso em Assis). Em resumo, os Papas podem errar e podem pecar. Aliás Francisco diz de si próprio que não é infalível e que é pecador. Alguns lamentam que apesar de repetidamente se confessar genericamente tal, não aceite, aparentemente, de boa-vontade, observações, críticas, pedidos de esclarecimento, injuriando áspera injustamente aqueles que as fazem, não a ele directamente, mas às propostas inqualificáveis daqueles que lhe são muito próximos.
É sabido que a cultura filosófica e teológica de Bergoglio é de tal modo pobre que, por exemplo, chega a recorrer à teoria política de um passado ditador argentino para a aplicar à Igreja, a saber, que o tempo é superior ao espaço, a realidade à ideia, etc., considerada por muitos intuições ou pensamentos geniais de Francisco. Seja como for, independentemente do que acima vai escrito, é cada vez mais evidente, que a Igreja vive hoje uma grave, ou mesmo gravíssima, crise. E a solução a solução desta passará necessariamente pelo papado.
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