quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

As militares da GNR que se casam

João Brandão Ferreira

«O que mais me preocupa não é o grito dos violentos, nem dos corruptos, nem dos desonestos, nem dos sem carácter, nem dos sem ética. O que mais preocupa é o silêncio dos bons»
Martin Luther King

Era um facto esperado que só admira por tardio. Já estava previsto acontecer logo que a iníqua lei fosse aprovada.

Temos uma sugestão a fazer às jovens nubentes: a nossa cabo deveria convidar o Sr. Ministro entre todos o primeiro, para padrinho, ou mesmo madrinha de casamento – a partir de agora a ordem é arbitrária – já que foi do seu grupo de «alfaiates» de leis, que saiu a proposta de legalidade agora em vigor; e a nossa capitão deverá endereçar o mesmo convite, ao recém-empossado inquilino de Belém, que genuflectiu sobre o diploma apesar de – confissão sua – não concordar com ele.

E que diabo, sempre se respeitava a hierarquia entre praça e oficial; bandalheira sim, mas não tanta!

Idêntico convite deveria ser endereçado ao coordenador Louçã e ao operário Jerónimo, para que, vestidos de meninas imaculadas e uns enfeites no cabelo abrissem o cortejo transportando as alianças; e também, no mínimo, uma participação do evento ao Passos laranja e ao Paulinho das feiras, a fim de poderem espreitar o evento, já que aparentaram vontade de participar na boda.

As paredes nuas do registo civil seriam ornamentadas com um grupo coral constituído por uma escolha de deputados inspirados nos tenores italianos (com voz de falsete), que cantariam árias burlesco – eróticas a quem o mestre maior do Oriente Luso, serviria de maestro. Ámen.

Já sei, sou um reaccionário sem respeito pela «liberdade» alheia que o «progresso» desacreditará. No meu estertor, porém, lamento informar que nem tudo o que se diz e faz é ou tem de ser aceitável, muito menos respeitável e que, para o caso de não terem reparado, também tenho direito a opor-me e, eventualmente, a que me perguntem o que penso, já que se dizem tão democráticos.

Ora nenhuma destas premissas parece fazer vencimento, nem em políticos, comentadores ou na classe dos jornalistas, que é quem filtra as notícias a serem divulgadas para a opinião pública. São assim como uma espécie de comissão de censura gigante, sem coronéis (visíveis) a tutelar. E há quem se lhes arrogue a autoridade de um 4.º poder. Resta só saber quem os elegeu…

A campanha nos «média» a favor dos casos de acoplamento de sexos idênticos – a caminho de serem transformados em «géneros», onde irá parar a esquizofrenia? –, destina-se a tornar o assunto banal e por isso «normal». E a condicionar psicologicamente a maioria da população o que, diga-se em abono da verdade, têm conseguido. O assunto é até mais grave pois não fica por aqui: é um processo subversivo da sociedade.

Quando a televisão pública, por ex., dedica 30 segundos à tomada de posse do novo Chefe de Estado-Maior General das FAs – logo um acontecimento menor – (e os outros canais, creio, que nem se referiram a tal); e por causa de uma morte repugnante originada numa cena infeliz, sórdida e canalha, de um conhecido pederasta – cuja mais valia conhecida foi a de fazer crónicas sociais, de grande profundidade cultural e metafísica (!), para a imprensa cor de rosa – os telejornais (todos) abriram durante vários dias com a notícia. O que se há-de pensar? E estas notícias não duraram segundos, levaram muitos minutos e repetiam-se à exaustão, enviaram-se repórteres e coscuvilhou-se de tudo um pouco.

Isto não tem nada a ver com a sacrossanta liberdade de informação: isto merece a maior censura social porque é um nojo. E, no fundo, é como no casamento das «senhoritas»: tentar transformar vícios privados em públicas virtudes.

Filosofemos.

É por estas e por outras que, enquanto os povos sujeitos a ditaduras, aspiram à democracia (mesmo sem saberem muito bem o que isso é), nas democracias, ao fim de algum tempo, sobretudo nas que se deixam degenerar nas regras e na moral, os povos começam a pensar em ditadura! Infelizmente, a solução não está em nenhuma delas (isto depois de se terem inventado e testado numerosas ideologias e formas de governo, à esquerda e à direita, falhando todas!).

A solução está na escolha representativa dos homens bons, íntegros, capazes e desprendidos, que sejam pelo bem comum e que sejam colocados nos lugares de responsabilidade. Quando, raramente, isso acontece os povos prosperam, a justiça aperfeiçoa-se, a vida melhora.

No fundo, trata-se da eterna luta entre o Bem e o Mal. Luta essa que nenhuma religião, também, conseguiu «resolver», sem embargo das teologias existentes – que também lutam entre si – e que, sem excepção postergam a solução final para o que acontecer depois da morte…

Verificando-se que a vida na terra – inserida no cosmos – consubstanciada nas leis da natureza, o que engloba os seres vivos e inanimados, a geografia, o clima, etc., vivem em equilíbrio e geram o equilíbrio, não deixa de ser assaz perturbador constatar que o homem constituiu-se no único e extraordinário perturbador das leis naturais. É o único ser vivo que pratica a guerra; depreda até à exaustão os recursos naturais; altera o clima; quer mudar as leis genéticas; é capaz de matar a sua descendência ainda antes desta nascer e mesmo não acreditando em Deus intenta desafiá-lo no seus poderes e competências…

E passou a estar de tal modo centrado no seu «eu» que deixou de perceber porque é que uma zebra fêmea não se satisfaz sexualmente com outra fêmea até porque isso representa romper com o equilíbrio da espécie.

E não se querer perceber, ainda, a gravidade que um comportamento semelhante tem numa Instituição Militar é algo de que já não me ocuparei hoje. Já filosofei demais.


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