sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

A Lusitânia dos Pequeninos

Perante a revelação das escutas pelo semanário O Sol,
Cavaco toma uma atitude severa

Na sequência da revelação das escutas pelo semanário O Sol, Cavaco, que tudo ignorava, tomou finalmente uma atitude na esfera de competências que lhe são atribuídas. Efectivamente, ele chamou Sócrates a Belém e interrogou-o severamente:
--- Então, José, fiquei a saber que pretendias colocar nas mãos do meu genro e filha, e dos meus netinhos, as rádios da Média Capital e falhaste a operação! Que tens a dizer sobre este grave falhanço?!

A podridão no Partido Conservador britânico


Para conhecer a posição do líder conservador David Cameron sobre a questão dos pederastas, é obrigatório ler as suas últimas declarações:
1. Asilo político para homos estrangeiros.
2. Persuadir a igreja anglicana a modificar a sua atitude negativa.
3. Permitir a educação sexual nas escolas no sentido favorável à homosexualidade.

4. Cameron também prometeu a proibição de entrada na Inglaterra de cantores rap cujas canções dizem mal dos 'gays'.
Será que ele quer perder quer perder as póximas eleições?

Ele quer mais pederastas na Grã-Bretanha.
Não seria mais fácil ele ir para ao pé deles?

A defesa coxa de Iris Robinson

A. Rocha
Sob o título «O caso (nos dois sentidos) da sra. Robinson», publicou o comentador Alberto Gonçalves no DN do passado dia 12 de Janeiro um nota que constitui uma defesa coxa da senhora. Coxa porque é liberal. Coxa porque é incoerente. Coxa porque é sectária.
Eis o texto integral.
«A consciência moral de meio mundo despertou para a história de Iris Robinson, a deputada e mulher do primeiro-ministro da Irlanda do Norte que, aos 59 anos, deu umas cambalhotas extraconjugais com um rapaz de 19 e, ao que consta, se serviu da posição (política, nada de segundas intenções) para financiar o bar do amante. A justiça local pegou no lado corrupto da questão. A justiça popular de toda a parte preferiu naturalmente o lado pícaro e, além de elaborar vistosos trocadilhos com a adúltera homónima do filme A Primeira Noite (e a canção de Paul Simon feita para o filme), desatou a condenar a sra. Robinson pela aventura sexual.
«A condenação merece um ou dois comentários. Há uma quantidade notável de políticos infiéis que se safaram sem mácula, ainda que as consequências da infidelidade fossem ligeiramente mais graves que a abertura de um bar. Um exemplo moderado é o de Bill Clinton. Um exemplo extremo é o de Edward Kennedy, que, em Julho de 1969, conduziu não demasiado sóbrio o seu carro para o fundo de um lago. No carro seguia, e lá ficou até morrer, uma "amiga" do senador. O senador fugiu. O escândalo não impediu que Kennedy sobrevivesse biológica e politicamente ao acidente e que, 40 anos decorridos, as elegias fúnebres de Agosto passado o pintassem como um santo. Já a carreira da sra. Robinson (e, talvez, a do marido) terminou dias após a divulgação do seu pecado. O que explica a diferença de tratamento?
«O problema, se bem percebo, passa pelas convicções, sinceras ou simuladas, da sra. Robinson. Antes do deslize amoroso, ela cometeu o deslize de confessar fé cristã e simpatia pelos "valores familiares". Pior ainda, em 2008 produzira umas afirmações desagradáveis acerca da homossexualidade. Isto, somado ao affaire, chega e sobra para transformar a senhora numa "hipócrita". Na América, embora obviamente não só na América, a detecção da "hipocrisia" em políticos conservadores é um dos desportos preferidos da esquerda, sob o argumento de que a vida privada deve corresponder escrupulosamente aos ideais professados na vida pública. Podia-se inferir daqui que, em nome da coerência, os ideais públicos de Clinton incluíam o abuso de funcionárias e os de "Ted'' Kennedy a embriaguez, o homicídio e a fuga. Mas é melhor dar um desconto, e apenas notar que atrás de imensos progressistas se esconde um inquisidor e uma fogueira acesa.»
Análise coxa porque liberal.
A crítica moral constituiria um acto de «justiça popular». E essa «justiça popular» cometeu a injustiça de «condenar a sra. Robinson pela aventura sexual» (gosto sobretudo do aventura sexual!). A infidelidade da senhora Robinson ter-se-ia resumido a qualquer coisa sem importância, a «umas cambalhotas extraconjugais» (gosto sobretudo do umas!). O facto de o ter feito com um miúdo com idade para ser neto dela deve ser encarado com naturalidade. Eis porque os cato-liberais aderem a análises como esta.
Análise coxa porque incoerente.
Diz o comentador: «A justiça local pegou no lado corrupto da questão.» Qual será então o lado honroso da questão? A infidelidade da senhora teria acontecido com «um rapaz». Ora, à data do comentário, já se sabia que os casos não ficavam por «um rapaz». Abundavam. Aliás, basta olhar para a falta de decoro no vestir desta cristã (na verdade, ninguém lhe pode negar a fé, lá por ser uma mulher de mau porte) para não ficar surpreso com o rol. Com tudo isto, o comentador pretende moldar as regras cristãs à prática cristã não conforme. À prática não conforme às leis chama-se pecado. Conciliar o pecado de cristãos com as regras cristãs chama-se incoerência.
Análise coxa porque sectária.
O comentador entende que não se poderia falar desta adúltera porque outros, do outro lado, também não estão inocentes, como, por exemplo, Bill Clinton e Edward Kennedy. E que todo este julgamento «popular» se deve à sujeitinha se ter declarado cristã, com simpatia pelos valores familiares e crítica em relação à maneira como é colocada a questão da homossexualidade. O comentador, em vez de encarar as questões segundo critérios éticos, está mais preocupado com a camisola. Com a seita.
Se Alberto Gonçalves pretendeu defender os valores familiares, cristãos, foi pior a emenda do que o soneto. Se pretendeu defender o campo cristão, então deu tiros nos pés.
Admiro-lhe o esforço de reagir contra o domínio mediático pela esquerda mas a sua análise não chega. E mais de admirar é que pessoas com obrigações intelectuais e religiosas se identifiquem com o que foi dito por Alberto Gonçalves e o reproduzam sem comentários.
Para ouvir no Youtube a canção de Simon & Garfunkel, clique em




domingo, 31 de janeiro de 2010

Para que serve a República?

100 ANOS DE MAU, DE BOM, DE MAU...
Heduíno Gomes
Cá para mim, está para demonstrar a superioridade da república sobre a monarquia e vice-versa. Tudo depende do presidente e do monarca em questão e respectivos governantes. É assim que penso, excepto no caso do Estado espanhol, onde desejo ardentemente a reimplantação da República como meio de desintegração daquela coisa (já faltou mais tempo). E também na Dinamarca, onde reina uma família que não defende os valores morais da Civilização: se uma família real nem para referência moral serve, porquê mantê-la? E o mesmo digo em relação àquelas monarquias que se apresentem com modernices.
Se olharmos para estes 100 anos de República Portuguesa, o que vemos?
A I República, filha da maçonaria, por mais que se esforcem os «historiadores» a lavá-la, foi uma palhaçada trágica para Portugal e para as vítimas que à sua mão sucumbiram, começando logo pelo «herói da Rotunda», Machado dos Santos, a quem ela deveria a sua existência. Afonso Costa foi o principal actor do circo republicano. Desordem, bombas, insegurança, atentados à vida das pessoas, perseguições religiosas e bancarrota.
O único Presidente da I República que efectivamente tentou pôr fim à palhaçada trágica, Sidónio Pais, foi assassinado (1918), igualmente pela maçonaria.
Perante o caos da I República, surge o Movimento Nacional do 28 de Maio (1926). Com Gomes da Costa à frente, e ladeado por Carmona e Cabeçadas, maçãos moderados, este movimento instaurou a Ditadura Nacional e teve o mérito abrir o caminho à recuperação e regeneração de Portugal. Contudo, as ideias sobre o que fazer não estavam claras na cabeça do principal chefe militar e foi preciso outro movimento dentro do movimento para acertar as agulhas e abrir o caminho à paz, segurança e estabilidade. Porque senão a «república» (isto é, a bagunçada, de que ficou como sinónimo) continuaria. Correcção feita graças a Carmona (Julho de 1926).
Carmona acabaria por entregar o executivo a Salazar (1932) e, em conjunto, fundaram a II República (1933), da qual foi o único Presidente com poder real. Sendo Salazar a segunda figura da II República e falecido Carmona (1951), a partir daí, enquanto Salazar viveu, os presidentes viveram à sua sombra. Craveiro Lopes (1951-1958) foi um colaborador de Salazar que, em determinado momento, pretendeu saber mais do que o mestre. E Américo Tomás, na sua simplicidade, ao contrário de Craveiro Lopes, teve o mérito de não estorvar, permitindo assim um período de enorme desenvolvimento de Portugal e a defesa sábia da estratégia do Ocidente em África perante a cobiça e o expansionismo soviético.
Chega o 25 de Abril de 1974. Para Presidente vai Spínola, um fanfarrão, ambicioso e ignorante que, para alcançar a «Suprema Vaidade da Nação», não hesitou em trair a sua palavra (consultar Marcelo Caetano, O Meu Depoimento) e incendiar Portugal. Como se isso não bastasse, vai de asneira em asneira, de casca de banana em casca de banana, entregando o poder ao Partido Comunista e seus aliados. Segue-se-lhe o Costa Gomes (Setembro de 1974), que dá ainda mais abertura ao Partido Comunista, e que, já fora da Presidência, revelará a sua verdadeira face ao perder a vergonha e integrar abertamente o «movimento da paz» sovietista.
A III República (1976) faz eleger para seu primeiro Presidente Eanes, aquele que começou por ser eleito contra o Partido Comunista e acabou reeleito com os votos do Partido Comunista e aos abraços a Brejnev. E hoje temos o cérebro de Boliqueime a presidi-la. Querem melhor?
Sabe-se como foi a I República e todos sabemos como esta III República pôs Portugal.
Para que serve afinal a República? Começou por afundar ainda mais Portugal, reergueu-o e voltou a transformá-lo nesta choldra. Eis a República.

E se houver aqui alguma mentira (ou inverdade, como se diz agora em português «politicamente correcto»), que me desmintam.
Que me perdoe o meu bisavô Joaquim (partidário de Brito Camacho), o meu avô João (partidário de Afonso Costa) e o meu tio-avô José (partidário de António José de Almeida). Aliás, certamente perdoam pois tiveram ocasião de perceber o logro em que haviam caído, acontecendo que o meu avô, para dizer desordem, dizia sempre república.
E já que se trata de República como facto consumado sem que nunca os Portugueses para tal tenham votado (que grandes democratas que os republicanos são!), para quando a Quarta, livre de toda esta actual mediocridade?





A imprensa e os Estados Unidos no Haiti

Cláudio Mafra

Não adianta. A lavagem cerebral anti-americana é a força mais actuante, mais influente dos nossos tempos, a mais importante de todas. Não adianta os Estados Unidos enviarem ajuda para o Haiti numa escala excepcional, nunca vista. Os jornais preferem criticá-la e insinuam de uma forma ridícula o perigo de uma ocupação permanente. Seria um insulto à inteligência crítica se essa inteligência não estivesse adormecida, ao que parece em carater perpétuo. E a desonestidade é flagrante. As manchetes não correspondem ao que está na matéria. Na quarta-feira, dia 20, o Estadão publicou em letras garrafais um primor de má fé: «FORÇAS AMERICANAS AMPLIAM ACÇÕES E OCUPAM SEDE DO GOVERNO». Não é óptimo? Parece uma guerra, a descrição de um ataque americano. Mas, que governo é esse a que se referem? Ainda não perceberam que não existe um Estado no Haiti? Não perceberam que o último governo para valer foi o da ditadura de Baby Doc, o ladrão que fugiu para a França em 1986.

O especialista em armamentos do Estadão começa assim: «Os Estados Unidos estão a fazer no Haiti o que sabem fazer de melhor: ocupar, assumir, controlar». Que coisa, hein? Conquistaram outro país. E o mais esquisito vem depois, quando ele cita a Doutrina Powell «aplicada em tempo de paz». Mas, o que é isso? Por conta própria resolveu adaptar o inadaptável, apenas para os leitores ficarem impressionados com sua cultura ao citar o general*. Diz o especialista: «Ela prevê que os EUA não devem entrar em acção a não ser com superioridade arrasadora». Mas como, diabos, é que esse vocabulário guerreiro se aplica à situação no Haiti? A gente pensa que ele vai descrever uma competição entre os Estados Unidos e outros países para ver quem ajuda mais -- um approach idiota -- mas dessa nós escapamos. Aliás, o Brasil ressentiu-se com a presença formidável dos americanos e andou trilhando o seu caminho preferido: o da falta de compostura nas relações internacionais. Achou que estava perdendo prestígio (e estava mesmo, como é possivel igualar-se à primeira potência mundial?) e passou logo para a difamação. Êta Amorim!

Virando a página temos outra manchete: «Acção agressiva dos EUA causa atrito com a ONU». Quer dizer, os EUA estão metendo os pés pelas mãos. E na reportagem: «A operação americana no Haiti causa mal-estar na ONU e a entidade é obrigada a declarar que o país ainda é ‘um Estado soberano’». «Obrigada a declarar »… Mas que advertência mais absurda! Parece que os Estados Unidos estão truculentamente investindo contra os poderes constituídos. E por falar nisso, o Presidente da República, René Préval, já saiu de debaixo da ponte? Bem, sabemos que a ONU é mais do que esquerdista, mais do que anti-americana, embora um terço do salário dos seus funcionários-marajás venha dos Estados Unidos.

Voltando à reportagem, vemos que depois do estrago feito, o repórter filo-comuna resolve fingir isenção: «Quase 70%do orçamento da ONU para o Haiti vêm de Washington». Mas ele não resiste a esse ataque de quase honestidade e ataca outra vez: «É a bandeira americana que está hasteada no aeroporto de Porto Príncipe». Malditos americanos! Já tomaram o aeroporto! E o restante da matéria é uma barbaridade. Critica o que seria uma ocupação: «A ONU está irritada, já que os americanos estão actuando como se estivessem num local de guerra» e «a ONU protestou porque os alimentos estão sendo distribuidos usando paraquedas». Dá para acreditar? Implicam até com os paraquedas. O completo nonsense. E o cabide de empregos usa tudo para criticar os Estados Unidos, ainda que seja sustentado por eles. O repórter segue com suas bobagens monumentais, mas sempre procurando disfarçar o seu sentimento de ódio. Para isso usa o mecanismo de alguém afirmando alguma coisa agradável sobre a ajuda extraordinária dos Estados Unidos. Dessa maneira finge que está sendo neutro, mas o peso da matéria, o seu direccionamento geral, o que se instala na cabeça do leitor, é a repulsa aos famosos imperialistas que são a desgraça do mundo, mesmo quando os factos mostram uma clareza imbatível, com os americanos trazendo alimentos, remédios, soldados e organização numa quantidade que só mesmo eles, com seu imenso poder, podem fazer. E por falar nisso, onde é que está a China? Comportando-se de maneira a justificar o sonho da esquerda de que amanhã será o maior país do mundo, tomando o lugar dos Estados Unidos? Impressionando pela quantidade de ajuda ou enviando suas quinquilharias falsificadas?

Um correspondente fala na «mania dos generais americanos de colocar os generais europeus na sua insignificância». Nossa Senhora, mas é exatamente o contrário! Desde a 2.ª Guerra Mundial, e na Guerra Fria, os militares americanos aprenderam a tomar o maior cuidado para não humilhar os seus aliados. Em determinados momentos chegaram a ser patéticos. O exemplo histórico foi deixarem De Gaulle entrar à frente em Paris com a sua tropinha francesa, negando aos soldados que realmente libertaram a cidade o orgulho, o direito, de fazê-lo. (De Gaulle deu logo um pontapé na História e começou o seu discurso dizendo: «A França! A França que se libertou com suas próprias forças!»). E, além do mais, todos sabemos que os generais europeus são mesmo insignificantes. Não conseguiram colocar ordem na própria cozinha, nos episódios da Bósnia e no Kosovo. Morreram de medo dos sérvios. Dependem dos americanos para tudo.

O porta-voz da diplomacia de Washington enviado ao Haiti deu uma entrevista e vocês viram a manchete que o Estadão colocou? Foi assim: «Americanos não vão se retirar tão cedo». Não é demais?

O Globo também segue na mesma linha e nem vale a pena citá-lo. Agora me lembrei do Dave Letterman fazendo uma piada: «Amanhã estaremos transmitindo a entrega do Oscar para 137 países que nos odeiam».

Tudo que coloquei no artigo é apenas do dia 20 de Janeiro de 2010, quarta-feira. Se eu pegasse toda a semana seria material para uma tese.

Nós precisamos educar os nossos filhos EM CASA, já que do lado de fora tudo é esquerdismo, tudo é anti-americanismo. É falta de amor, respeito, é indignidade permitir que eles façam parte da boiada.

* Essa doutrina atribuida a Powell de fato não é dele. Já havia sido formulada por MacArthur em declarações sobre a guerra da Coreia, e por outros generais com referência à guerra do Vietnam. Kissinger também escreveu a mesma coisa. A grande característica de Collin Powell é a falta de caráter.

Publicado em Reflexões Radicais

A desonestidade da comemoração republicana
com Antero do Quental



Nuno Castelo-Branco
Nesta azáfama propagandística das capitosas delícias da implantação da república, tem sido frequente o recurso aos grandes nomes do pensamento e da literatura do Portugal oitocentista. Se o descaramento não atinge Camilo, Herculano e Garrett, a ostensiva manipulação de outros como Oliveira Martins -- ministro de um governo de D. Carlos I --, Eça -- representante diplomático da Monarquia --, Ortigão -- abnegado amigo do rei --, ou Fialho, procura amalgamar estas personalidades na massa informe onde pontificaram Bernardino, Teófilo [Braga], Almeida, Junqueiro, Leão e uma infinidade de Costas, uns mais conhecidos que outros.

De uma total e deliberada desonestidade é a persistente usura de Antero de Quental, alternando o aproveitamento em benefício de uma certa ideia de «socialismo», com a da república. (...)

A uma Comissão que pretende fazer História, recomendar-se-ia, no mínimo, um pouco de discernimento, honestidade e, sobretudo, de pesquisa desapaixonada dos factos.

Aqui ficam em breves linhas, alguns desbafos de Antero:
I - in Carta a João Lobo de Moura, possivelmente de finais de 1873.
«Creio que teremos a república em Portugal, mais ano menos ano: mas, francamente, não a desejo, a não ser num ponto de vista pessoal, como espectáculo e ensino. Então é que havemos de ver o que é atufar-se uma nação em lama e asneira. Falam da Espanha com desdém -- e há de quê -- mas eles, os briosos portugueses, estão destinados a dar ao mundo um espectáculo republicano ainda mais curioso; se a república espanhola [a efémera, caótica e desastrada I república espanhola, de Fev. de 1873 a Dez. de 1874] é de doidos, a nossa será de garotos. A grande revolução, meu caro, só pode ser uma revolução moral, e essa não se faz de um dia para o outro, nem se decreta nas espeluncas fumosas das conspirações, e sobretudo não se prepara com publicações rancorosas, de espírito estreitíssimo e ermas da menor ideia prática.»
II- In Carta a João Lobo de Moura, Lisboa 18 de Março de 1875.
«Há já república em França. Isto não altera muito sensivelmente o estado das coisas: entretanto os nossos jacobinos criaram com isso grande ânimo, e andam alvoroçados. Querem também uma República. Talvez a tenham; mas, se assim for, duvido que gostem dela. Imagine uma República em Portugal! Entretanto pensam nisso com grande confiança, e é certo que o partido republicano engrossa a olhos vistos. Quando os republicanos forem maioria, tratarei de me fazer anti-republicano, porque fui sempre amigo de me achar em minoria».
III - In Carta a Oliveira Martins, Lisboa 10 de Outubro de 1878.
«Aqui pretendem uns centros republicanos, soi-disant socialistas, apresentar a minha candidatura por Alcântara. Respondi que achava equívoca a expressão republicano-socialista e como este equívoco praticamente me parece perigoso, só aceitaria a dita candidatura com o carácter exclusivamente socialista, com toda a reserva de questão política e em completa isenção do movimento republicano actual».