quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Pérolas dos nossos políticos e dos nossos intelectuais (11)
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João César das Neves:

Afinal haverá ou não almoços grátis?

Heduíno Gomes
João César das Neves publicou no Destak (8.9.2010) um tão calamitoso comentário à expulsão de ciganos em França que merece alguns reparos.
Talvez JCN fale e escreva sobre tanta coisa que nunca chegue a ter tempo para reflectir sobre o que escreve. O seu grande problema talvez seja saber pouco e filosofar muito. Daí que saiam frequentemente da sua boca e da sua pena coisas que até dão pena. Mas pior do que darem pena é a intoxicação que produzem, principalmente entre as pessoas católicas, que, por afinidade religiosa e decorrente crença numa afinidade filosófica ou política, o escutam. Contudo, observando com atenção o seu pensamento, vê-se que as coisas não são bem assim.
As suas incoerências lógicas são regra nas crónicas que produz, cruzando-se a demagogia com o pouco discorrimento.


O seu alinhamento tecnocratista-cavaquista atravessou décadas, só acabando quando do malabarismo e mais que evidente e escandalosa traição do «grande líder» de Boliqueime na questão do aborto e «casamentos» entre invertidos.
Já o vi na televisão supostamente em contraponto com dois interlocutores ateus, onde estes defenderam a Igreja bem melhor do que o oficioso católico.
Já o ouvi, na apresentação de um livro, armado em política ou religiosamente correcto, e seguidista em relação ao establishment, ser indelicado com o autor (o qual caridosamente o havia convidado para apresentador), que corajosamente defende a vida, acusando-o de ser assim uma espécie de destemperado, por não pactuar com esses tais católicos do establishment, que dão uma no cravo e dez na ferradura ou então «sabiamente» se calam e acomodam.
Noutra ocasião, envergonhado (eu!), já me enfiei por uma cadeira abaixo do cinema São Jorge ao ouvi-lo falar sobre o livro Jesus de Nazaré, na qualidade de «intelectual católico», e ainda mais envergonhado fiquei quando um padre teve de corrigi-lo sobre as fantasiosas interpretações que acabara de produzir sobre o pensamento de Bento XVI constantes no livro.
Etc., etc.
Agora vem falar sobre a expulsão de França de uns tantos ciganos.
Toda a gente sabe como sobrevive a maioria dos ciganos, e nomeadamente aqueles que foram expulsos de França. Ora, o economista JCN, que não se cansa de dizer que não há almoços grátis, vem afinal, armado em bonzinho, com a sua «doutrina social» (que parece ser a de uma certa Igreja pintassilguista) pretender que os ciganos têm direito a almoços grátis...
Pior, confundindo alhos com bugalhos, verdades banais com demagogia, bondeza (que não bondade) com palermice, hospitalidade com multiculturalismo, democracia com irresponsabilidade, numa pseudo-erudição para impressionar parolos (como é hábito), tece disparatadas considerações sobre as medidas do Governo francês, acabando por compará-las à política nazi e fascista, portanto nada ficando a dever às declarações daquela idiota do Luxemburgo que é Comissária em Bruxelas e que teve de seguida de engolir o que disse. Tristeza.
Será com a lucidez de católicos destes na política que isto poderá dar uma volta? Acredite quem quiser.
Com políticos católicos destes não seriam precisos bloquistas. Parafraseando um outro mito do nosso rectângulo, é caso para dizer: Inventem-se novos intelectuais e políticos católicos! Com estes não vamos a lado nenhum.



Para quem quiser apreciar
o emaranhado da sua prosa:
Expulsão
DESTAK
08
09
2010 22.39H
João César das Neves
naohaalmocosgratis@fcee.ucp.pt
A sociedade europeia considera-se guardiã mundial dos direitos humanos, democracia e segurança social [Mas não é!]. Mas foi , há poucas décadas, que aconteceram as maiores violações desses valores, [E na Ásia? E em África?] com uma frieza, eficácia e calculismo que fariam corar os bárbaros mais cruéis [Olha o que o senhor professor sabe de história universal!]. Em reacção, tendo rejeitado tais desmandos e concebido leis e instituições avançadas, a Europa acha hoje que os pode ensinar ao mundo [Nada disso! Não pode ensinar valores! Civilizações que não precisam de lições existem no Cambodja, no Sudão ou nas aldeias dos antropófagos australianos! (E nós a pensarmos que o senhor professor católico não era relativista cultural...)].
A França diz-se autora mundial dos direitos humanos, democracia e segurança social. A razão foi de há dois séculos ter feito a revolução que desmantelou a sociedade antiga, e que descambou em roubos, atrocidades e um império ditatorial, tudo em nome do poder popular [Roubos e desmandos, coisas que os ciganos objecto de expulsão não fazem.].
Sem nunca ter rejeitado tais desmandos [???!!!], mas dizendo evoluir nesses princípios, acha hoje que os pode ensinar ao Mundo. A recente decisão do presidente francês de expulsar em bloco os ciganos [Em bloco: olha que honesto que é o senhor professor católico!], como antes a proibição parlamentar do uso do véu islâmico [Afinal devemos defender o espaço da cristandade ou embarcar na treta do multiculturalismo?], são claras violações do espírito de respeito, abertura e tolerância que suportam a civilização europeia [Afinal a Europa deve envergonhar-se ou é a referência de civilização?]e a cultura francesa[Idem].
Os defensores dessas medidas argumentam que a sua actuação está de acordo com a democracia [Será o argumento principal?]. Os imigrantes eram criminosos[Os imigrantes: olha que honesto que é o senhor professor católico!], o véu indigno [O véu será símbolo cristão ou admissível do ponto de vista de segurança considerando que abre a porta à burka?] e ambos são ilegais [Será que os franceses não têm o direito de fazer as suas leis e viver segundo elas?]. Vale a pena lembrar-lhes que Hitler e Mussolini sempre estiveram dentro da sua legalidade [Comparação inteligente, nada demagógica e muito honesta!]. Como Danton e Robespierre, e até Luís XVI e Maria Antonieta. Quando é o suposto mestre que faz ataques destes, será que admira que o Mundo não aprenda? [Parece que é o senhor professor que não aprende!]



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