sexta-feira, 5 de maio de 2017

A propósito de um comentário de Amaral Lopes


Heduíno Gomes

Um comentário de José Manuel Amaral Lopes sobre Joana Vasconcelos no Facebook suscitou-me o seguinte comentário.

Eu já comentei o que haveria de comentar propriamente sobre a Joana*. Mas agora tenho é de comentar o comentador Amaral Lopes, o político, melhor dito, o seu conceito de cultura traduzido na sua acção política.

Tanto aqui como noutras declarações, Amaral Lopes, que foi Secretário de Estado Adjunto de Pedro Roseta na cultura e vereador da cultura na Câmara de Lisboa, apresenta-se como mero gestor de meios, como capataz de meios culturais, como amante de tudo, isto é, como um sincretista. Aliás, neste seu comentário, começa mesmo por dizer «Eu não sou crítico de artes.», embora frequentemente elogie o experimentalismo e se revele apoiante tácito do pós-modernismo, o que não deixa de ser bizarro da parte de quem sugere ser neutro em arte. Não ser crítico de arte significará não exercer a actividade de crítico ou não ter critérios de conteúdos culturais? Será isto uma virtude ou defeito, especialmente vindo de quem já teve responsabilidades governativas?

Pois eu sou crítico de conteúdos culturais e de políticas culturais.

Sou crítico de políticas culturais como a de Amaral Lopes, que diz limitar-se a gerir meios sem olhar ao conteúdo, numa atitude de neutralidade — ou acefalia — tecnocrática, enquanto na realidade serve a contra-cultura.

No seu currículo, Amaral Lopes, tanto apresenta alguns aspectos de gestão corrente como cuidador do património — tal qualquer medíocre tecnocrata (passo o pleonasmo) o sabe fazer — como o ter concedido em grande escala subsídios a grupos e iniciativas «culturais» destruidores da família, destruidores da educação da juventude, destruidores da identidade nacional, destruidores da economia nacional, destruidores do bem comum. Isto é, destruidores da cultura nacional, naquilo que lhe é próprio e naquilo que é comum à cultura e Civilização ocidental. E assim sou crítico de conteúdos culturais como os que Amaral Lopes andou a subsidiar.

Por isso Amaral Lopes aprecia a escultura do tampax (premiado pela EDP, isto é, por alguém do lóbi do Amaral Lopes na EDP).

Porque Amaral Lopes, na realidade, não comunga dos valores da nossa cultura.

Porque Amaral Lopes, o pseudo-neutro, o sincretista, é na realidade um activista da contra-cultura.

Amaral Lopes, o politicamente correcto, já não servia nem servirá para nosso governante, nem vereador, nem presidente de junta, como alguns recentemente pretendiam.

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Piadas à parte... Por acaso andei com a Joana Vasconcelos ao colo... Em bebé, claro. Até tenho a ideia de que lhe dei biberão... Quanto à sua linha artística, acho que simplesmente desenvolve a técnica da ampliação de objectos, que se torna incomum e por isso curiosa e surpreendente, em certa medida original em Portugal. Esteticamente, umas vezes sai melhor, outras vezes pior. Como em todos os artistas. Espero que a sua aproximação a Fátima seja real, profunda e consequente e signifique o seu afastamento de esculturas com tampax...





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