terça-feira, 6 de outubro de 2009
Não toquem na donzela! ou A «linha geral» de Cavaco
Há precisamente 24 anos e 4 meses (desde o sábado seguinte à sua eleição no Congresso da Figueira da Foz, em que aparece já no Expresso em baixas negociatas políticas) que eu ando a alertar para o facto de Cavaco não ser um político em que possamos confiar. Levou tempo a perceberem, bolas!
Porque não poderemos confiar nele? Não é apenas pelas barracas recentes. Há várias histórias velhas.
Traiu Freitas do Amaral na campanha para as presidenciais.
Traiu a UNITA colaborando com o MPLA para atraí-la ao massacre de Luanda.
Traiu Nogueira emitindo «avisos à navegação» para a sua derrota no PSD e nas legislativas.
Traiu os defensores da vida e dos valores da família que confiaram nele contra a degradação de Sócrates.
E agora chegou a vez da sua amiga Manuela levar duas punhaladas nas costas.
(Lista certamente incompleta.)
A primeira punhalada foi, como se sabe, a demissão do cortesão Fernando Lima, em plena campanha eleitoral, como quem diz aos Portugueses: essas coisas que o PSD e a Manuela andam para aí a dizer do Sócrates não são verdadeiras, Sócrates é fixe!
A segunda punhalada foi, como se sabe, o anúncio da visita papal em momento antecipado ao acordado com a Igreja, e de forma despropositada, em plena campanha eleitoral, como quem diz aos Portugueses, principalmente aos católicos: têm bons governantes, deixem-se estar que estão bem!
Neste 5 de Outubro de 2009, lá vem ele com aquelas palavras bem-pensantes, a falar de transparência e a recomendar aos Portugueses que conheçam os políticos. Pois é: se os Portugueses o conhecessem a ele, certamente não lhe teriam dado o voto.
Finalmente, as pessoas, incluindo o povo laranja, perceberam com quem têm estado a lidar!
Ao longo de todo este tempo, ele andou simplesmente a fazer pela vida. E conseguiu pois chegou a Presidente da República. Alguém com inteligência acreditará hoje que ele tinha algum ideal dentro do PSD para além de se servir dos militantes e atingir os seus fins pessoais? Alguém com inteligência acreditará que a firmeza perante as manobras desintegradoras de Portugal no caso do Estatuto dos Açores se deveu a algum sentido de Estado do «gajo» (como consta que Mário Soares se refere a Sua Excelência) e não a lhe terem tocado nos seus poderes pessoais?
Desiludam-se! Cavaco reage forte quando lhe tocam no seu estatuto, nos seus poderes, na sua pessoa! Não toquem na donzela!
A defesa do seu ego, da sua posição, do seu poder e da sua carreira foi e é a «linha geral» deste tecnocrata e individualista!
Heduíno Gomes
Texto de 1995
Dez anos de cavaquismo
- o tempo que «o gajo» governou:
dez anos de mito da macro-economia e da competência técnica;
dez anos de ruína e atraso na educação;
dez anos de permissividade, amoralidade e antivalores;
dez anos de política externa obscura;
dez anos de obscurantismo político no Partido;
dez anos de obscurantismo cultural;
dez anos de ditadura no Partido;
dez anos de submissão do Partido ao Estado;
dez anos de culto da personalidade;
dez anos de mito do herói...
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1 comentário:
A esta nota sobre o Cavaquismo, deveríamos
acrescentar, no capítulo da manipulação hipócrita do dito senhor, que, aquando da sua visita à Polónia em Setembro de 2008, Cavaco fez
questão de se encontrar com o cardeal ex-secretário de JP2, em performance de perfeito catolicismo-para-católico-ver. Com rasgados elogios ao papa polaco e outros efeitos especiais, como não podia deixar de ser.
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