[Texto recebido não identificado]
Caros amigos,
Os angolanos devem começar a reflectir sobre o que se diz na Europa e noutras paragens do mundo dos governantes angolanos.
As questões que se levantam são: de onde provém a tal cleptocracia mundial? Quem protege os cleptocratas? E quem alimenta a cleptocracia?
Reflictamos todos. Os meus amigos europeus a quem envio esta mensagem ajudem-me a compreender:
Será isso um problema da África ou de consciência dos africanos?
Como os europeus encaram estes factos?
A minha preocupação não se coloca em relação à realidade ou não dos factos, porque a realidade pode ser muito mais assustadora. A minha preocupação tem a ver com o tipo de relações internacionais que se estabelecem entre os Estados, entre as pessoas dos diferentes Estados, a moral destas quando os governantes dos seus países são acusados de corrupção, e de outras acções ilícitas eivadas de promiscuidade com a conivência deste ou daquele país ou daquele governante locupletador. Será possível falar-se em política e moral no mesmo sentido realístico da palavra? Será que existem palavras que por mais ofensivas que sejam não ferem o bom nome das pessoas? Ou será que nem sempre quem cala consente? E quando é que nós saberemos que calar não é consentir?
Abraço a todos.
Para teu conhecimento, saiba que está a circular pela internet essa informação. A mensagem que me foi enviada não continha a fonte nem o período da ocorrência.
Suíça ameaça cleptocracia mundial
Bloqueados 100 milhões de dólares do presidente angolano
Há dez anos que os tribunais suíços iniciaram um longo processo para bloquear os fundos depositados nos seus bancos por ditadores e políticos corruptos de todo o mundo, cujas fortunas, por vezes colossais, foram obtidas através da espoliação de bens públicos pertencentes aos povos que governam, usando para tal os mais diversos expedientes de branqueamento de capitais. O processo começou em 1986 com a devolução às Filipinas de 683 milhões de dólares roubados por Ferdinando Marcos, bem como a retenção dos restantes 356 milhões que constavam das suas contas bancárias naquele país. Prosseguiu depois com o bloqueamento das contas de Mobutu e Benazir Bhutto. Mais tarde, em 1995, viria a devolução de 1236 milhões de euros aos herdeiros das vítimas judias do nazismo. Com a melhoria dos instrumentos legais de luta contra o branqueamento de capitais, conseguida em 2003 (também em nome da luta contra o terrorismo), os processos têm vindo a acelerar-se, com resultados evidentes: 700 milhões de dólares roubados pelo ex-ditador Sani Abacha são entregues à Nigéria em 2005; dos 107 milhões de dólares depositados em contas suíças pelo chefe da polícia secreta de Fujimori, Vladimiro Montesinos, 77 milhões já regressaram ao Peru e 30 milhões estão bloqueados; os 7,7 milhões de dólares que Mobutu depositara em bancos suíços estão a caminho do Zaire; maisrecentemente, foram bloqueadas as contas do presidente angolano José Eduardo dos Santos, no montante de 100 milhões de dólares. É caso para dizer que os cleptocratas deste mundo vão começar a ter que pensar duas vezes antes de espoliarem os respectivos povos. É certo que há mais paraísos fiscais no planeta, mas também é provável que o exemplo suíço contagie pelo menos a totalidade dos off-shores sedeados em território da União Europeia, diminuindo assim drasticamente o espaço de manobra destas pandilhas de malfeitores governamentais.
No caso que suscitou este texto, o bloqueamento de 100 milhões de dólares depositados em contas de José Eduardo dos Santos, presidente de Angola há 27 anos, pergunta-se: que fez ele para se tornar o 10.º homem mais rico do planeta (segundo a revista Forbes)? Trabalhou em quê para reunir uma fortuna calculada em 19,6 mil milhões de dólares?
Usou-se o poder para espoliar as riquezas do povo que governa, deixando-o a viver com menos de dois dólares diários, que devem fazer os países democráticos perante tamanho crime de lesa humanidade? Olhar para o outro lado, em nome do apetite energético? Que autoridade terá, se o fizerem, para condenar as demais ditaduras e estados falhados?
Olhar para o outro lado, neste caso, não significa colaborar objectivamente com a sobre-exploração indigna do povo angolano e a manutenção de um status quo antidemocrático e corrupto que apenas serve para submeter a esmagadora maioria dos angolanos a uma espécie de domínio tribal não declarado?
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