Conforme explica Kate Pickert, autora do artigo de capa, desde que em Janeiro de 1973 a Corte Suprema dos Estados Unidos converteu num direito federal o acesso ao aborto, «o movimento pro-choice (abortista) vem perdendo» as suas lutas.
«Em muitas partes do país, actualmente, recorrer a um aborto é mais difícil do que na década de 1970».
Pickert referiu que «há menos médicos dispostos a realizar o procedimento e menos clínicas abortistas no negócio».
«Os activistas pro-choice (abortistas) foram ultrapassados por os seus adversários pró-vidas, que pressionaram com sucesso obtendo regulações estatais que limitam o acesso» ao aborto, acrescentou.
«Muitos estados pedem actualmente que as mulheres passem por aconselhamento, períodos de espera ou ultra-sons antes de se submeterem a abortos», referiu.
Para a jornalista americana, «a causa pró-vida está ganhando a guerra do aborto, em parte, porque utiliza uma estratégia organizada e bem executada».
Além disso, reconheceu, «a opinião pública está crescentemente» do lado pró-vida.
«Graças ao ultra-sons pré-natal e aos avanços da neonatologia, os americanos podem agora saber como se vê um feto e que os bebés nascidos tão prematuramente como às 24 semanas agora podem sobreviver», afirmou Pickert.
A jornalista da Times disse que «apesar de três quartos dos americanos acreditarem que o aborto deveria ser legal em alguns ou todos os casos, a maioria apoia leis estatais que regulem o procedimento, e cada vez menos se identificam como ‘pro-choice’ nas pesquisas de opinião pública».
Pickert também retratou a divisão geracional que destrói por dentro a causa abortista, pois «os jovens activistas do direito ao aborto reclamam que as líderes das organizações feministas», que tinham 20 ou 30 anos quando se legalizou o aborto nos Estados Unidos, «não estão dispostas a passar a tocha às novas gerações».
Entretanto, para Kate Pickert, um dos principais motivos da derrota dos promotores do aborto é que «numa democracia dinâmica como a dos Estados Unidos, defender o status quo é sempre mais difícil do que lutar para mudá-lo».
Uma das expressões mais claras do avanço da causa pró-vida nos Estados Unidos é a multitudinária marcha nacional pela defesa da vida que mobilizam centenas de milhares de pessoas, com frequência ignoradas pelos média, todos os anos em Janeiro, no aniversário da sentença de Roe vs. Wade.
A última marcha, em 2012, reuniu mais de 400 mil pessoas que durante várias horas suportaram frio intenso, neblina e até chuva enquanto percorriam as principais ruas da capital Americana até à sede do Capitólio.
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