terça-feira, 18 de junho de 2013

As boas novas da Turquia


Daniel Pipes (Resumo)
Como interpretar os recentes distúrbios nas ruas de Istambul e noutras 65 cidades turcas? Especificamente, será que esses distúrbios são comparáveis aos levantamentos árabes que vem ocorrendo há dois anos e meio para cá na Tunísia, Líbia, Egito, Síria, Iémen e Bahrein?

Até certo ponto, parece que não há relação, dado que a Turquia é um país bem mais adiantado, usufruindo de uma cultura democrática e uma economia moderna. Mas duas conexões as une: a autocracia e a Síria.
Os turcos divertem-se retratando o Primeiro
Ministro Erdoğan como governante Otomano

A rebelião não surgiu do nada. As tendências ditatoriais do Primeiro Ministro Recep Tayyip Erdoðan preocupavam os turcos mais do que as suas aspirações islâmicas: um «califa informal» e «engenheiro social chefe eleito da Turquia».

Existe uma longa lista de sintomas autoritários sob o domínio do Partido da Justiça e do Desenvolvimento (AKP de Erdoðan) há uma década no poder: supressão da oposição política, capitalismo de compadrio, manipulação judiciária, detenções injustas, julgamentos de fachada e desrespeito à independência dos poderes.
O que começou como uma contestação localizada sobre a remoção de um pequeno parque na Praça Taksim, no coração de Istambul, rapidamente se transformou numa resistência nacional.

A violenta repressão da polícia provocou já 2300 feridos e duas mortes.

Segundo Erdoðan, uma mesquita será construída em Taksim.

Abdullah Gül, presidente da Turquia e rival de Erdoðan, adoptou uma postura totalmente diferente em relação às manifestações. «Democracia não significa apenas eleições», disse ele. Ao distanciar-se do primeiro ministro, Gül agravou o isolamento de Erdoðan.
Fãs obstinados de clubes de futebol, de torcidas rivais,
fazem o impensável e juntam forças contra Erdoğan.
Parece que a década de tranquilidade eleitoral, estabilidade política e abundantes investimentos externos chegou ao seu termo e uma era nova, mais difícil, começou para o governo do AKP. Os partidos moribundos da oposição talvez possam reerguer-se. Os secularistas poderiam explorar a insatisfação generalizada com facilidade para forçar os cidadãos a tornarem-se moralmente mais correctos segundo a visão islâmica.

Embora seja uma democracia, o governo AKP encarcerou mais jornalistas que qualquer outro país no mundo. Embora secular, impôs, com crescente insistência, diferentes variações de regulamentações islamistas, incluindo a apressada limitação de bebidas alcoólicas, bem como advertências contra exibições de afecto em público.

Mesmo sendo membro da Organização do Tratado do Atlântico Norte, a Turquia participou em manobras aéreas conjuntas com a China em 2010. Apesar de ser candidata a fazer parte da União Europeia, coopera por debaixo da mesa com a Organização de Cooperação de Xangai, fundada em 1996 pelos líderes chineses e russos como agrupamento anti-OTAN. Embora seja supostamente aliada dos EUA, a Turquia enalteceu o Hamas, organização listada como terrorista.
A polícia de Erdoğan mostrando aos manifestantes pacíficos, quem manda.






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