(Artigo de opinião https://odogmadafe.wordpress.com/), 2 de Março de 2017
Veja no Youtube – Carnaval de Viareggio 2017 – Ale Dpl
Este ano, o famoso desfile de Carnaval de Viareggio, em Itália, caricaturou o Santo Padre como um líder revolucionário de esquerda. O seu andor alegórico denominava-se Che GuePapa e ostentava uma imagem de um simpático Papa, sorridente, com o punho esquerdo erguido e cerrado. A «foice e martelo» comunistas erguiam a sua férula, em vez de um crucifixo, e o solidéu papal foi substituído por uma boina semelhante à do mítico guerreiro marxista Che Guevara.
À volta da imagem do Pontífice romano, no mesmo andor, foram colocados quatro anjinhos, cujas cabeças representavam antigos líderes históricos marxistas, nomeadamente, Mao Tse Tung, Fidel Castro, Vladimir Lenin e o próprio Karl Marx.
Apesar de se tratar de uma mera paródia de Carnaval, onde as grandes figuras públicas são sempre satirizadas, acaba por ser um motivo de reflexão para os cristãos. Que tipo de mensagens tem recebido a opinião pública do actual bispo de Roma para o caricaturar desta maneira?
O Che GuePapa acaba por representar a imagem do Papa Francisco conforme ela é percebida por uma grande parte da opinião pública. É uma caricatura amistosa que, sem deixar de ser completamente anti-católica, realça a aprazibilidade do líder católico que lhe tem valido uma grande empatia popular. Não representa um guerreiro hostil e violento, como foram os grandes líderes revolucionários marxistas, mas antes um líder comunista benevolente e sorridente.
Esta imagem socialmente construída e politizada do Santo Padre não surpreende e até converge com algumas opiniões jornalísticas de referência mundial.
The Wall Street Journal, 22/12/2016 |
Relativamente à edição do The Wall Street Journal de Dezembro do ano passado, a página católica Sensus Fidei publicou, na altura, uma excelente análise crítica que vale a pena ler.
Os pontífices anteriores eram socialmente hostilizados nas caricaturas pela sua resistência às tendências mundanas. Agora as caricaturas são amistosas para com o Papa, mas colocam-no como promotor dessas mesmas tendências anti-católicas. Existe aqui um exagero satírico, é evidente, mas onde é que ele se fundamenta?
Tudo isto é um sinal de que o discurso papal mudou consideravelmente, na forma e no conteúdo, relativamente aos pontífices anteriores e os resultados estão à vista, não só nos desfiles de Carnaval, mas um pouco por todo o lado.
Talvez esteja na altura de o Santo Padre começar a ensinar a doutrina católica da forma como ela é verdadeiramente, simples e clara. Para isso terá de começar a esclarecer urgentemente – não apenas cinco mas – todos os «dúbia» que cria diariamente na opinião pública. Entre estes, o actual Papa, à semelhança dos anteriores, deve condenar vigorosamente o comunismo e todas as ideologias de esquerda que lhe estão associadas. O comunismo não é compatível com o ensinamento cristão.
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