segunda-feira, 17 de abril de 2017

Revelada tentativa russa de assassinar o primeiro-ministro de Montenegro


Nemanja Ristic, um dos conspiradores,
fotografado perto do ministro do exterior russo
Sergei Lavrov em visita à Sérvia

Luis Dufaur, Instituto Plinio Corrêa de Oliveira, 31 de Março de 2017

O governo russo teria montado um atentado para assassinar o primeiro-ministro de Montenegro, Milo Djukanovic, revelou «The Daily Telegraph», citando fontes do Foreign Office.

Os dados da investigação foram revelados com detalhes
em Fevereiro (2017).

Moscovo teria excogitado um golpe contra o Parlamento na véspera do ingresso do pequeno país na NATO.

Para o ministro russo das relações exteriores Sergei Lavrov, a culpada pelas tensões é a NATO que, segundo ele, é uma «instituição da Guerra Fria» cujo expansionismo estaria forjando níveis de tensão sem precedentes na Europa nos últimos 30 anos. A Rússia seria inteiramente inocente.

O crime deveria ter sido perpetrado em 16 de Outubro de 2016, mas fracassou quando um dos assassinos contratados, o ex-polícia montenegrino Mirko Velimirovic, se arrependeu e denunciou a trama poucas horas antes da sua realização.

Dois agentes da inteligência militar russa, Eduard Shirokov e Vladimir Popov, estão a ser procurados pela Interpol.

Eles teriam recrutado uma rede de nacionalistas sérvios capitaneados por Aleksandar Sindjelic, implicado em operações separatistas na Ucrânia, para executar um maquiavélico e sanguinário crime colectivo. O governo russo teria montado um atentado para assassinar o primeiro-ministro de Montenegro, Milo Djukanovic, revelou «The Daily Telegraph», citando fontes do Foreign Office.

Um dos nacionalistas sérvios pró-Putin
que estaria envolvido no falido putsch
Segundo o polícia arrependido, o plano consistia em se infiltrarem numa manifestação da oposição, a Frente Democrática, e incitar a multidão a invadir o Parlamento.

Vários nacionalistas sérvios vestidos com uniformes da polícia de Montenegro iriam disparar contra o povo exaltado com as suas espingardas de assalto.

O mata-mata serviria de biombo e pretexto do crime planejado: os conspiradores a mando da Rússia tinham a missão de «não só capturar, mas acabar com a vida» do primeiro-ministro pró-ocidental Milo Djukanovic. Assim ficou registrado no depoimento oficial do agente arrependido.

Mais de 20 pessoas foram presas acusadas de terrorismo e «preparação de actos contra a ordem constitucional de Montenegro».

A intervenção da Rússia nos países da antiga esfera de influência de Moscovo com a cumplicidade de simpatizantes putinistas vem-se tornando habitual e causa grave preocupação no Ocidente.

O ministro da Defesa montenegrino Predrag Bosković, disse que «não há dúvida alguma» de que o golpe foi montado por oficiais da inteligência da Rússia associados com activistas nacionalistas locais.

Obviamente o putinismo irreflectido desses nacionalistas favoreceu a trama.

O primeiro-ministro de Montenegro
Milo Djukanovic escapou por pouco
de atentado mortal planejado em Moscovo
Um dos conspiradores, de nome Nemanja Ristic, fora pouco antes fotografado perto do ministro do exterior russo Sergei Lavrov em visita à Sérvia.

Moscovo vinha tentando intimidar o Montenegro para abandonar o plano de ingresso na NATO.

Também o Kremlin vinha investindo milhões de libras esterlinas para financiar a vitória eleitoral de um partido nacionalista pró-russo que faz a apologia das posições de Moscovo contra um suposto conluio mundialista globalista ocidental, capitalista e pró-americano.

O primeiro ministro Milo Djukanovic acabou por ser substituído por Filip Vujanovic, do mesmo partido. Mas o golpe demonstra «a mudança substancial do Kremlin visando interferir nos países da Europa» que se inclinam para a democracia, explicou o ministro da Defesa britânico Michael Fallon.

Montenegro tem apenas 600 000 habitantes e obteve a independência da Sérvia em 2006, candidatando-se logo para ingressar na NATO e na União Europeia e obter assim um guarda-chuva protector em face da vingativa política
de Vladimir Putin.

O pequeno país possui quase 300 quilómetros de costa no Adriático de alto valor estratégico.

O quebra-cabeça dos Bálcãs voltou a assombrar as relações europeias, patenteando a inescrupulosa actividade dos serviços secretos russos que estão a recuperar o protagonismo do tempo da URSS.





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