sexta-feira, 16 de novembro de 2012

ARISTIDES DE SOUSA MENDES:
AS ORIGENS DO MITO. PARTE II


João Brandão Ferreira

A «ressurreição» da figura de Aristides de Sousa Mendes (ASM), do modo como tem sido feita parece indiciar servir os propósitos dos interesses judaicos no mundo, quiçá, também dos ideais sionistas. Convém alertar os leitores para isto pois uns e outros não são a mesma coisa.
Seria interessante conhecer melhor, eventuais ligações destes interesses com quem tem escrito sobre este assunto.

A elevação da acção de ASM, permite contribuir para a imagem do povo judaico no mundo – vitimizando – garantindo em simultâneo uma condenação de quem os perseguiu ao longo dos tempos. ASM encaixa bem nisto: tem origem numa zona do país com elevada percentagem de sangue judaico, quando a Inquisição espanhola a mando dos Reis Católicos expulsou os Judeus, cerca de 50.000 fixaram-se na faixa de cerca de 80 Km do território português entre Bragança e Castelo de Vide (tendo sido bem recebidos por D. João II); ASM tinha ascendência judaica e apesar de ser católico e conservador tal não apagava os seus ascendentes «Cristãos Novos».

Mais, a sua protecção aos refugiados judeus, provava até que estas reminiscências estavam bem vivas; a quadratura do círculo fechava-se, então, no auxílio que a comunidade israelita em Portugal prestou a ASM, nas vicissitudes por que passou desde que deixou a diplomacia; a sua acção, por ser à revelia do Estado Português, era a cereja em cima do bolo, já que este mesmo Estado foi sagrado inimigo da «nação» judaica desde o século XVI, por via da expulsão decretada por D. Manuel I a quem não se quisesse converter e subsequente perseguição pelo Tribunal do Santo Ofício, instaurado por D. João III.
 
Finalmente, ASM pode ser elevado a «wallenstein» [1] português, contribuindo para alimentar a «indústria do Holocausto» que tem o seu expoente maior nas bandas de Hollywood.
 
A criação de uma eventual cabala contra Portugal (como se tentou a propósito do ouro nazi) devia ser objecto de preocupação dos serviços de informação, sempre pressurosos, aliás, na vigilância de patriotas e nacionalistas…

Os descendentes familiares de ASM têm mantido uma postura prudente sobre tudo o que tem sido agitado a propósito do seu antepassado. Existem apenas eventuais interesses em restaurar o antigo palácio/residência familiar de antanho (há quem queira lá fazer um museu) e apenas existe conhecimento de deslocações de um dos filhos a Israel, o que à partida nada de conclusivo significa.

Sabe-se que muitos vistos para judeus foram obtidos em vários países, a troco de valores.
 
Nenhuma suspeita de caso semelhante existe sobre a figura de ASM. Por isso, se ele passou vistos por dever de consciência, assumindo as consequências do acto, merece o nosso respeito, devendo-lhe ser reconhecido esse mérito. Mas tal não deve implicar nenhum ónus para as autoridades de então que se limitaram ao exercício das competências consignadas na lei, a fim de garantir o normal funcionamento dos serviços.

Promover ASM a um dos 10 melhores portugueses da nossa História é que me parece, digamos, curto e insensato.

Com pessoas destas eu vivo «com gosto num Portugal independente», como aduz JMJ [2]. Já não vivo tão bem é com figuras que se aproveitam de casos destes para torcerem o fio da História e servirem interesses ínvios.

E se considera tanto o valor humanitário de passar vistos a refugiados lembra-se que na altura (1940-41), raras eram as pessoas no mundo que tinham conhecimento dos campos de extermínio nazis (e já há muito que havia os «goulags» na URSS!),é surpreendente que se tenha endeusado ASM e ignorado os restantes colegas diplomatas que também passaram vistos!
 
Percebe-se que Álvaro Cunhal – que sempre se comportou como um agente de uma potência estrangeira – apareça entre os 10 portugueses mais votados: é, porventura, a máquina do PC a funcionar – o que, a ser assim, não abona muito à isenção intelectual e moral dos militantes.
 
Agora, como ASM consegue um número de votos que o põem a par de Afonso Henriques, Vasco da Gama e Camões é que permanece área de investigação para sociólogos e politólogos...
 
O objectivo está no entanto alcançado. E o Dr. JMJ, dado ultimamente a originalidades frustes, nem se terá apercebido de nada. 

[1] Diplomata sueco que salvou milhares de judeus durante a II GM e que acabou desaparecido em mãos soviéticas.

[2] José Miguel Júdice, artigo “o voto num justo”, Público de 1971/07.

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