Plinio Corrêa de Oliveira
O ecumenismo, com a infatigável e vã tagarelagem do seu diálogo, é bem a religião dos mediocratas. Uma espécie de seguro, ou de resseguro, para a vida e para a morte, mediante a qual todas as religiões são solicitadas a dizer em coro que indiferentemente, com qualquer delas, os homens podem alcançar para a sua saúde, os seus negócinhos e a sua segurança, e mesmo depois da morte um bom convívio com Deus.
«O ecumenismo, com a infatigável e vã tagarelagem do seu diálogo, é bem a religião dos mediocratas.» |
A mediocridade é o mal dos que, inteiramente absorvidos nas delícias da preguiça e pela exclusiva deleitação do que está ao alcance da mão, pelo inteiro confinamento no imediato, fazem da estagnação a condição normal das suas existências. Não olham para trás: falta-lhes o senso histórico. Nem olham para frente, ou para cima: não analisam nem prevêem. Têm preguiça de abstrair, de alinhar silogismos, de tirar conclusões, de arquitectar conjecturas. A sua vida mental resume-se na sensação do imediato. A abastança do dia, a poltrona agradável, os chinelos e a televisão: não vai além do seu pequeno paraíso.
Paraíso precário, que procuram proteger com toda a espécie de seguros: de vida, de saúde, contra o fogo, contra acidentes, etc…, etc…
E tanto mais feliz o medíocre se sente, quanto mais nota que todas as portas que se podem abrir para a aventura, para o risco, para o esplendoroso – e portanto, também, para os céus da Fé, para os largos horizontes da abstração, os imensos vôos da lógica e da arte, para a grandeza da alma, para o heroísmo – estão solidamente fechadas. Por meio do sufrágio universal, os medíocres fizeram tantas leis, tantos regulamentos, instituíram tantas repartições públicas, que nenhuma fuga das almas superiores, para fora dos cubículos dessa mediocridade organizada, é possível. Sem terem a intenção de o fazer, os medíocres impõem, entretanto, às almas de largos horizontes, a ditadura da mediocridade.
Como todas as ditaduras, também esta só se prolonga quando chega a monopolizar os meios de comunicação social. Cada vez mais as mediocracias vão penetrando nos jornais, no magazine, no rádio e na televisão.
E se fosse só isso! O ecumenismo, com a infatigável e vã tagarelagem do seu diálogo, é bem a religião dos mediocratas. Uma espécie de seguro, ou de resseguro, para a vida e para a morte, mediante a qual todas as religiões são solicitadas a dizer em coro que indiferentemente, com qualquer delas, os homens podem alcançar para a sua saúde, os seus negociozinhos e a sua segurança, e mesmo depois da morte um bom convívio com Deus.
Nesta perspectiva, parece que a Deus é indiferente que se siga qualquer religião. Pode-se até blasfemar contra Ele e perseguí-Lo. Pode-se até negá-Lo. Ele é indiferente a todos os actos dos homens. Olimpicamente indiferente. Ecumenicamente indiferente. Como aliás os medíocres, por sua vez, tenham eles ou não algum Crucifixo, algum Buda de louça ou de cerâmica, ou algum amuleto, nos locais em que dormem ou em que trabalham, são olimpicamente indiferentes a Deus.
Na atmosfera relativista dos paraísos cubiculares mediocráticos, Deus é – segundo o adágio italiano – um ente «con il quale o senza il quale, il mondo va tale quale».
Nesta perspectiva também, Deus pagaria aos homens na mesma moeda. Poder-se-ia então dizer que a humanidade é, para Ele, o formigueiro (ou nó de víboras?) «con il quale o senza il quale, Iddio (o Senhor Deus) va tale quale».
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