Heduíno Gomes
D. João II, através de navegações secretas, havia ficado a conhecer a
geografia e verificou que o Tratado de Alcáçovas não nos convinha nada...Então,
para convencer os reis de Espanha a aceitar o Tratado de Tordesilhas, precisava
de fazê-los acreditar que poderiam chegar à Índia navegando para Ocidente.
Tratou pois de enviar o seu primo Salvador Fernandes Zarco como espião
junto dos reis de Espanha, e montar assim a primeira grande operação de
desinformação à escala global que deixa os especialistas do KGB a léguas de
distância...
Salvador Fernandes Zarco era filho de D. Isabel Perestrelo (filha do
descobridor da Madeira) e de D. Fernando, Duque de Beja (este era irmão de D.
Afonso V, e tio de D. João II, e pai da Rainha D. Leonor e do D. Manuel I).
Portanto, Salvador Fernandes Zarco era primo de D. João II e meio-irmão da
Rainha D. Leonor e do D. Manuel I.
Então lá vai o Salvador a caminho da corte de Espanha, com as tábuas de
Abraão Zacuto no bolso (informação científica altamente secreta que D. João II
lhe deu para se orientar correctamente no Atlântico), dizendo ser genovês e
chamar-se Cristovão Colon e a vender a ideia de chegar à Índia navegando para
Ocidente...
Os reis de Espanha embarcaram na patranha e promoveram a viagem.
Salvador Fernandes Zarco regressou da América dizendo que tinha chegado à Índia
(é por isso que hoje os índios assim se chamam...) e os reis de Espanha
prontificaram-se a assinar o Tratado de Tordesilhas. E assim estariam a enganar
um dos nossos maiores de todos os tempos, D. João II... Ah, ah!
Um pormenor interessante. O papa, como mediador
na contenda, propôs como linha divisória o meridiano de Cabo Verde. Mas D. João
II, que conhecia a geografia e queria sacar o Brasil sem perder o Oriente,
exigiu que o meridiano passasse a 370 léguas mais para Oeste... 370! Não eram
300 nem 400!
Nas suas andanças por aquelas bandas da América central, Salvador
Fernandes Zarco foi dando como nomes àquelas terras os nomes da sua região
natal. Ele nasceu em Faro, pequena aldeia perto da Cuba, no Baixo-Alentejo, a 5
km desta e a 18 km de Beja. Aquela ilha levou com o nome de Cuba e
um dos seus locais o nome de Faro.
Eis porque o Castro é de Cuba — e não da Cuba.
Sem comentários:
Enviar um comentário