Plinio Corrêa de
Oliveira, 25 de Julho de
2017
Sair da
prisão e viver em liberdade
Os media vêm
tratando das dificuldades que há em passar da economia comunista para a
economia privada nos países que estavam submetidos à tirania da URSS. Como o
público comum não está habituado aos assuntos económicos, não entende qual é a
razão de tais dificuldades. Porque a volta à normalidade traz um pouco de
incómodo, mas pode-se, em pouco tempo e com algum esforço retornar a ela, e a
vida continua.
Não me levem a mal o prosaísmo da
comparação que vou fazer. Quando eu era menino, viajava-se muito de comboio e
pouco de automóvel. Quando se chegava a uma estação, via mercadorias serem
retiradas do vagão das cargas. Muitas vezes observava descerem jacás com
galinhas — eram uns cestos grandes que se usava para transportá-las.
Depois, as galinhas às vezes eram
levadas para minha casa e soltas no galinheiro. De vez em quando ia observar o
galinheiro. De maneira que ainda conservo a noção das reacções das galinhas
saídas do jacá para o período da normalidade dentro do galinheiro. Eu seria
capaz, se soubesse desenhar, de traçar o itinerário delas presas no jacá, e
depois, colocadas em liberdade.
Em suma:
primeiramente a galinha sentia-se livre e olhava um pouco à sua volta,
sentindo-se a si própria. Depois, percebia que era possível voltar à
normalidade e começava meio a andar desajeitadamente. Em pouco tempo, estava a
andar mais depressa e começava a agressão aos vermes para matar a fome. A
galinha é anti-ecológica… Em seguida, percebia onde estava a água e bebia,
fazendo — não sei por que fenómeno de deglutição — um gesto enérgico com a
cabeça. Por fim, saía a andar normalmente. Tinha escapado ao regime de prisão e
voltado para o regime de liberdade.
Porque é que a
economia de um país não se faz mais ou menos da mesma maneira? Em última
análise, para se avaliar esse assunto sob um aspecto mais sério, exemplifico
com a Hungria. O país esteve dominado pelo regime comunista durante muito tempo
e, em certo momento, começou a liberalizar a economia. Em alguns anos, a
economia húngara estava restituída à normalidade. Não foi necessário escrever
longos artigos com estatísticas… Foi a marcha natural, como a da galinha
retirada da prisão. Assim, também se pode dizer com a economia que sai do
regime socialista.
Não compreendo porque é que noutros
países que integravam a antiga URSS não se faz o mesmo. Os jornais apresentam
tais complicações funambulescas para a normalização da economia, que se fica
sem saber se vão encontrar solução. Parece-me que isso representa um desejo dos
comunistas de apresentar alguma outra nova fórmula velhaca que represente um
comunismo transformado de verme em libélula. Uma metamorfose do comunismo a fim
de enganar os ingénuos…
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