sábado, 12 de dezembro de 2009

Pedro Passos Coelho,
o modernaço do Restelo

Heduíno Gomes
O Pedro Passos Coelho já deve ter apanhado a reforma Veiga Simão & continuadores e não estudou Os Lusíadas. Digo estudar pois, naquele tenebroso tempo do ensino salazarista, as pobres crianças (como agora são designados oficialmente os matulões e matulonas até aos 18 anos) tinham de estudar, no 2.º ciclo do liceu, de algumas obras dos clássicos portugueses, a interpretação do texto, a morfologia, a sintaxe e até a etimologia das palavras e sua evolução, passo a passo, para o português, com os nomes dos respectivos fenómenos. Que tirania fascista!

Mas o PPC, tal como o Cavaco – este, coitado, por outra razão –, não estudou Os Lusíadas. Ou, se os estudou, não percebeu o que representava o velho do Restelo – o que é natural dada a sua refinada profundidade intelectual. E então, vai daí, aplica a expressão fora do sentido, aquele com que Camões representa na sua obra um pessimismo de quem não acredita na empresa dos descobrimentos e se lamenta das tragédias marítimas que tal esforço acarreta (obrigado, Dr. Sales, pelas aulas no ano de 1958-1959, no 5.º ano liceal, no Nun'Álvares de Tomar!). A imagem literária do velho do Restelo passou a representar o pessimismo. E só isso. Alguns analistas literários afogados em ideologia marxista, já com muito materialismo dialéctico a ajudar, pretendem frequentemente colocar como sinónimo do pessimismo aquilo a que chamam conservadorismo e reaccionarismo... A dialéctica liga tudo...



Pretendendo botar figura com conhecimentos literários que não possui, como qualquer papagaio que repete frases feitas sem conhecer o seu sentido, em entrevista ao Jornal de Notícias (6.12.2009), PPC fala de velhos do Restelo no sentido de simplesmente velhos, para designar aqueles que estão há mais tempo do que ele na chefia do PSD. E ele, em oposição, representando a nova geração. Velhos contra novos – é isso que ele quer utilizar para recrutar na jota e recentemente reformados da jota.
Quando faleceu, em plena actividade, com 66 anos, considerando a esperança de vida na época, seria o Infante «velho do Restelo»? Lá velho era. Mas «do Restelo»...
E se Camões, em vez de no velho do Restelo, tem personificado a imagem de pessimismo numa outra personagem, como, por exemplo, no puto (pessimista) do Restelo ou no JSD (pessimista) do Restelo? É que podia!
PPC ignora que o que identifica o sentido (que é de pessimismo) da expressão é o lugar (o Restelo) onde o pessimista se encontrava e pregava, de onde partiam as caravelas, e não o ser velho. Que confusão vai naquela cabecinha! Temos em PPC mais um candidato a Cavaco com os seus nove cantos d'Os Lusíadas e a bronca da recitação da sua primeira estrofe (VER AQUI). Ou candidato a Santana Lopes com os violinos do Chopin. Tudo gente apta para dirigir decentemente uma nação. 
O que faz não ter tido o Dr. Sales ou outro equivalente como professor de português e não ter seguido o programa «fascista» do ensino liceal! (Como diria o PPC, estou mesmo um «velho do Restelo».)
Adiante. PPC pensa que representa todos os novos. Mas não. Nem toda a juventude está podre. PPC representa bem é aquela parte decadente das novas e das velhas gerações, os ignorantes e rascas de todas as gerações! Ele representa tanto a «geração» PPC como a «geração» de qualquer velho a favor dos «casamentos» de pederastas e de fufas.
Não desanimem os seus seguidores pois em relação à adopção de crianças por esses «casais», o modernaço do Restelo tinha dúvidas. Pode ser que evolua neste ponto crucial para a igualdade plena de direitos entre os «géneros»...

1 comentário:

Anónimo disse...

Não é de admirar que o PPC profira declarações deste jaez. Não foi ele que, para armar em "intelectual" e "muito culto", se declarou admirador da "Fenomenologia do Ser", do Sartre ? Uma obra que, para azar do nosso "modernaço", o Sartre nunca escreveu !