segunda-feira, 7 de junho de 2010

Mourinho, Portugal e o Real Madrid


Heduíno Gomes

Na sequência do artigo de L. Marques
( http://maislusitania.blogspot.com/2010/05/mourinho-e-deus.html ), tenho ainda uma coisa a acrescentar de bom a Mourinho: trata mal muitos jornalistas, que, na sua maioria, bem merecem. Mas ocorrem-me algumas ideias politico-futebolísticas, para mim mais importantes do que vitórias e guerras fúteis.
Em relação ao torcer por Mourinho por representar Portugal, para mim também não há dúvidas.
Contudo, vai agora colocar-se um grande problema: no Real Madrid, é verdade que representa Portugal mas também é verdade que o reforço deste clube castelhano-iberista tem aproveitamento político no contexto do Estado espanhol, e, por tabela, no contexto ibérico. Portanto, as vitórias de Mourinho podem contribuir agora para reforçar psicologicamente Madrid como centro daquilo a que se chama Espanha.
Quem tem dúvidas sobre esses aproveitamentos políticos, passados mas também presentes, que se informe sobre as manobras franquistas para fanar Di Stefano ao Barça, em 1953, e as suas motivações políticas, envolvendo pessoalmente Franco e o Ministro dos Desportos franquista, o general Moscardo.
Ora, o que eu mais desejo – porque convém a Portugal – é que o Estado espanhol se desfaça, coisa que, aliás, está a ser tratada por catalães, bascos, andaluzes e os nossos irmãos – não nuestros hermanos – galegos. Basta acabar a monarquia – que também há quem prepare – e o apito da desintegração se ouvirá.
Por isso, futebolisticamente falando, viva o Barça, viva o Corunha, vivam todos, excepto o castelhano-iberista!
Concretamente, desejo sempre ao Real Madrid os maiores investimentos financeiros, os maiores défices financeiros e as maiores derrotas em todos os campeonatos.
E o nosso Ronaldo? Que meta sempre golos mas que o adversário meta sempre pelo menos mais um do que o clube castelhano-iberista.
Relativamente ao Mourinho, esgotou-se, quanto a mim, o seu estado patriótico. Que mude de clube estrangeiro e voltará a ter o meu apoio como português.
Sei que há gente que vê apenas a bola a bater no poste ou a entrar na baliza e que acha tudo isto um exagero. Porém, não é o meu caso.





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