Luciano Alvarez
PS reabre polémica de Olivença por causa da Guerra das Laranjas
O alcaide de
Olivença resolveu festejar da anexação do território há 211 anos. O PS não
gostou e tenta impedir a festa. A polémica está aberta entre autarquias dos
dois países.
Em 1801 Espanha
anexou Olivença ao seu território, retirando aquelas terras a Portugal. Por
esses anos a polémica foi muita. Embora a questão nunca tenha sido resolvida, a
contenda esfumou-se com o passar do tempo. Agora, o PS volta a trazer a polémica
à tona da água.
A culpa, dizem seis
deputados socialistas, alguns deles ilustres, é do novo alcaide de Olivença
(presidente da autarquia local), Bernardino Píris (Partido Popular), que
resolveu comemorar a Guerra das Laranjas de 1801, facto que recorda a batalha
que levou à anexação nunca reconhecida internacionalmente, nem resolvida entre
Portugal e Espanha.
Por isso, os
deputados socialistas Maria de Belém Roseira, Alberto Martins, Basílio Horta,
Paulo Pisco, Laurentino Dias e Gabriela Canavilhas pediram ao Governo português
que impeça o que chamam de mega produção.
A questão de
Olivença é delicada «e tem-se revestido de cuidados especiais, de forma a
evitar ferir susceptibilidades históricas e nacionais», diz a nota que os
deputados do PS enviaram a Paulo Portas, Ministro dos Negócios Estrangeiros,
para que a festa não seja realizada.
«Acontece, no
entanto, que após as últimas eleições autárquicas em Espanha, realizadas em
Maio de 2011, o Ayuntamento de Olivença passou a ser dirigido pelo Partido
Popular, tendo o novo executivo decidido realizar em Junho próximo uma
megaprodução que consiste na reconstituição da Guerra das Laranjas, facto
histórico que ocorreu em 1801, e que assinala a anexação de Olivença por parte
de Espanha», salienta a nota.
Este facto,
acrescentou o deputado Paulo Pisco, «chega a parecer esquizofrénico», porque o
que o alcaide está a fazer «é celebrar a derrota dos oliventinos» que foram
anexados pelos espanhóis.
Para Pisco trata-se
de «sensibilizar por meios diplomáticos» para que a festa não se realize, de
forma a não «ferir susceptibilidades» nos dois lados da fronteira. Assim,
perguntam a Paulo Portas se «tem conhecimento» destes planos e se considera ou
não esta celebração «inadequada, dado que Portugal não reconhece a soberania de
Espanha sobre Olivença». Perguntam ainda se pondera «intervir, pelo menos
diplomaticamente, para que tal reconstituição não se produza».
«Potencial ofensivo»
«Trata-se de
celebrar ao longo de 18 dias a derrota da população oliventina, sacrificando
questões de identidade histórica a objectivos de natureza turística. Nunca uma
evocação deste facto histórico tinha sido feita, precisamente para evitar ferir
susceptibilidades. O assunto tem sido muito polémico e tem suscitado muitas
críticas de vários sectores dos dois lados da fronteira, precisamente pelo
potencial ofensivo e de hostilidade que comporta relativamente a uma situação
clara à luz do Direito Internacional, mas 'de facto' que ainda não está
resolvida», diz ainda o longo texto socialista.
Recordam mesmo um
artigo de opinião escrito pelo antigo alcaide de Olivença no jornal Hoy em que
este afirma: “A comemoração teatral da Guerra das Laranjas é uma ofensa gratuita
que, tendo elevados custos sem trazer nada, cria um problema onde não existia”.
Paulo Pisco recusa a
ideia de que o PS esteja a reabrir uma polémica do tipo «Olivença é
nossa»: N«ão tem a ver com isso. Apenas pedimos que se respeite a
sensibilidade histórica de um assunto que não está resolvido.»
«Feira
luso-espanhola»
A polémica que agora
chega a Portugal já dura há quase três meses na região espanhola, especialmente
nas páginas do jornal local espanhol Hoy.
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