João José Brandão Ferreira
Na sua prédica domingueira, do passado dia 13 de Dezembro, o Prof. Marcelo Rebelo de Sousa (MRS), contemplou nas suas «escolhas» o meu mais recente livro Em Nome da Pátria. E neste acto de mostrar o livro é que a coisa passou a inusitada.
De facto MRS não se limitou a mostrar a capa do livro mas a tecer considerações que nunca o havíamos visto fazer a nenhuma das centenas de obras que já deu a conhecer.
De facto MRS não se limitou a mostrar a capa do livro mas a tecer considerações que nunca o havíamos visto fazer a nenhuma das centenas de obras que já deu a conhecer.
Pese embora a falta de equidade para com os restantes autores - um pecadilho para a sua qualidade de jurista - eu só teria a agradecer a distinção se ela não fosse eivada de descortesia. Estamos, pois, em face de uma discriminação negativa que exige algum contraditório.
Que disse então MRS? Basicamente três coisas: que não concordava com o conteúdo do livro; apelida o autor de «radical de direita» e que, apesar de tudo, o livro também «tem lugar aqui, isto é um programa pluralista».
MRS é livre de ter as opiniões que entender e também de as dar a conhecer ou guardar para si. Ao contrário do que fez, porém, relativamente à esmagadora maioria dos livros que exibe, deste quis dizer que não concorda, o problema sendo, que toda a gente ficou sem saber com o quê, dado não ter referido sequer do que é que o livro trata. Ou seja, é uma recusa literal da obra.
Afirmar que o seu programa é pluralista (era suposto não ser?), parece um pleonasmo. Eu julgava, mesmo sem ser matemático, que tal era um axioma, isto é, não carecia de demonstração. Assim passou a carecer...
Não, o que MRS, lá no seu íntimo, quis dizer aos espectadores era que o livro era tão (?), que estaria nas barbas do pluralismo...
Teria sido mais honesto e menos ínvio, ignorar o livro, que nada o obrigava a trazer à colação.
Mais grave se apresenta a adjectivação de «radical de direita».
Não quero maçar ninguém com os diferentes significados que tem o termo «radical». É incontroverso que ele foi aplicado na sua vertente política o que me classifica entre os adeptos do «radicalismo». Ora o radicalismo em ciência política é o sistema político que "pretende reformas absolutas e profundas na organização social". Não parecendo ser isto,também, o que MRS quis dizer - ele o desmentirá se for o caso -- só resta a hipótese do comentador me querer remeter para aquilo que a vox populi entende por radical, isto é, extremista, fundamentalista, etc. Foi ou não foi, Professor?
Quanto ao termo «direita» (dextra) estou certo, também, que MRS não quis atribuir-me o epiteto de «pessoa recta», mas sim colocar-me entre as forças políticas, que se sentam à direita do presidente do parlamento (o que tem origem na Revolução Francesa).
Ou seja, MRS quis rotular-me como estando na extrema do leque partidário da AR (que por caso acaba ao centro...).
Julgo, porém, menos apropriado, que um distinto professor universitário, e proclamado democrata, venha dizer na televisão de uma pessoa que ele não conhece, que não tem filiação partidária, e não está presente para se defender, que ele é «radical de direita». E substituindo com isso a critica ao livro com um anátema sobre o autor...
Será que o título do livro, que nem sequer pronunciou, lhe queima os lábios? Será que algo no conteúdo lhe faz doer, nalgum lado?
Alguma coisa será, de outro modo não me teria dispensado segundos preciosos do seu apertado tempo de antena.
Tudo somado e pela sua prestação, dou-lhe três valores, um por cada questão que levantou. Nos meus tempos de estudante, tal equivalia a um reprovativo «Mau».
14.12.2009
João José Brandão Ferreira
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