Heduíno Gomes
Dando bons ou maus conselhos – e alguns já deram
bons e outros maus –, as instituições internacionais não são as pessoas
(colectivas, na circunstância) mais indicadas para velar pelos interesses de
Portugal e dos Portugueses. Bem podem opinar...
Umas vezes essas instituições internacionais são
simplesmente compostas por indivíduos incompetentes, tecnocratas ou burocratas,
fora da realidade económica, social e política, indivíduos que na sua vida real
não deram uma para a caixa e que, por currículo académico livresco ou por artes
e magias, são guindados a esses altos postos internacionais. Portanto não nos
servem para conselheiros.
Outras vezes são indivíduos descaradamente
corruptos, ao serviço das agendas dos grandes interesses financeiros
especulativos mundiais. Portanto também não nos servem para conselheiros.
E outras vezes são apenas criados de governos
estrangeiros, quer directa e secretamente investidos nessa missão por esses
governos, quer através de órgãos internacionais dominados pelos referidos
interesses, como o FMI, a OCDE, o BCE, a actual União Europeia e outros.
Portanto também não nos servem para conselheiros.
A questão importante na discussão que se trava
sobre os conselhos da OCDE não é saber se o sujeito que deu a cara tem razão
nisto ou naquilo, se nos dá um ou outro bom conselho. Pode falar à vontade.
Pode dizer as asnidades que lhe vierem à cabeça. Pode defender os interesses
que quizer, coincidindo ou não com os interesses de Portugal. Devemos ouvi-los,
aprendendo ou sorrindo.
A questão importante é simples.
(1) A primeira questão importante é a independência
de Portugal para se governar a si próprio. A rejeição de toda e qualquer
política de subserviência perante o estrangeiro. Este espírito deve estar
presente mesmo na situação de crise e especialmente em negociações para
ultrapassá-la.
(2) A segunda questão importante é a competência e
seriedade de um governo verdadeiramente nacional para governar no interesse de
Portugal e dos Portugueses. O que significa varrer do espectro partidário os
protagonistas da desgraça a que se chegou.
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