Humberto Nuno Oliveira
O camaleónico Freitas do Amaral afirmou que «Se
a abstenção cresce não seria de estabelecer o voto obrigatório, pelo menos nas
legislativas?» apontando o voto obrigatório como uma solução que não
considera antidemocrática e que inverteria «o crescente desinteresse que os
cidadãos demonstram relativamente às decisões que definem o futuro do país»,
contribuindo «para aumentar a participação daqueles que se vão
afastando», aqueles que se encontram descontentes e que por aquela via
poderiam renovar o sistema político português.
Não consigo parar de me surpreender com esta gente
que agora vislumbra na imposição do voto obrigatório mais uma das
possibilidades de salvação da sua «democracia». Foram apenas precisos
quarenta anos (alguns menos que a «negra noite fascista») para que
os portugueses assistindo à sua decadência, à corrupção galopante, ao amiguismo
instalado e ao nojento tráfico de influências se esquecessem das maravilhosas
promessas e fantasias de Abril em que os charlatães do regime os fizeram
acreditar.
Claro que esta gente do sistema nunca estabelece a
ilação devida: os portugueses fartaram-se deles e do regime que eles
estabeleceram para se beneficiarem mais aos seus amigos desta podre república.
Vivendo em torres de marfim alheados da realidade, pensam que os portugueses
ainda não reparam que nenhum político do sistema os acompanha nas privações
quotidianas e que, para todos eles, há sempre um bom lugarzinho guardado numa
qualquer entidade onde se traficam influências e se ganham largos milhares,
quando ao cidadão comum se pedem sacrifícios que nunca chegam aos políticos, às
suas chafaricas e interesses. Mas caros senhores, já toda a gente o viu!
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